O dólar encerrou a quarta-feira (18) cotado a R$ 6,2657, após alta de 2,78%. Este é o maior patamar da moeda americana desde o início do Plano Real, em 1994.
O principal fator para a disparada foi o agravamento das incertezas fiscais no Brasil. A aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 pelo Congresso ampliou os receios ao manter despesas fora do arcabouço fiscal.
Entre os pontos aprovados estão reajustes no fundo partidário e autorização para gastos de estatais, contrariando o objetivo do governo de reduzir despesas públicas. A medida foi mal recebida pelo mercado.
Na terça-feira (17), a votação de parte do pacote fiscal proposto pelo Executivo foi adiada. Os projetos pendentes incluem mudanças na regra do salário mínimo e no abono salarial.
A instabilidade fiscal tem mantido elevada a volatilidade do mercado cambial. Especialistas apontam que a demora na aprovação das medidas aumenta o risco de desvalorização do real.
Desde o início de dezembro, o Banco Central realizou leilões extraordinários de dólar, injetando US$ 12,7 bilhões no mercado. Apesar disso, a cotação do dólar segue em alta.
No cenário internacional, o Federal Reserve (Fed) reduziu os juros em 0,25%, para o intervalo entre 4,25% e 4,5% ao ano. Essa foi a terceira redução do ano.
Normalmente, cortes de juros nos Estados Unidos aumentam a atratividade de mercados emergentes, como o Brasil, devido a maiores taxas de juros resultarem em maiores recompensas para investimentos. Contudo, as incertezas fiscais impediram que esse movimento beneficiasse o real.
Durante coletiva de imprensa, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que as projeções de inflação e juros nos EUA seguem altas, o que poderia levar o Federal Reserve a interromper novos cortes na taxa de juros americana. Isso sugere que o aperto monetário pode durar mais tempo.
As declarações de Powell fortaleceram o dólar no cenário global. O índice DXY, que mede a moeda americana frente a outras divisas fortes, subiu 1%, pressionando ainda mais o real.
Analistas consideram que as intervenções do Banco Central e do Tesouro não têm efeito significativo sem uma solução para os problemas fiscais. O mercado vê o pacote fiscal como essencial.
Elson Gusmão, diretor da Ourominas, destacou ao e-investidor do Estadão que o risco fiscal é o principal fator que pesa sobre o câmbio no Brasil. Ele alerta que “qualquer notícia negativa pode disparar o dólar”.
A incerteza também afeta as projeções de inflação para 2025, que foram revisadas para cima por algumas instituições financeiras, reforçando o cenário de instabilidade econômica.