O dólar iniciou a semana em alta na segunda-feira (2), superando a marca de R$ 6, em meio à falta de clareza nas políticas fiscais do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e expectativas em relação aos dados de emprego nos Estados Unidos. Às 9h10, a moeda norte-americana atingiu a máxima de R$ 6,04.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou recentemente um pacote fiscal que inclui a expectativa de uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos. No entanto, analistas financeiros apontam que o governo exagerou nas projeções de arrecadação.
Além disso, a isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5.000, prevista para entrar em vigor apenas em 2026, gerou controvérsias, uma vez que poderá impactar negativamente a arrecadação.
Para compensar essa perda, Haddad sugere um aumento na cobrança de impostos sobre os mais ricos, aqueles com rendimentos superiores a R$ 50.000, embora não tenha fornecido detalhes claros sobre a implementação dessa medida.
A tensão fiscal também aumentou com a redução nos bloqueios do Orçamento de 2024. O governo divulgou na noite de sexta-feira (29) um relatório que diminui o congelamento de despesas de R$ 6 bilhões para R$ 1,7 bilhão, embora esse valor não tenha sido antecipado à imprensa.
O relatório, que trata da Avaliação Bimestral de Receitas e Despesas, trouxe cortes na área da cultura, com a redução de R$ 1,3 bilhão na Lei Aldir Blanc, e um aumento de R$ 2,7 bilhões na previsão de arrecadação com o programa “Desenrola Agências” — destinado à normalização de dívidas das agências reguladoras.
Apesar da diminuição no valor congelado, que caiu de R$ 19,3 bilhões para R$ 17,6 bilhões, o governo não recorreu a contingenciamentos, o que indica que a frustração de receitas esperadas ainda não se materializou.
Contudo, houve bloqueios — mecanismos nos quais o governo revisa as despesas do Orçamento, que estavam maiores em relação ao permitido pelo arcabouço fiscal.
Congelamentos nos ministérios
Entre os ministérios mais afetados pelos bloqueios orçamentários estão Saúde, Educação, Cidades, Transportes e Desenvolvimento Regional, com cortes significativos em suas previsões de gastos para 2024.
Estes são os congelamentos por pasta:
- Saúde — R$ 4,38 bilhões;
- Educação — R$ 3,04 bilhões;
- Cidades — R$ 2,47 bilhões;
- Transportes — R$ 1.93 bilhão;
- Desenvolvimento Regional — R$ 1,03 bilhão.
No cenário internacional, o mercado aguarda com atenção os dados de criação de empregos nos Estados Unidos, que serão ao longo da semana. Esses números podem influenciar a política monetária do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, e impactar a cotação do dólar.
Caso a criação de vagas de trabalho seja menor do que o esperado, existe a possibilidade de o Fed reduzir os juros para estimular a economia, o que também pode afetar o comportamento da moeda americana no mercado mundial.
Na última sexta-feira (29), o dólar fechou o dia cotado a R$ 6,001 atingindo seu maior valor nominal de fechamento histórico.