A economia brasileira enfrenta quedas de produtividade em 2024 na indústria de transformação e na fruticultura, especialmente no setor de laranjas. Esses setores apresentam resultados preocupantes, levantando questões sobre a recuperação econômica do país no curto prazo.
Segundo um relatório da Confederação Nacional da Indústria (CNI) publicado na quarta-feira (14), a produtividade do trabalho na indústria de transformação, medida pelo volume produzido dividido pelas horas trabalhadas, caiu 1,3% no primeiro trimestre de 2024 em comparação ao trimestre anterior. Esse declínio interrompe uma recuperação que vinha se desenhando desde o final de 2023. Comparado ao primeiro trimestre de 2023, houve um pequeno crescimento de 0,5%.
Essa queda é atribuída ao descompasso entre o aumento da produção, que cresceu 1,0%, e o crescimento maior das horas trabalhadas, que subiu 2,3%. O aumento na demanda por bens manufaturados, que cresceu 5,2% nos últimos cinco meses, não compensou o impacto negativo da maior carga de trabalho sem o correspondente aumento na eficiência.
A CNI destacou que a abertura de novos postos de trabalho, sem o tempo necessário para o treinamento e adaptação dos trabalhadores, contribuiu para a queda na produtividade por hora trabalhada. Além disso, a produção nacional tem sido pressionada por importações que atendem grande parte da demanda interna, gerando preocupações sobre a capacidade da indústria nacional de se recuperar em um cenário global cada vez mais competitivo.
Citricultura sofre com queda na produção e aumento de custos
Paralelamente, um relatório da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) publicado na terça-feira (13) destaca um cenário ainda mais desafiador para a fruticultura, especialmente a citricultura. A safra de laranja 2024/25 está prevista para atingir 232,38 milhões de caixas de 40,8 kg, uma queda de 24,4% em relação ao ciclo anterior. Esse declínio é atribuído a fatores climáticos adversos e ao aumento da incidência do Greening, uma doença que tem devastado os pomares no cinturão citrícola.
A queda de produtividade na citricultura vem acompanhada por um aumento significativo nos custos de produção. Dados do Projeto Campo Futuro mostram que o Custo Operacional Efetivo (COE) médio por caixa de laranja subiu 77% no último ano, quase dobrando os custos de produção. Esse aumento, combinado com a queda na produção, reduziu significativamente as margens de lucro dos produtores.
O setor tem respondido com estratégias de manejo mais rigorosas, como a intensificação do controle do Greening e a migração da produção para áreas menos afetadas, como os estados do Centro-Oeste e do Sul do Brasil. No entanto, essas medidas têm impacto limitado a curto prazo, e a recuperação plena da produtividade parece distante.