Na noite de segunda-feira (1º), o presidente Joe Biden fez fortes críticas à decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos que permite a presidentes e ex-presidentes reivindicarem imunidade por “atos oficiais” realizados durante seus mandatos.
O julgamento, motivado por um recurso do ex-presidente Donald Trump, foi visto como uma vitória para o republicano.
“Nós não temos reis nos Estados Unidos. Todos somos iguais perante a lei. Ninguém, absolutamente ninguém, está acima da lei, nem mesmo o presidente dos Estados Unidos”, declarou Biden em discurso na Casa Branca, conforme relatado pela CNN.
O presidente democrata argumentou que a decisão altera a estrutura de poder no país.
“Com a decisão de hoje sobre a imunidade presidencial, os limites das ações presidenciais foram praticamente eliminados. É um novo e perigoso precedente, pois o poder do cargo não será mais limitado pela lei, nem mesmo pela Suprema Corte”, afirmou.
A decisão da Suprema Corte, tomada por seis votos contra três, permite que Trump reivindique imunidade de processo criminal por algumas das ações que tomou como presidente antes de deixar o cargo. “Qualquer presidente — incluindo Donald Trump — agora terá liberdade para ignorar a lei”, disse Biden.
Biden passa por um momento político delicado. Após um desempenho considerado ruim no recente debate presidencial contra Trump, onde Biden demonstrou confusão mental e dificuldades em concluir pensamentos, apoiadores levantaram dúvidas sobre sua capacidade de seguir por mais quatro anos na Casa Branca.
Uma pesquisa do instituto YouGov, divulgada pela CBS News no fim de semana, revelou que 72% dos eleitores acreditam que o democrata não possui as condições mentais e cognitivas necessárias para exercer a presidência.
Durante seu discurso de cinco minutos, Biden fez referência à invasão de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio, chamando-a de “um dos dias mais sombrios da história da América”.
Ele afirmou que a decisão da Suprema Corte torna improvável que Trump seja julgado por suas acusações criminais relacionadas ao motim antes das próximas eleições presidenciais, marcadas para 5 de novembro.
Citando a dissidência da Juíza Sonia Sotomayor, Biden concluiu: “Em cada uso do poder oficial, o presidente é agora um rei acima da lei. Com medo pela nossa democracia, discordo. O mesmo deveria acontecer com o povo americano. Eu discordo.”