Relatório Focus projeta alta na inflação, dólar a R$ 6 e Selic em 15% para 2025

Banco Central aponta cenário de aperto econômico com impactos no custo de vida, consumo e investimentos; PIB deve crescer apenas 2,02%.

06/01/2025 11:11 Atualizado: 06/01/2025 11:11

O relatório Focus, divulgado pelo Banco Central na segunda-feira (6), trouxe uma visão preocupante para a economia para 2025. As projeções apontam aumento na inflação, valorização do dólar e elevação da taxa Selic, reforçando o cenário de aperto econômico.

A inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve atingir 4,99% em 2025. O IPCA é o indicador que acompanha a variação de preços de bens e serviços consumidos pelas famílias brasileiras.

Quando a inflação sobe, o custo de vida aumenta. Produtos básicos, como alimentos e transporte, ficam mais caros, reduzindo o poder de compra da população e afetando principalmente as famílias de baixa renda.

A cotação do dólar, por sua vez, foi revisada para R$ 6,00. Isso encarece produtos importados, como medicamentos, eletrônicos e combustíveis. A alta no preço dos combustíveis também impacta o transporte e, consequentemente, o custo dos alimentos.

Esse cenário de dólar valorizado pressiona as empresas, que precisam lidar com custos mais altos, e pesa diretamente no bolso do consumidor, que paga mais por produtos e serviços.

Outro ponto de atenção é a taxa básica de juros, a Selic, que deve alcançar 15% ao ano. A Selic é a principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação, visto que o aumento dessa taxa desestimula investimento e consumo, mas sua elevação 

tem um custo.

Com juros mais altos, empréstimos e financiamentos ficam mais caros. Isso dificulta a compra de imóveis, veículos e até mesmo a renegociação de dívidas, afetando a atividade econômica.

O Produto Interno Bruto (PIB), que mede o desempenho da economia, deve crescer apenas 2,02% em 2025, um aumento de 0,01% desde a última projeção. Esse crescimento modesto reflete o impacto das pressões inflacionárias e dos juros elevados sobre a capacidade de investimento e consumo.

Além disso, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), usado para reajustar aluguéis e contratos, deve permanecer em 4,87%. Isso significa que quem paga aluguel pode enfrentar aumentos significativos, pressionando ainda mais os orçamentos familiares.

Outro fator relevante é a dívida líquida do setor público, que deve atingir 66,95% do PIB em 2025. Apesar da queda na última projeção, ainda é maior que o valor em 2024, 61,2%. A dívida líquida representa o saldo que o governo deve, descontados os valores que tem a receber.

Esse aumento reflete a dificuldade do governo em controlar os gastos públicos, o que pode gerar desconfiança no mercado e exigir mais recursos para pagamento de juros da dívida.

Com o aumento da dívida pública, o governo terá menos espaço para investir em áreas essenciais, como saúde, educação e infraestrutura. Além disso, a necessidade de atrair investidores para financiar essa dívida pode levar à manutenção de juros altos por mais tempo.