Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Os americanos tiveram a oportunidade de ouvir ambos os lados em um debate que marcou o primeiro confronto entre a vice-presidente Kamala Harris e o ex-presidente Donald Trump.
A transmissão da ABC News em 10 de setembro, realizada na Filadélfia, foi acalorada em vários momentos, com ambos os candidatos falando ao mesmo tempo e trocando ataques pessoais. Nenhuma nova política específica foi apresentada por qualquer um dos candidatos, e Trump e Harris expuseram visões contrastantes sobre a economia, aborto e política externa.
Após o debate, republicanos alegaram que os moderadores, David Muir e Linsey Davis, demonstraram parcialidade a favor de Harris. O ex-candidato republicano Vivek Ramaswamy descreveu o debate como uma “luta de três contra um” contra Trump, enquanto o deputado Mike Waltz (R-Fla.) questionou a imparcialidade da verificação de fatos feita pela ABC.
Enquanto isso, democratas acusaram Trump de parecer defensivo diante de uma adversária nova, mas familiar. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, afirmou que Harris “superou todas as expectativas”.
Aqui estão alguns dos principais temas que surgiram no primeiro debate presidencial com Harris como candidata democrata.
Harris se distancia de Biden enquanto Trump os liga
Enquanto a eleição anteriormente colocava o ex-presidente contra o presidente em exercício, Joe Biden, a candidata Kamala Harris buscou criar sua própria identidade enquanto destacava o que ela caracterizou como um histórico positivo de sua administração.
“Lembre-se disso—ela é o Biden”, disse Trump no final do debate. Ele atribuiu a Harris a responsabilidade pela alta inflação e pelas políticas de energia e fronteiras da administração.
“Claramente, eu não sou Joe Biden”, respondeu Harris, acrescentando que ela proporcionaria “uma nova liderança para o nosso país”, ao mesmo tempo em que exaltava o desempenho de sua administração em questões como energia e economia.
As observações de Harris ecoaram declarações anteriores na noite, durante uma discussão sobre política externa.
Após afirmar que o mundo estava à beira da Terceira Guerra Mundial, Trump questionou a capacidade de Biden para exercer o cargo, perguntando: “Onde está o nosso presidente?”
“Você não está concorrendo contra Joe Biden. Você está concorrendo contra mim”, disse Harris poucos momentos depois.
Nas suas observações finais, Trump centrou-se no papel de Harris na atual administração, salientando que ela teve um mandato completo como vice-presidente para implementar as mudanças que promete fazer.
“Ela está lá há 3 anos e meio. Eles tiveram 3 anos e meio para consertar a fronteira. Eles tiveram 3 anos e meio para criar empregos e todas as coisas de que falamos. Por que ela não fez isso?”, disse Trump.
Foco no aborto
Harris e Trump se confrontaram sobre questões relacionadas ao direito à vida, um tema que ganhou ainda mais relevância desde que a Suprema Corte dos EUA revogou Roe v. Wade, dando aos estados autoridades para permitir ou proibir o aborto. Os estados têm lidado com o novo cenário por meio de referendos e outras medidas, resultando em uma variedade de leis sobre o aborto no país.
Harris, que apoia o direito federal ao aborto, afirmou que seu oponente assinaria “uma proibição nacional do aborto” se tal legislação chegasse à sua mesa durante seu mandato. Ela citou trechos do Project 2025, um guia de políticas da Heritage Foundation, do qual Trump tem se distanciado repetidamente.
“Eu não vou assinar uma proibição, e não há razão para assinar uma proibição”, disse Trump, defendendo a devolução da legislação sobre o aborto aos estados após a revogação de Roe v. Wade.
Quando pressionado sobre o assunto, ele não se comprometeu a vetar uma legislação que imporia restrições ao aborto em todo o país.
“Você vetaria uma proibição nacional do aborto?” perguntou a moderadora Linsey Davis.
“Eu não precisarei”, respondeu Trump, argumentando que a questão não passaria por um Senado dividido, que exige 60 senadores para avançar a legislação devido a obstrução.
Trump desafiou Harris sobre se ela apoia o aborto no terceiro trimestre, afirmando que Roe v. Wade não restringia abortos nessa fase. Ele fez alusão ao comentário polêmico do ex-governador da Virgínia, Ralph Northam, sobre um projeto de lei de aborto tardio em 2019, que ele apoiou. Northam sugeriu que um recém-nascido vivo, provavelmente com “deformidades graves”, poderia ser entregue e morto. O projeto de lei foi rejeitado.
“Por que vocês não fazem essa pergunta?”, perguntou o ex-presidente aos moderadores.
Os moderadores não pressionaram Harris a responder à pergunta de Trump, mudando para outro tópico.
Trump destaca tarifas enquanto Harris promove seu plano econômico
A economia—um dos principais temas para os eleitores—foi o ponto de partida do debate presidencial.
Trump destacou seu plano de aumentar tarifas sobre produtos importados, enquanto Harris compartilhou partes de sua agenda destinada a reduzir os custos para famílias e pequenas empresas.
Harris ressaltou seu plano de expandir o crédito fiscal infantil para US$ 6.000, afirmando que isso permitiria que “famílias jovens possam comprar um berço, uma cadeirinha de carro, roupas para seus filhos”. Ela também reiterou sua proposta de uma dedução fiscal de US$ 50.000 para iniciar uma pequena empresa.
Trump afirmou que sua visão de tarifas geraria bilhões de dólares em receita. O ex-presidente propôs a imposição de uma tarifa de 10% sobre todos os produtos importados para os EUA.
“Outros países vão finalmente, após 75 anos, nos reembolsar por tudo o que fizemos pelo mundo, e a tarifa será substancial”, disse Trump.
Ele também rejeitou as críticas de que suas tarifas reativariam as pressões inflacionárias.
“Eu tinha tarifas, e ainda assim não tive inflação”, disse Trump, acrescentando que a inflação persistente nos últimos anos tem sido um “desastre para as pessoas, para a classe média”.
Nenhum dos candidatos descreve novas políticas
O debate apresentou poucos avanços significativos em termos de políticas de ambos os candidatos.
Ao responder perguntas sobre temas como economia, relações exteriores, energia, aborto, imigração, mudanças climáticas e saúde, Harris e Trump, em grande parte, reafirmaram suas posições já conhecidas.
Em resposta a uma pergunta sobre o combate às mudanças climáticas, ambos os candidatos aparentaram evitar o assunto ou mudar o foco. Harris criticou Trump por chamar as mudanças climáticas de farsa e mencionou os altos prêmios de seguro residencial na Flórida devido aos furacões. Em seguida, ela mudou o foco para destacar a criação de empregos na indústria e o apoio de sindicatos.
Trump não respondeu diretamente à pergunta e, em vez disso, criticou a administração Biden e o próprio presidente por suas relações com outros países.
A moderadora Linsey Davis pressionou Trump sobre suas promessas anteriores de revogar e substituir o Affordable Care Act, conhecido como Obamacare, onde o governo subsidia seguro de saúde para populações com menor renda.
“Estamos trabalhando em algumas coisas. Vamos fazer isso. Vamos substituir”, disse Trump.
Embora ainda não tenha uma proposta finalizada, Trump afirmou ter os “conceitos de um plano”.
“Mas, se formos propor algo, só mudarei se for algo melhor e menos caro”, acrescentou.
Janice Hisle e Jan Jekielek contribuíram para este matéria.