A dívida bruta do Brasil ultrapassou pela primeira vez na história a marca de R$ 9 trilhões. Segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC) na sexta-feira (29), o montante somou R$ 9,032 trilhões em outubro de 2024 — num aumento de 1,16% em relação ao mês anterior, e de 14,13% se comparado a outubro de 2023.
O crescimento da dívida foi de R$ 952,6 bilhões em 2024, com um acréscimo de R$ 1,807 trilhão durante o atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) inclui o endividamento do governo federal, do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e dos governos estaduais e municipais.
Desde 2006, quando a série histórica da DBGG foi iniciada, a dívida brasileira apresentou aumentos consideráveis a cada governo.
Durante o segundo mandato de Lula (2007-2010), o estoque da dívida subiu R$ 674,9 bilhões; já no primeiro governo de Dilma Rousseff (2011-2014), o aumento foi de R$ 1,241 trilhão. Nos governos Dilma e Temer (2015-2018), a alta foi de R$ 2,020 trilhões; seguida de um acréscimo de R$ 1,952 trilhão no governo Bolsonaro (2018-2022).
A dívida bruta atingiu 78,64% do Produto Interno Bruto (PIB) em outubro — maior patamar desde outubro de 2021, quando estava em 79,1%. Em 2024, a dívida aumentou 4,22% em relação ao PIB, e 6,96% desde o início do governo Lula.
Outro impacto significativo foi registrado nos gastos com juros da dívida, que atingiram R$ 111,6 bilhões em outubro de 2024 — um aumento de 80,3% em relação ao mesmo mês de 2023, quando totalizaram R$ 61,9 bilhões.
Esse crescimento reflete os elevados custos do financiamento da dívida, em função da taxa de juros Selic ainda em níveis altos, o que encarece o serviço da dívida pública.
O resultado nominal do setor público consolidado, que inclui gastos com juros da dívida no total de R$ 869,3 bilhões, apresentou um déficit de R$ 74,1 bilhões em outubro de 2024.
No acumulado dos últimos 12 meses até outubro, o déficit nominal atingiu R$ 1,093 trilhão, equivalente a 9,52% do PIB.