A demanda interna por bens industriais no Brasil registrou alta de 0,5% em outubro, na comparação com o mês anterior, segundo dados do Indicador Ipea Mensal de Consumo Aparente de Bens Industriais, divulgado na terça-feira (17).
O consumo aparente de bens industriais é uma medida que combina a produção doméstica voltada ao mercado interno com as importações. O resultado de outubro foi superior ao crescimento de 0,3% registrado em setembro.
O aumento na demanda foi suprido por um crescimento de 0,8% nas importações de bens industriais. Ao mesmo tempo, a produção nacional destinada ao mercado interno apresentou retração de 0,5%.
Produção interna sofre queda
A produção nacional destinada ao mercado interno recuou após apresentar resultados positivos nos meses anteriores. A queda foi impulsionada, principalmente, pela retração de 19,8% na indústria extrativa.
Por outro lado, a indústria de transformação registrou crescimento de 2% em outubro. Este desempenho ajudou a mitigar a queda na produção total.
No acumulado trimestral encerrado em outubro, a indústria de transformação apresentou alta de 1,8%.
Importações crescem
As importações de bens industriais aumentaram 0,8% em outubro. Este crescimento foi decisivo para sustentar a demanda interna no período.
No acumulado de 12 meses, a demanda por bens industriais subiu 5%, superando o avanço de 3% registrado pela produção nacional. Este resultado reflete uma maior participação de bens importados no atendimento ao consumo interno.
Desempenho setorial é misto
Entre as categorias econômicas, a demanda por bens duráveis, como carros, casas e bens de uso contínuo, apresentou o maior crescimento em outubro, com alta de 6,8%.
Já a demanda por bens de capital, que são produtos ou equipamentos utilizados pelas empresas para a produção de outros bens ou serviços, caiu 0,8% no mesmo período.
Os bens intermediários, que são insumos para produção de outros bens, também registraram desempenho positivo, com alta de 1,2% na margem.
No setor de transformação, 16 dos 22 segmentos analisados tiveram crescimento. Destaques incluem o segmento de vestuário, com alta de 9,9%, e o de veículos, que cresceu 4,2%.
Comparação com o ano anterior
Na comparação com outubro de 2023, a demanda interna apresentou crescimento de 10,6%. No trimestre móvel encerrado em outubro, a alta foi de 7,9%.
Entre os segmentos, aparelhos elétricos lideraram os avanços interanuais, com crescimento de 34,3%. Veículos também apresentaram destaque, com alta de 32% no período.
Dados acumulados
No acumulado do ano, a demanda interna segue em trajetória de alta. Entretanto, a produção nacional enfrenta dificuldades para acompanhar este ritmo.
O desempenho acumulado em 12 meses confirma a dependência crescente das importações para atender à demanda. Com o aumento do dólar a tendência é que os efeitos na inflação devem ocorrer mais rápido que o esperado pelo mercado.