Peter Navarro, ex-assessor do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, entregou-se nesta terça-feira às autoridades em uma prisão federal de Miami (Flórida), onde cumprirá uma pena de quatro meses por sua recusa em cooperar na investigação do Congresso sobre o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio em Washington.
Com a sua entrada na prisão, Navarro torna-se o primeiro assessor de alto escalão do ex-presidente Trump a cumprir pena por sua participação no controverso “ataque ao Capitólio”.
Antes de entrar na prisão, Navarro falou com a imprensa em um posto de gasolina a uma rua da prisão e afirmou que sua sentença era “um ataque sem precedentes à separação constitucional de poderes”.
“Estou chateado, é assim que me sinto agora”, acrescentou o ex-assessor, que apareceu vestindo uma jaqueta de aviador e entrou na prisão por volta das 11h40 (horário local, 13h40 de Brasília).
A entrega do ex-assessor econômico durante o mandato de Trump (2017-2021) ocorre depois de o juiz do Supremo Tribunal dos EUA, John Roberts, ter rejeitado na segunda-feira um pedido feito pela defesa para suspender a ordem de prisão enquanto o recurso da sentença seguia o seu curso.
Navarro foi condenado em janeiro a quatro meses de prisão depois de ser considerado culpado de se recusar a cumprir uma intimação de um comitê da Câmara dos EUA que investigou o “ataque ao Capitólio” por supostos apoiadores de Trump, virtual candidato republicano nas próximas eleições presidenciais dos EUA, marcadas para novembro.
Os investigadores do Congresso queriam recolher o depoimento do ex-funcionário da Casa Branca sobre suas ações após as eleições de 2020, nas quais o atual presidente dos EUA, o democrata Joe Biden, foi o vencedor.
Navarro recorreu desta decisão judicial, mas um painel de três juízes do Distrito de Columbia rejeitou por unanimidade o pedido de adiamento da execução da sentença.
Ao longo do processo judicial, o agora condenado argumentou acreditar que, com base em uma invocação de privilégios executivos pelo então presidente Trump, não tinha de cumprir as exigências do comitê da Câmara.
Tanto o juiz como o painel do tribunal de recurso de Washington observaram que não havia provas de que Trump tivesse realmente invocado esses privilégios.
No ano passado, Navarro foi condenado por duas acusações de desacato, uma por não apresentar aos investigadores documentos relacionados com a investigação e outra por não comparecer para prestar depoimento sob juramento.
Durante o julgamento, o Ministério Público afirmou que Navarro demonstrou “total desprezo” pelo comitê da Câmara que investiga a insurreição e “pelo Estado de Direito”.
Pelo “ataque ao Capitólio”, Steve Bannon, ex-estrategista-chefe de Trump, também foi condenado a quatro meses de prisão por desacato, mas outro tribunal decidiu que ele poderia ficar em liberdade enquanto aguarda a resolução de um recurso.