As decisões dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos sobre suas políticas monetárias nesta quarta-feira (18), na chamada “superquarta”, seguiram caminhos distintos: o Brasil elevou a taxa, passando a ocupar o segundo lugar no ranking mundial de juros reais, descontada a inflação, enquanto os norte-americanos realizaram o corte mais agressivo de suas taxas em décadas.
O anúncio do Banco Central (BC) não pegou os analistas financeiros de surpresa. Como esperado, o Brasil elevou a taxa básica de juros ( Selic) em 0,25%, para 10,75% ao ano. A decisão do colegiado de diretores, composto por nove membros, foi unânime. Este patamar só fica atrás da Rússia
Em seu comunicado, a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) incluiu mais um fator de risco: o hiato do produto, ou seja, a atividade pressionando a inflação.
Esta foi a primeira vez que os juros subiram durante o governo Lula. Após o anúncio, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou não ter ficado surpreso. A expectativa do mercado é de que a taxa continue subindo até atingir 11,50% ao ano em janeiro.
O colegiado do BC também destacou o momento econômico nos EUA como “desafiado”, afetando o ambiente externo.
“O Comitê avalia que o cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, disse o comunicado do Copom.
O anúncio do Fed
O banco central dos EUA, o Federal Reserve (Fed), anunciou um corte de 0,5% na taxa de juros do país, reduzindo a taxa de referência de 5,25% a 5,50% para 4.75% a 5%.
Desde 2008, desconsiderando as exceções durante a pandemia de Covid-19, o Fed não havia feito um corte tão expressivo.
Preocupado com uma possível recessão na economia mais forte do mundo, o mercado estava dividido entre a expectativa de um corte de 0,25% e 0,50%.
“Estamos comprometidos em manter a força da nossa economia ao apoiar a contratação máxima e buscar o retorno da inflação para o nosso objetivo de 2%”, disse o presidente do Fed, Jerome Powell, ao anunciar a redução na taxa de juros.