Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
“Não vejo a hora de essa eleição acabar” tem sido um refrão comum entre família e amigos nas últimas semanas.
Todos nós já estávamos cansados da retórica acalorada, dos assassinatos de caráter, das acusações e contra-acusações, muitas delas sem fundamento, que dominaram as ondas de rádio e inflamam as redes sociais. Agora que elegemos um novo presidente, metade do país está comemorando e celebrando a vitória, enquanto a outra metade sofre com o desânimo e a sensação de derrota.
E as chances são altas de que continuaremos, pelo menos no futuro próximo, sendo um povo profundamente e perigosamente dividido.
Durante suas campanhas, os candidatos aos altos cargos prometeram nos unir novamente, mas a verdade é que eles não têm o poder de fazer isso. Nenhum decreto presidencial ou ordem executiva pode remendar nosso tecido nacional tão desgastado.
Somente nós, o povo, possuímos esse poder, e agora parece ser o momento ideal para assumir esse trabalho de remendo e reparo. Podemos começar derrubando alguns ídolos com uma marreta.
Rejeitando falsos deuses
Este período pós-eleitoral nos convida a dar um passo atrás e examinar nossas crenças sobre questões políticas e seu lugar em nossas vidas. Nos últimos 50 anos, especialmente com o advento da internet, cada vez mais americanos parecem ser dominados pela política. Tudo, da ciência às artes, agora carrega a marca—alguns diriam o peso opressor—dessa obsessão.
O perigo aqui, de que a política se torne um deus, já se concretizou. Muitos americanos transformaram causas e crenças políticas em credos religiosos, criando um Moloque ciumento que exige o sacrifício de todos que negam sua justiça. Nossa irmã votou em alguém que não gostamos? Banimos ela e sua família das festividades de família. Um velho amigo trabalhou na campanha do outro lado? Cancelamos essa pessoa nas redes sociais e bloqueamos seu número. Em épocas anteriores, hereges eram queimados na fogueira. Hoje, declaramos essas pessoas intocáveis e as mandamos para o exílio.
E, ao fazer isso, murchamos nossas almas.
Se você rompe um relacionamento com seus pais apenas por uma diferença política, o que o separa do filho que denunciou seu pai às autoridades por fazer comentários depreciativos sobre Hitler, Stalin ou Mao? Se você corta todo contato com um amigo que votou em um candidato que você despreza, como isso avança a causa da liberdade de expressão e das diferenças de opinião, que são um marco da nossa república? Se você realmente preza alguém, está disposto a bani-lo de sua vida por suas opiniões sobre mudanças climáticas ou a guerra entre Israel e o Hamas?
Com exceção de extremistas—como defensores de terrorismo ou fanáticos políticos psicopatas e inquestionáveis—a política não vale o sacrifício de familiares e amigos. Discuta, debata, se quiser, as diferenças entre vocês, ou simplesmente concorde em discordar, mas não demonizem uns aos outros. Esse ato teimoso de orgulho arrogante e superioridade moral só o torna menor.
Moisés derreteu o bezerro de ouro e reduziu aquele ídolo a pó. Vamos fazer o mesmo com o ídolo da política.
Vizinhos ajudando vizinhos
Como morei por mais de 30 anos em Asheville, na Carolina do Norte, e arredores, acompanhei de perto as notícias sobre a horrível destruição que o furacão Helene infligiu àquelas montanhas e ao seu povo. Depois que os serviços de internet e eletricidade foram restaurados, também entrei em contato com vários familiares e amigos que moravam lá. A maioria saiu ilesa, com apenas árvores caídas em carros e casas, embora uma velha amiga quase tenha se afogado e perdido sua casa e tudo o que possuía nas enchentes.
De dentro daquela região e de todo o nosso país vieram milhares de voluntários e milhões de dólares em doações e suprimentos para ajudar os necessitados. Nem uma vez li um relato de um homem faminto sendo questionado “Em quem você está votando?” antes de receber comida. Nem uma vez ouvi falar de uma mãe com filhos que precisavam de abrigo sendo perguntada “Você é a favor de Harris ou Trump?” antes de receber uma cama e um teto sobre sua cabeça.
A tempestade matou pessoas e deixou um rastro de destruição que levará anos para ser reparado, mas o esforço de recuperação nos fornece um exemplo brilhante de vizinho ajudando vizinho. A humanidade comum venceu a ideologia, sem dúvida.
A lição é clara: coloque as pessoas acima da política.
Responsabilidade
Em 1787, o delegado de Maryland, James McHenry, escreveu que, ao término da Convenção Constitucional, “uma senhora perguntou ao Dr. Franklin: Bem, doutor, o que temos agora? Uma república ou uma monarquia? — Uma república, respondeu o doutor, se você conseguir mantê-la”.
A resposta breve de Franklin traz uma mensagem oculta: a sobrevivência de uma república depende da independência e da responsabilidade pessoal de seus cidadãos.
Nos últimos meses, como em outras temporadas eleitorais, os candidatos prometeram que, se eleitos, irão resolver os problemas mais quentes do momento—neste caso, inflação, imigração ilegal, aumento da criminalidade e declínio nas escolas. Ironia do destino, os problemas que juram solucionar por meio da governança foram, na verdade, gerados e alimentados pelo próprio governo.
Neste período pós-eleitoral, vamos abandonar nosso velho hábito de esperar por um governo paternalista para nos ajudar e resolver nossos problemas. Os americanos possuem uma orgulhosa herança de “faça você mesmo” ao superar obstáculos, e esse espírito, embora enfraquecido, ainda vive hoje. Na Carolina do Norte, por exemplo, quando o furacão Helene destruiu um trecho de 4,3 km de estrada entre Bat Cave e Chimney Rock, o Departamento de Transportes do estado e o Corpo de Engenheiros do Exército prometeram enviar topógrafos para avaliar os danos. As estimativas iniciais indicavam que seriam necessários meses de trabalho para reabrir a estrada. Em vez disso, um grupo de mineiros de carvão da Virgínia Ocidental, todos voluntários, usaram seus equipamentos pesados e, em menos de uma semana, tornaram a estrada transitável.
Quando esperamos que políticos e burocratas nos salvem ou resolvam todos os nossos problemas, estamos apenas entregando mais poder a eles. Em vez disso, sigamos o exemplo de nossos antepassados, assumamos a responsabilidade por nós mesmos e nossas ações, e ajamos de acordo.
Caridade Cívica
Em seu artigo de 2021 chamado “A mensagem dos fundadores sobre unidade e caridade cívica é mais relevante do que nunca”, escreveu o então presidente da Ordem dos Advogados Federal, W. West Allen:
“Thomas Jefferson nos ensinou durante seus dias de grande divisão política que devemos ‘unir-nos com um só coração e uma só mente [e] restaurar nas relações sociais aquela harmonia e afeição sem as quais a liberdade, e até mesmo a própria vida, não passam de coisas tristes’. Ele referiu-se a isso como ‘amor social’. George Washington, na qualidade de presidente da Convenção Constitucional, chamou-o de ‘espírito de amizade'”.
A escritora e professora de direito Amy Chua é autora de “Tribos Políticas: Instinto de Grupo e o Destino das Nações”. Em um discurso na Universidade Brigham Young, Chua abordou as amargas divisões em nosso país, observando que “todos nós precisamos ser muito mais protetores da identidade nacional especial dos americanos, e essa é uma lição que tanto a esquerda quanto a direita precisam assimilar”.
Em resumo, Jefferson, Washington, West e Chua estão todos defendendo a ética de reciprocidade encontrada na Regra de Ouro: “Faça aos outros o que você gostaria que fizessem a você”. Derrube os ídolos da ideologia e da obsessão pela política, assuma o controle de sua própria vida tanto quanto possível, pratique essa regra, e restauraremos a caridade cívica em nossa nação.
As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times