Em uma nova diligência do Congresso americano para investigar as ordens de censura emitidas pelas autoridades brasileiras, principalmente pelo ministro Alexandre de Moraes (STF), contra usuários nas redes sociais, o Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos intimou a rede social Rumble, concorrente canadense do YouTube, a fornecer as ordens de censura enviadas pelo ministro para a plataforma.
A informação foi divulgada pela própria empresa em sua conta oficial no X, antigo Twitter. “A Rumble recebeu uma intimação do Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes dos EUA como parte de uma investigação sobre os esforços para censurar o discurso online. Cumpriremos a intimação, que solicita informações sobre ordens do Supremo Tribunal Federal”, informou a rede social nessa quarta-feira (24).
Em dezembro do ano passado, a Rumble anunciou a interrupção de suas operações no Brasil após sucessivas ordens de censura contra seus usuários no país. Na época, o fundador da plataforma, Chris Pavlovski, publicou uma nota dirigida aos brasileiros, expressando sua crença na liberdade de expressão, mesmo para usuários com opiniões impopulares, e lamentando a situação.
“Recentemente, os tribunais brasileiros exigiram que removêssemos certos criadores do Rumble. Como parte da nossa missão de restaurar uma internet livre e aberta, comprometemo-nos a não alterar as metas das nossas políticas de conteúdo. Os usuários com opiniões impopulares são livres para acessar nossa plataforma nos mesmos termos que nossos milhões de outros usuários. Dessa forma, decidimos desabilitar o acesso ao Rumble para usuários no Brasil enquanto contestamos a legalidade das demandas dos tribunais brasileiros”, diz a nota.
Entre os criadores de conteúdo censurados na plataforma, está o apresentador Bruno Aiub, mais conhecido como Monark. Após enfrentar censura em seu canal no YouTube, ele havia firmado um acordo com a Rumble para transmitir seu programa de podcast. A ordem de censura foi emitida pelo ministro Alexandre de Moraes, que acusou Monark de “disseminar fake news” sobre o STF e TSE. Na ocasião, a empresa chegou a recorrer da decisão de bloquear o canal “Monark Talks”.
“Embora a decisão tenha sido cumprida, a RUMBLE respeitosamente entende, com a devida vênia, que a inativação da URL https://rumble.com/c/Monarkx viola dispositivos constitucionais e a própria legislação infraconstitucional, considerando a possibilidade de caracterização de censura de conteúdo lícito existente nas dezenas de vídeos postados pelo usuário, e também de censura prévia de conteúdo futuro lícito, não necessariamente vinculado ao objeto do inquérito em curso”, diz trecho do recurso.
Porém, poucos meses depois, a Rumble decidiu deixar oficialmente o Brasil.