Por Masooma Haq e Roman Balmakov
À medida que o mundo sai de dois anos de lockdowns e restrições pandêmicas, a inflação continua aumentando e afetando os preços de energia e alimentos nos EUA. As fazendas familiares que compõem a maioria dos fornecedores de alimentos dos EUA estão tendo dificuldades para cobrir seus custos operacionais, conforme os preços de sementes, fertilizantes e gás dobram e triplicam.
O presidente da Associação Nacional de Agricultores Negros, John Boyd Jr., está pedindo ao governo Biden que crie um fundo de empréstimo de emergência para ajudar os agricultores familiares com os custos operacionais. Caso contrário, ele alerta que além dos altos custos dos alimentos, haverá uma escassez alimentar.
“América, prepare-se para alimentos mais caros e se preparem”, disse Boyd ao programa “Facts Matter” em uma entrevista recente.
“[Os agricultores familiares] ainda são o produtor número um de milho, trigo e soja. E temos que fazer todo o possível para garantir que os agricultores coloquem essas culturas no solo e tenham os recursos prontamente disponíveis no momento do plantio e da colheita”, disse Boyd.
Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), as pequenas e médias fazendas familiares correspondem a 88% da produção de alimentos dos EUA.
Boyd disse que o custo operacional de sua fazenda dobrou e, em alguns casos, triplicou, com o fertilizante agora custando US$ 1.050, contra US$ 400 em 2021. E os custos de operação da fazenda devem ser pagos antecipadamente, disse Boyd.
“Quando aquele caminhão a diesel chega na minha fazenda, eu preciso poder preencher um cheque para o óleo diesel, preciso poder pagar pelo fertilizante, tenho que poder pagar pelas sementes”, disse ele.
O fertilizante é um elemento-chave na produção de trigo, soja e milho e equivale a uma média de 36% dos custos operacionais de um agricultor para o milho e 35% para o trigo.
Boyd está pedindo para que o governo Biden ajude imediatamente os pequenos agricultores com o ônus desses custos operacionais crescentes.
Boyd disse que há uma necessidade urgente de ajuda agora e que os agricultores têm apenas uma pequena janela de oportunidade para suas colheitas.
Em maio, o governo Biden anunciou que estava aumentando o número de fazendas elegíveis para seguro de colheita dupla, cortando custos aumentando a assistência técnica para “agricultura de precisão” orientada por tecnologia e outras ferramentas de gerenciamento de nutrientes e aumentando o financiamento para a produção doméstica de fertilizantes.
Essas medidas são boas, mas não são suficientes para mitigar as dificuldades financeiras imediatas que os agricultores estão enfrentando por causa da alta inflação, disse Boyd.
Não devemos achar que nossos suprimentos de alimentos estão garantidos, porque o processo de produção está sendo interrompido e, se não for imediatamente remediado com ajuda federal, levará à escassez de alimentos, disse Boyd. Ele explicou que os Estados Unidos lideram na produção de trigo, soja e milho, e as muitas outras commodities para as quais essas culturas são usadas na produção, também estão em perigo.
“Existe um processo pelo qual um agricultor produz aquele produto que é transformado em outras coisas, como flocos de milho e xarope de milho, e outras frutas e verduras que aparecem nos supermercados. O agricultor produziu essas colheitas, sabe, elas simplesmente não saem do nada. Precisamos apoiar [os agricultores] agora, em nosso momento de necessidade”, disse Boyd.
Boyd disse que a falta de trigo, soja e milho afetaria todos os setores da indústria alimentícia, incluindo a produção de aves e carnes.
“E eu quero dizer isso: o pedido de ajuda não é republicano ou democrata. Sabe, a comida é independente. Sabe, a terra não vê cor, a terra não conhece política. Você tem que ter certeza de que temos os recursos prontos de que precisamos agora, para colocar essas culturas no solo.”
“O governo não está agindo rápido o suficiente”, disse ele.
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