Agências que protegiam Trump não se comunicaram diretamente durante atentado, diz relatório

O relatório questionou se a falta de comunicação direta entre as agências “prejudicou qualquer tempo de resposta ou tomada de decisão”. 

Por Naveen Athrappully
22/07/2024 17:04 Atualizado: 22/07/2024 17:04
Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.

Uma investigação do senador americano Ron Johnson (R-Wis.) sobre a tentativa de assassinato ao ex-presidente Donald Trump descobriu que os vários grupos encarregados de protegê-lo, incluindo franco-atiradores, equipes da SWAT e o Serviço Secreto, não estavam se comunicando diretamente uns com os outros e operavam em canais separados durante o comício no qual o atentado ocorreu.

O evento, que aconteceu no dia 13 de julho, em Butler na Pensilvânia, contou com várias agências fornecendo segurança, incluindo o Serviço Secreto, os Serviços de Emergência do Condado de Butler (ESU), atiradores de elite do Condado de Washington e do Condado de Beaver, e equipes locais da SWAT, segundo um relatório de 21 de julho publicado pelo senador.

As comunicações entre as diferentes entidades no comício foram “isoladas”, o que significa que elas conversaram principalmente entre si e ficaram isoladas umas das outras, policiais disseram a Johnson.

“Por exemplo, equipes locais da SWAT e de atiradores de elite operavam em canais de rádio separados da patrulha. De acordo com essas pessoas, as comunicações tinham que ser encaminhadas para o comando do Serviço de Emergência de Butler, que então retransmitia as informações para o Serviço Secreto ou para outras patrulhas policiais locais”, diz o relatório.

“Não está claro por que as comunicações foram estabelecidas dessa forma e se a falta de comunicações diretas entre as autoridades policiais locais e o Serviço Secreto prejudicou o tempo de resposta ou a tomada de decisões.”

Identificações e denúncias sobre o indivíduo que atirou contra o ex-presidente passaram por vários canais de comunicação.

Às 17:10, quase uma hora antes de o presidente Trump ser baleado, um atirador observou o indivíduo que atirou no ex-presidente. Às 17:38, esse atirador avisou sobre o suspeito a outros atiradores. Pediram-lhe que comunicasse o fato ao comando do Serviço de Emergência de Butler.

O atirador entrou em contato com o comando às 17:41 e transmitiu a informação. Às 17:49, ele enviou fotos do suspeito. Seis minutos depois, o Serviço de Emergência confirmou o recebimento das fotos e disse que as preocupações foram transmitidas a outros grupos de segurança.

Entre 18:06 e 18:12, esse franco-atirador foi ao encontro das autoridades policiais locais e as alertou sobre a presença do suspeito. Por volta das 18:11, o suspeito começou a atirar.

“Até o momento, há relatos públicos de que um ‘contra-atirador sinalizou um homem suspeito usando um telêmetro para o Serviço Secreto cerca de 20 minutos antes de um atirador abrir fogo’ no comício. As informações obtidas pelo gabinete do senador Johnson parecem confirmar esses relatos”, diz o relatório, publicado em 21 de julho.

Em 14 de julho, o senador enviou uma carta ao Procurador-Geral Merrick Garland, ao secretário do Departamento de Segurança Interna (DHS) Alejandro Mayorkas e ao Diretor do FBI Christopher Wray solicitando informações detalhadas sobre a tentativa de assassinato.

Johnson disse no relatório que o Departamento de Justiça dos EUA, o DHS e o FBI não forneceram nenhuma das informações solicitadas em sua carta e “nem mesmo confirmaram que preservarão os registros relevantes”.

“A falta de transparência das entidades federais em relação à tentativa de assassinato de 13 de julho de 2024 — que deixou o ex-presidente Trump ferido, um participante do comício morto e dois outros espectadores gravemente feridos — é inaceitável”, disse o senador.

Investigações sobre o tiroteio

Após o atentado, investigações sobre o ataque estão em andamento no Congresso, no DHS e no FBI.

Congressistas republicanos pediram que a diretora do Serviço Secreto dos EUA, Kimberly Cheatle, renunciasse. Cheatle rejeitou os pedidos, prometendo total transparência sobre o assunto. Ela aceitou toda a responsabilidade pelas falhas de segurança ocorridas em 13 de julho.

Ela depôs perante o Congresso dos EUA na segunda-feira (22), com respostas consideradas insatisfatórias para parlamentares republicanos e democratas, que seguiram pressionando por sua saída da agência.

Congressistas estaduais republicanos da Pensilvânia também estão pedindo uma investigação estadual sobre o incidente. Na sexta-feira (19) de julho, o parlamentar estadual Bryan Cutler (R-Pa.) apresentou uma resolução solicitando a formação de um comitê para investigar o assunto.

O comitê bipartidário seria composto por três republicanos e três democratas. Ele analisará como as forças policiais locais planejaram lidar com a manifestação, como se coordenaram com as agências federais e sua resposta à ameaça.

“Um cidadão da Pensilvânia morreu e dois ficaram gravemente feridos quando um assassino quase tirou a vida de um ex-presidente e do candidato de um grande partido político na próxima eleição”, disse Cutler em um comunicado.

“Devemos nos perguntar por que e o que podemos fazer para evitar que isso aconteça no futuro.”