Cidade do Alasca entra na escuridão: noite polar será de 64 dias

Quando o sol voltar a brilhar na pequena Utqiaġvik, em 22 de janeiro, os Estados Unidos já terão um novo presidente.

Por Redação Epoch Times Brasil
27/11/2024 17:23 Atualizado: 27/11/2024 17:23

Imagine viver na escuridão da noite por mais de dois meses seguidos. Pois é isso que acontece em Utqiaġvik, no Alasca, extremo norte dos Estados Unidos, onde os invernos são brutais. Este ano, a cidade viu seu último pôr do sol de 2024 na segunda-feira (18)

Neste inverno no hemisfério norte, a noite polar em Utqiaġvik – como é chamado o fenômeno em que a luz do dia desaparece – se estenderá até 22 de janeiro de 2025, quando o sol voltará a brilhar por volta das 13h15, no horário local. 

Segundo a prefeita Asisaun Toovak, a maioria dos pouco mais de 5 mil moradores não sai de casa neste período. Ela explica que isso não é de todo ruim, pois, de maio até meados de agosto, Utqiaġvik enfrenta 24 horas de luz do dia. 

“Finalmente poder dizer, ok, o sol está se pondo, [estou] meio que ansiosa por isso”, diz Toovak. “Sinto que é hora de um bom descanso.”

A chefe do departamento de ciências árticas da National Science Foudation, Jennifer Mercer, explica que a escuridão não é total. O que acontece em Utqiaġvik é que o sol não se levanta totalmente durante o dia. Por isso, os moradores experimentam o chamado “crepúsculo civil”, quando o sol está até 6 graus abaixo do horizonte. 

Em Utqiaġvik – anteriormente conhecida como Barrow – o “crepúsculo civil” varia de cerca de 3 horas no solstício de inverno até 6 horas no primeiro e no último dia da noite polar. Nesse período, o céu recebe uma iluminação suave, podendo atingir tons de azul ou violeta. 

“A escuridão total só ocorre quando o sol está abaixo do horizonte o suficiente para que não haja crepúsculo,” diz Mercer.

Sem esconder o orgulho, a prefeita Toovak ressalta que, todos os anos, quando o sol finalmente se levanta acima do horizonte novamente, a cidade faz uma festa. 

“Nossa faculdade [Iḷisaġvik College], a única faculdade tribal do Alasca, sempre faz uma celebração todos os anos, trazendo cantores, tocadores de tambor e dançarinos tradicionais, que fazem a ‘dança de boas-vindas ao sol’,” conta Toovak, “Ver a percussão e a dança com nossa música e dança tradicional é muito curativo para as pessoas.”

Este ano, quando o sol voltar a brilhar em Utqiaġvik, os EUA já terão um novo presidente na Casa Branca. O republicano Donald Trump tomará posse no dia 20 de janeiro, durante a longa noite no Alaska. 

Entenda a noite polar 

A noite polar ocorre quando o sol permanece abaixo do horizonte por mais de 24 horas, um fenômeno causado pela inclinação axial da Terra, que é de cerca de 23,5 graus.

Durante o inverno no hemisfério correspondente, essa inclinação faz com que os polos fiquem voltados para longe do sol. Como resultado, nas regiões dentro ou próximas ao Círculo Polar Ártico (no Hemisfério Norte) e ao Círculo Polar Antártico (no Hemisfério Sul), o sol não sobe acima do horizonte por um longo período. 

A duração dessa escuridão contínua varia de algumas semanas a vários meses, dependendo da latitude do local.

No hemisfério norte as noites polares acontecem de setembro a março, e no hemisfério sul de março a setembro. Utqiaġvik está localizada 530 km acima da linha que delimita o Círculo Ártico.

A Antártida é o único lugar do hemisfério sul onde o fenômeno ocorre. Já no hemisfério norte, ele atinge partes do Alaska, Canadá, Groenlândia, Finlândia, Noruega e Rússia.