Riscos fiscais são a maior preocupação de instituições financeiras, aponta Banco Central

Por Redação Epoch Times Brasil
06/12/2024 17:08 Atualizado: 06/12/2024 17:08

Um levantamento do Banco Central revela uma preocupação crescente das instituições financeiras quanto à estabilidade do Sistema Financeiro Nacional (SFN), destacando os riscos fiscais como a maior ameaça para os próximos três anos.

Os resultados do relatório de Estabilidade Financeira (PEF) divulgado na quinta-feira (5), referente ao quarto trimestre de 2024, foi realizada entre 21 de outubro e 8 de novembro, foi realizada com 89 instituições, incluindo bancos, cooperativas de crédito, seguradoras e gestoras de recursos.

De acordo com o relatório, os riscos fiscais lideram as preocupações das instituições financeiras, citados como o risco mais importante por 42% das entidades consultadas.

As principais preocupações envolvem a sustentabilidade da dívida pública e o impacto do arcabouço fiscal sobre os preços dos ativos e a política monetária.

Cenário internacional 

Além dos riscos fiscais internos, o cenário internacional também se apresenta como um importante fator de instabilidade. Esse cenário foi apontado como o segundo risco mais relevante, citado por 27% das instituições.

O relatório destaca que os principais elementos de preocupação são as eleições nos Estados Unidos, que têm potencial para gerar volatilidade nos mercados globais, e a política monetária americana, que permanece restritiva.

Além disso, o crescimento mais lento da economia chinesa e os conflitos geopolíticos em curso aumentam a percepção de risco em escala global.

Esses fatores afetam o Brasil indiretamente por meio dos mercados financeiros e das cadeias de produção.

Riscos de inadimplência e alavancagem

A inadimplência e a alavancagem — a facilidade de acesso a juros — também aparecem como elementos preocupantes, especialmente considerando o atual contexto de aperto monetário, com expectativas cada vez maiores para a taxa de juros.

As instituições financeiras apontam um aumento da probabilidade de problemas relacionados à alavancagem das famílias e das empresas.

Embora esses riscos sejam considerados de impacto médio, sua probabilidade de ocorrência tem aumentado, o que contribui para um panorama de cautela.

Confiança na estabilidade se mantém, mas com ressalvas

Apesar do cenário desafiador, o índice de confiança das instituições financeiras na estabilidade do SFN se manteve elevado, com um leve aumento em relação ao trimestre anterior.

A maioria dos pesquisados sugeriu que o valor do Adicional Contracíclico de Capital Principal (ACCPBrasil) seja mantido, indicando uma preferência por estabilidade regulatória diante das incertezas.

Em termos práticos, ele exige que os bancos mantenham uma reserva adicional de capital durante períodos de expansão ou quando há uma percepção de riscos elevados para a estabilidade financeira.

O objetivo principal do ACCPBrasil é criar um colchão de segurança que possa absorver possíveis perdas em momentos de crise, minimizando o impacto para o sistema financeiro e, por extensão, para a economia como um todo.

A manutenção de seu valor é vista como um fator importante para sustentar a confiança dos investidores e das próprias instituições financeiras.

Ciclo econômico em fase positiva

Outro ponto positivo destacado pelo relatório é a melhora na percepção sobre o ciclo econômico.

A maioria das instituições consultadas avalia que a economia brasileira se encontra em uma fase de expansão ou boom, com uma redução significativa na percepção de fases de contração.

Isso sugere um otimismo quanto ao crescimento econômico atual, mesmo diante dos desafios fiscais e internacionais neste momento.

No entanto, a alavancagem das famílias, que vinha em movimento de queda, agora é percebida como estável ou em elevação.

Esse fator pode representar um ponto de vulnerabilidade a ser monitorado no futuro próximo.