Victor Manuel Rocha, ex-embaixador dos Estados Unidos em vários países da América Latina, foi detido e será julgado em um tribunal de Miami sob a acusação de espionagem para o regime de Cuba.
Rocha, de 73 anos e origem colombiana, é acusado de “cometer múltiplos crimes federais ao agir secretamente durante décadas como agente do governo da República de Cuba”, disse nesta segunda-feira em comunicado o governo dos EUA.
“Essa ação expõe uma das mais abrangentes e duradouras infiltrações no governo dos EUA por um agente estrangeiro”, disse o procurador-geral dos EUA, Merrick B. Garland.
“Por mais de 40 anos, Victor Manuel Rocha atuou como agente do governo cubano e buscou e obteve cargos no governo dos EUA que lhe dariam acesso a informações não públicas e a capacidade de afetar a política externa dos EUA”, acrescentou o procurador-geral.
De acordo com o comunicado, o ex-funcionário do Departamento de Estado dos EUA atuou no Conselho de Segurança Nacional de 1994 a 1995 e foi embaixador na Bolívia de 2000 a 2002.
De acordo com a denúncia, desde 1981 e até hoje, Rocha, que tinha cidadania americana, apoiou “secretamente” Cuba.
Em entrevista coletiva, o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, enfatizou que Rocha não trabalha mais para o serviço diplomático dos EUA há mais de 20 anos.
Miller elogiou o trabalho da Procuradoria dos EUA e do FBI na acusação contra Rocha e afirmou que o Departamento de Estado trabalhará com os serviços de inteligência para analisar “as implicações de segurança nacional” desse caso.
Rocha atuou de 1991 a 1994 como vice-chefe de gabinete da Seção de Interesses dos EUA em Havana e como diretor de Assuntos Interamericanos no Conselho de Segurança Nacional em Washington.
O agora réu estudou nos EUA, inclusive na Taft School e nas prestigiadas universidades de Yale, Harvard e Georgetown, e trabalhou como funcionário e diplomata do país em delegações em várias nações, incluindo Cuba, México, Argentina, Honduras e República Dominicana, assim como na Itália.
“Durante décadas, Rocha supostamente trabalhou como agente secreto para Cuba e abusou de sua posição de confiança no governo dos EUA para promover os interesses de uma potência estrangeira”, disse o procurador-geral adjunto Matthew G. Olsen, da Divisão de Segurança Nacional do Departamento de Justiça.