De acordo com o último relatório Focus, divulgado na sexta-feira (29) as expectativas de mercado apontam para um aumento nas previsões de inflação até o final de 2024. Além disso, há uma tendência de alta para o câmbio e a taxa básica de juros (Selic) para 2025 e 2026.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador de inflação do Brasil, foi revisado para cima. A nova expectativa é que o índice feche 2024 em 4,71%, acima das previsões anteriores de 4,63%.
Os principais fatores são o aumento dos custos de energia e alimentos, além das cotações internacionais e questões cambiais.
Já a taxa básica de juros, a Selic, deve se manter em 11,75% até o final deste ano. Entretanto, a média das projeções é que alcance 12,63% em 2025.
Essa elevação é uma tentativa de conter o avanço inflacionário e estabilizar a moeda nacional. Isso demonstra o desafio que o Banco Central terá que enfrentar para equilibrar a atividade econômica com a necessidade de conter a alta dos preços.
A manutenção da Selic em patamares elevados impacta diretamente o custo do crédito. Com isso, investimentos e consumo são freados, mas a medida é essencial para a estabilidade econômica.
Perspectiva de câmbio elevado para 2025 e 2026
O relatório Focus também aponta uma deterioração nas expectativas para o câmbio. Atualmente, projeta-se que o dólar encerre 2024 a R$ 5,70, mantendo-se nesse patamar até 2025.
Apesar disso, o mercado de câmbio iniciou a segunda-feira em R$6,02, seguindo a tendência atual de alta após os anúncios fiscais do governo.
Para 2026, as projeções indicam uma continuidade da tendência de alta em torno de R$ 5,60 mas com o dólar menor do que o registrado no fim de novembro.
Esse aumento do câmbio reflete a combinação de fatores externos e internos. A expectativa da política monetária restritiva nos Estados Unidos, a percepção de risco fiscal interno e a instabilidade política contribuem para a desvalorização da moeda brasileira.
A alta do câmbio afeta diretamente a inflação. O encarecimento do dólar pressiona os preços dos produtos importados e dos insumos usados pela indústria nacional.
Setores como combustíveis e alimentos, que dependem de commodities cotadas em dólar, tendem a repassar esses custos ao consumidor. Isso gera um efeito cascata que pressiona os índices de inflação.
Projeções para 2026: inflação, Selic e câmbio
Para 2026, o cenário ainda é negativo. As expectativas para o IPCA indicam uma taxa de 3,81%, ainda acima da meta do Banco Central de 3,5%.
Isso evidencia que o processo de desaceleração da inflação será lento. A taxa Selic, por sua vez, deve atingir 10,50% em 2026, o que sugere que o ciclo de aperto monetário se estenderá por mais tempo do que o previsto.
O câmbio também não mostra sinais de alívio. A moeda norte-americana deve se manter em R$ 5,60, refletindo a persistência de incertezas internas e externas.
Essas incertezas continuam influenciando negativamente a confiança dos investidores. O risco fiscal permanece como uma das principais preocupações, especialmente em um ano eleitoral, o que agrava a percepção de risco.
Implicações econômicas e cenário de incertezas
Essas projeções indicam que o Brasil terá de lidar com um ambiente econômico desafiador nos próximos anos. A política monetária apertada deve afetar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
O mercado projeta um crescimento de 1,95% para 2025, estável em comparação com 2024, mas abaixo das taxas registradas nos anos anteriores.
A alta da Selic impacta o consumo e o crédito, dificultando a retomada de setores como construção civil e comércio. Esses setores dependem diretamente de condições favoráveis de financiamento e por consequência afeta todos os consumidores.