O mercado reagiu com intensidade nesta quarta-feira (11) após a notícia de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de 79 anos, passará por uma nova cirurgia na cabeça. O dólar caiu, a bolsa disparou e os juros futuros despencaram.
Mas, segundo o governo, os indicadores positivos foram impulsionados pela elevação da taxa Selic de 11,25% para 12,25% ao ano, anunciada também nesta quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
O dólar comercial fechou o dia a R$ 5,90, enquanto a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) registrou uma alta de 1,06%.
O recuo expressivo do dólar aconteceu por volta das 16h30, quando a moeda estava cotada a R$ 6,01. Após a divulgação da notícia sobre a nova cirurgia do presidente, o dólar caiu para R$ 5,92, uma queda de 1,50%, em questão de minutos.
Mais tarde, a moeda voltou a subir, mas permaneceu, pela primeira vez desde 28 de novembro, abaixo dos R$ 6.
A mesma reação positiva foi observada no Ibovespa. O principal índice da B3 estava em 127,8 mil pontos às 16h30. Em apenas dez minutos, subiu 2,3%, alcançando 130,8 mil pontos às 16h40. O índice fechou o dia com alta de 1,06%, aos 129,5 mil pontos, às 18h.
Os juros futuros, que refletem as expectativas do mercado para a Selic nos próximos anos, caíram 30 pontos base (-0,32%), em um movimento atípico.
Esse recuo impactou os títulos públicos IPCA+, especialmente o mais popular, com vencimento em 2035, que registrava um juro real de 6,83% pouco antes das 16h30.
Quando a notícia sobre a nova cirurgia de Lula foi anunciada, o mercado de títulos entrou em leilão, sinalizando uma movimentação atípica. Mais tarde, o título reapareceu no Tesouro Direto com uma taxa de 6,72%. Na terça-feira, ele havia fechado com uma taxa de 6,89%.
Em suas redes sociais, a economista Renata Barreto, da Faz Capital, destacou “o tamanho da bizarrice” na expectativa do mercado sobre a possibilidade de Lula ser substituído por alguém mais moderado.
“Não é que o mercado seja malvado e queira que o Lula morra”, disse Renata. “O mercado é o termômetro, o mercado é apolítico, ele apenas sinaliza coisas. São várias instituições, bancos, empresas trabalhando ao mesmo tempo, o mercado não tem dono. É surreal como uma eventual substituição do presidente por alguém mais moderado é positiva para o Brasil, alguma coisa está muito errada com esse país.”
“O mercado é um espelho das relações econômicas e quais são as expectativas futuras”, acrescentou a economista. “Ele [mercado] ganha dinheiro de qualquer jeito, não tem interesse em político A, B ou C. Esta quarta-feira foi um dia emblemático pela a bizarrice que representou.”