Projeções para Selic está acima de 15% em 2025, maior valor desde 2006

Alta dos juros deve impactar crédito, consumo e investimentos, enquanto instituições alertam para desafios na política monetária e fiscal.

Por Redação Epoch Times Brasil
02/01/2025 13:56 Atualizado: 02/01/2025 13:56

Entidades financeiras projetam um cenário econômico desafiador para 2025. Os bancos Santander e Itaú, além do Banco Central do Brasil, preveem elevações significativas na taxa Selic, em resposta às pressões inflacionárias e à deterioração do cenário fiscal e cambial.

De acordo com o relatório Perspectivas Macro, do Santander, a Selic deve alcançar 15,50% ao ano em 2025. Esse patamar não é visto desde 2006. O banco destaca que a medida busca combater a desancoragem das expectativas de inflação.

O Itaú, por sua vez, projeta a Selic em 15% ao ano no próximo ano. No relatório Revisão Mensal de Cenário de dezembro de 2024, a instituição reforça que o aumento é necessário devido à resiliência do mercado de trabalho e à pressão cambial.

Ambas as instituições apontam que a taxa deve permanecer alta durante todo o ano de 2025. Somente em 2026 há expectativa de redução, com a Selic recuando para 13% ao ano, caso os fatores inflacionários sejam controlados.

As projeções do Banco Central também são próximas às dos bancos, chegando em 14,25% ao ano.

Impactos diretos na população

A alta da Selic tem impactos significativos no dia a dia da população. Como taxa básica de juros, ela influencia diretamente o custo do crédito, como financiamentos imobiliários, empréstimos pessoais e linhas de crédito.

Com os juros mais altos, o consumo tende a desacelerar. Isso afeta desde a compra de bens duráveis até o acesso a empréstimos para emergências, dificultando o planejamento financeiro das famílias.

Para os investidores, a renda fixa ganha atratividade. No entanto, essa vantagem é compensada pelos custos elevados para quem depende de crédito. Dívidas atreladas a taxas variáveis, como cartão de crédito e cheque especial, ficam ainda mais caras.

O endividamento crescente das famílias, que já atinge 78% da renda disponível, é motivo de preocupação. Juros mais altos podem aumentar a inadimplência e agravar a instabilidade econômica.

Desafios para as empresas

As empresas também sentem os efeitos. O custo de financiamento para produção sobe, reduzindo a capacidade de investimento em expansão e inovação.

Setores como varejo e construção civil, que dependem fortemente do crédito, enfrentam maior dificuldade para manter as vendas. Isso pode resultar em cortes de empregos e menor crescimento econômico.

Resposta contra a inflação

A inflação projetada para 2025 é de 5%, segundo o Itaú, e níveis similares são apontados pelo Banco Central (4,96%) que aposta na alta da Selic para conter os preços, reduzindo o consumo e a demanda.

A desvalorização cambial e a pressão no mercado de trabalho são apontadas como os principais fatores de alta nos preços. Esses elementos tornam o combate à inflação mais desafiador, exigindo políticas monetárias firmes.

No entanto, o Santander alerta para a necessidade de ajustes fiscais. Sem um controle mais rígido das contas públicas, a eficácia da política monetária pode ser limitada.

O Itaú também critica o pacote fiscal anunciado pelo governo, considerando-o r “insuficiente para garantir o cumprimento do arcabouço fiscal até 2026”.