Em agosto, os preços das principais hortaliças comercializadas nas Centrais de Abastecimento (Ceasas) caíram de forma generalizada, conforme o Boletim Hortigranjeiro de setembro de 2024 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Essa tendência pode contribuir para conter a inflação medida pelo IPCA-15, a prévia da inflação oficial do Brasil, que foi divulgada na quarta-feira (25).
O boletim da Conab apontou alta nos preços de algumas frutas, como mamão, que subiu 48,9% devido à menor oferta causada por condições climáticas adversas, e banana, com aumento de 17,83%, impactada pela estiagem. Essas elevações foram pressionadas pela menor oferta em determinadas regiões do país.
Esses aumentos nas frutas foram compensados pelas quedas em outros itens, ajudando a evitar uma aceleração maior da inflação em setembro. Houve quedas significativas nos preços de hortaliças como alface, batata, cebola, cenoura e tomate, itens com peso importante no orçamento das famílias e no cálculo da inflação.
Entre os produtos com maiores quedas de preços nas Ceasas, o destaque foi a cebola, que teve retração média de 31,64% em agosto, impulsionada pela grande oferta vinda de regiões como Goiás, Bahia e Pernambuco. A batata também apresentou forte redução, com queda média de 23,67%, resultado da intensificação da safra de inverno, que aumentou a disponibilidade nos mercados.
A cenoura também apresentou queda significativa, com os preços caindo 15,50% na média ponderada das Ceasas. Esse movimento já vinha sendo observado desde junho, e a abundância da oferta, especialmente de Minas Gerais, foi o principal fator para a retração nos preços. A alface e o tomate seguiram a mesma tendência, com quedas de 16,94% e 19,25%, respectivamente, ajudando a reduzir os custos para o consumidor.
Impacto na inflação de setembro
A queda nos preços das hortaliças deve aliviar a pressão no grupo “alimentação no domicílio”, importante no cálculo do IPCA. A Warren Investimentos projeta que a menor deflação nos alimentos in natura pode impactar a inflação de setembro, mas a redução nas hortaliças deve conter maiores aumentos.
“Alimentação no domicílio (in natura e carnes) é nosso maior risco altista [para a inflação]”, explicou a Warren.
Com a divulgação do IPCA-15 na quarta-feira, a expectativa é que os preços dos alimentos continuem segurando uma alta mais extrema da inflação.
A Conab destacou que as frutas podem manter uma tendência de alta devido à menor oferta em algumas regiões. A queda nos preços das hortaliças, portanto, surge como um fator positivo para o controle da inflação, ajudando a segurar o impacto de aumentos em outros setores e a manter a inflação dentro de patamares menores.