Em 2024, o real se consolidou como a moeda que mais perdeu valor frente ao dólar, marcando o pior desempenho entre as divisas mais negociadas no mundo.
Até 17 de dezembro, o real acumulou uma queda de 24,3%, conforme dados da consultoria Elos Ayta, aproximando-se da desvalorização registrada em 2020, quando a moeda perdeu 22,44% de seu valor.
Contudo, o pior desempenho histórico ocorreu em 2022, com uma desvalorização de 34,33%.
Nesta quinta-feira (19), o dólar atingiu novamente um recorde, alcançando R$ 6,30, antes de recuar para abaixo de R$ 6,20 após o Banco Central realizar dois novos leilões, somando US$ 8 bilhões, com o objetivo de conter a alta da moeda americana.
Este foi o terceiro dia consecutivo em que o dólar superou R$ 6,20, mantendo a pressão sobre o real.
Na terça-feira (17), a moeda norte-americana chegou a R$ 6,09, um recorde para o fechamento do mercado, embora tenha recuado ligeiramente.
A disparada do dólar, que tem batido recordes sucessivos neste final de ano, reflete uma combinação de fatores domésticos e globais.
A fragilidade econômica do Brasil sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, somada à recente decisão do Federal Open Market Committee (FOMC) dos Estados Unidos de reduzir a taxa de juros, ampliou a valorização da moeda americana, pressionando ainda mais a economia brasileira e tornando mais caros os insumos importados.
Cenário global
No cenário internacional, poucas moedas conseguiram se valorizar frente ao dólar.
O dólar de Hong Kong (+0,6%), o rand sul-africano (+1%) e a libra esterlina, que se manteve estável, são exceções.
Por outro lado, divisas de mercados emergentes, como a lira turca e o rublo russo, também registraram quedas expressivas, refletindo a pressão sobre economias mais frágeis.
Desvalorização contínua afeta mercado brasileiro
O real passou 2024 quase sempre em queda frente ao dólar, com exceção de dois meses: agosto e setembro, quando a moeda brasileira se valorizou um pouco.
Porém, a partir de novembro, a situação piorou.
De 7 de novembro a 18 de dezembro, o real perdeu 7,3% de seu valor, subindo de R$ 5,67 para R$ 6,12.
A principal razão para essa desvalorização é a inflação, que ficou acima da meta do governo, registrando 4,87% até novembro. Mesmo com a economia crescendo e o desemprego baixo, muitos no mercado começam a duvidar que o governo consiga controlar os preços com as medidas fiscais que tem adotado.
Essa incerteza, junto com o aumento da taxa Selic, tem pressionado ainda mais a moeda brasileira.
Embora o Brasil tenha juros mais altos, o medo de que a inflação não seja controlada faz com que o dólar se valorize. Para complicar, os EUA estão reduzindo suas taxas de juros, o que só ajuda a fortalecer a moeda americana.
Em resposta às críticas sobre sua gestão fiscal, o presidente Lula se eximiu das responsabilidades e criticou as altas taxas de juros.
O governo espera avançar com a aprovação do pacote fiscal no Congresso antes do recesso de fim de ano, na esperança de melhorar o cenário econômico.