Incerteza econômica no Brasil aumenta e retorna a patamar desfavorável, aponta FGV

Pressões fiscais internas e dúvidas sobre políticas econômicas dos EUA impulsionam alta do indicador para 110,4 pontos em novembro.

Por Redação Epoch Times Brasil
02/12/2024 09:48 Atualizado: 02/12/2024 09:48

A incerteza econômica no Brasil voltou a aumentar, impulsionada pelas pressões fiscais internas e por fatores externos que incluem a falta de confiança nas medidas econômicas internas em relação às políticas econômicas do novo governo dos Estados Unidos.

O Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br), publicado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), subiu 5,6 pontos em novembro, alcançando 110,4 pontos. Assim, o indicador retornou à faixa desfavorável, acima dos 110 pontos, da qual havia se afastado em julho deste ano.

Segundo a economista Anna Carolina Gouveia, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (IBRE), “pressionado por fatores internos e externos [… internamente] o aumento da incerteza foi influenciado pela expectativa em torno do anúncio de novas medidas fiscais. Externamente, o cenário foi marcado por dúvidas sobre as diretrizes de política econômica do novo governo norte-americano”.

O indicador é composto por dois elementos principais: o IIE-Br Mídia e o IIE-Br Expectativa.

O IIE-Br Mídia reflete a frequência de notícias sobre incerteza econômica nas mídias impressa e online. Já o IIE-Br Expectativa mede a dispersão nas previsões dos especialistas para variáveis macroeconômicas, como taxa de câmbio e taxa Selic, com base nas estimativas dos analistas econômicos presentes na pesquisa Focus do Banco Central.

O componente de Mídia do IIE-Br subiu 4,5 pontos em novembro, para 108,5 pontos, contribuindo com 3,9 pontos para a alta do índice agregado.

O componente de Expectativas subiu 7,6 pontos, alcançando 113,8 pontos, o que gerou uma contribuição positiva de 1,7 ponto no indicador geral.

A insegurança no âmbito fiscal e as consequentes expectativas de ajuste nas políticas monetárias também influenciarão a formação das taxas de juros e a trajetória do dólar para os próximos meses.

Esse cenário de incerteza tem impacto direto na percepção dos agentes econômicos, que ficam mais cautelosos em relação a novos investimentos, especialmente no curto prazo.

“O mercado vai cobrar não apenas um aumento de no mínimo 0,75 ponto percentual na Selic, mas também um comunicado que renove de forma incisiva o compromisso de trazer a inflação para a meta, além da decisão unânime [entre os diretores do BC]”, destacou Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, em conversa com o uol. “Voltar para R$ 5,50 já ficou distante. Qualquer sinal de que a inflação acima da meta será tolerada pela nova diretoria do Bacen pode abrir caminho para a busca dos R$ 6,50”.