Novo déficit fiscal pressionou economia brasileira em setembro, mostra Banco Central

Resultados de setembro revelam desequilíbrio nas contas externas e impactos sobre a inflação e investimentos.

Por Matheus de Andrade
29/10/2024 11:58 Atualizado: 29/10/2024 11:58

Em setembro de 2024, o balanço de pagamentos do Brasil apresentou um novo déficit, segundo relatório do Banco Central divulgado na terça-feira (29).

As transações correntes, que incluem contas de bens, serviços, renda primária e secundária, registraram um déficit de US$ 6,5 bilhões. No mesmo período do ano anterior, houve um superávit de US$ 268 milhões. Esse resultado tem impactos diretos sobre a economia e o cotidiano da população.

Balança comercial

A balança comercial de bens apresentou um superávit de US$ 4,8 bilhões em setembro de 2024. Isso representa uma queda significativa em relação aos US$ 8,5 bilhões do ano anterior.

O volume de exportações cresceu apenas 0,3%, enquanto as importações cresceram 18,4%. Esse desequilíbrio reflete uma maior dependência de produtos importados, pressionando a moeda nacional e impactando negativamente o crescimento econômico.

Conta de serviços

O déficit na conta de serviços aumentou de US$ 3,5 bilhões para US$ 5,0 bilhões, um aumento de 44,4%. Entre os principais serviços que tiveram crescimento nas despesas estão transportes, telecomunicação e propriedade intelectual.

O aumento das despesas com viagens internacionais também contribuiu para o déficit, indicando maior saída de divisas e aumentando a vulnerabilidade externa do país.

Renda primária

O déficit em renda primária aumentou para US$ 6,5 bilhões em setembro de 2024, comparado a US$ 5,1 bilhões no ano anterior. Esse aumento está associado principalmente às despesas com lucros e dividendos remetidos ao exterior, que cresceram 52,4%.

Esse movimento reflete a fragilidade do investimento estrangeiro em manter seus recursos no país, preferindo remetê-los ao exterior.

Investimentos Diretos no País (IDP)

Os investimentos diretos no país somaram US$ 5,2 bilhões em setembro de 2024, um valor ligeiramente superior ao do ano anterior. O IDP é fundamental para financiar o déficit em transações correntes, pois representa investimentos produtivos que geram emprego e crescimento.

Apesar da estabilidade, o aumento do déficit nas transações correntes pode dificultar a atração de capital externo.

Investimentos em carteira

Os investimentos em carteira apresentaram um saldo líquido de US$ 3,1 bilhões. Houve ingressos de US$ 4,3 bilhões em títulos de dívida, mas saídas líquidas de US$ 1,3 bilhão em ações e fundos de investimento.

Isso sugere que investidores estão buscando menos risco, preferindo títulos de dívida devido à incerteza econômica.

Reservas internacionais

As reservas internacionais somaram US$ 372,0 bilhões em setembro de 2024. Houve um aumento de US$ 2,8 bilhões em relação ao mês anterior.

Esse crescimento alivia os resultados ruins, já que fortalece a capacidade do país de lidar com choques externos e ajuda a manter a confiança dos investidores.

Impactos na população e na economia

Os indicadores do balanço de pagamentos têm efeitos práticos sobre a população. A redução do superávit comercial e o aumento dos déficits pressionam o câmbio, resultando em uma moeda desvalorizada.

Essa desvalorização impacta a inflação, tornando produtos e serviços importados mais caros. Além disso, o aumento dos déficits reduz a capacidade do governo de investir em setores essenciais, como saúde e educação, afetando a qualidade de vida dos cidadãos.