Por Bryan Jung
O Departamento de Justiça (DOJ) anunciou no dia 17 de fevereiro que está lançando uma iniciativa para investigar empresas que estão lucrando com interrupções na rede de fornecimento nos Estados Unidos, em violação às leis antitruste.
A iniciativa, que será liderada pela divisão antitruste do Departamento de Justiça e pelo FBI, ocorre em meio à pressão pública sobre o governo Biden para lidar com o aumento da inflação de preços causada pela escassez, entre outros fatores.
A Casa Branca está enfrentando uma pressão crescente para aliviar a inflação, já que os preços ao produtor subiram 9,7 por cento em janeiro, uma alta quase recorde.
“O desafio persistente das interrupções da pandemia na rede global de fornecimento criou uma oportunidade para os criminosos fixarem preços e sobrecarregarem os clientes”, afirmou o diretor assistente Luis Quesada, da Divisão de Investigação Criminal do FBI.
“O FBI e nossos parceiros de aplicação da lei continuarão a colaborar e investigar esquemas que violam nossas leis antitruste e sufocam nossa recuperação econômica”, acrescentou.
A economia foi assolada por atrasos na rede de fornecimento e escassez de mão de obra nos negócios e no varejo, causando picos de preços em todo o país, em grande parte devido à pandemia.
O DOJ acredita que os problemas da cadeia de suprimentos deixaram uma oportunidade para as empresas fixarem preços e sobrecarregarem os clientes “para seu próprio ganho ilícito”, e que o departamento e o FBI processarão quaisquer violações antitruste que descobrirem.
“Não se deve permitir que interrupções temporárias na rede de fornecimento escondam condutas ilegais”, declarou o procurador-geral assistente Jonathan Kanter, da Divisão Antitruste do Departamento de Justiça.
O FBI processará violações antitruste, incluindo acordos entre indivíduos e empresas para fixar preços ou salários como atos de conluio, afirmou o DOJ.
“A Divisão Antitruste não permitirá que as empresas façam conluio para sobrecarregar os consumidores sob o pretexto de interrupções na cadeia de suprimentos”, relatou Kanter.
A divisão antitruste também formou um grupo de trabalho internacional com foco no suposto conluio da rede global de fornecimento com suas contrapartes no Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia e Canadá.
Este grupo de trabalho internacional, formado pelos cinco principais países da Anglosfera, também conhecido como Five-Eyes, compartilhará inteligência utilizando ferramentas de investigação comuns existentes, para detectar e combater esquemas de conluio.
Enquanto isso, a Casa Branca lançou uma campanha contra o que chama de “Big Meat”, acusando a consolidação da indústria frigorífica de estar por trás dos aumentos de preços nesse setor.
“Você poderia chamar isso de ganância corporativa, com certeza”, declarou a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, em dezembro.
“Você poderia chamar isso de aumentar os preços durante uma pandemia”, relatou Psaki.
Grupos da indústria e a Câmara de Comércio dos EUA, no entanto, apontam para a escassez de mão de obra e custos de energia, em vez de consolidação como o problema.
“A administração Biden continua ignorando o desafio número um para a produção de carne e aves: escassez de mão de obra”, respondeu a CEO do North American Meat Institute, Julie Potts, em comunicado à imprensa.
“Essa abordagem cansada não é surpreendente porque eles se recusaram a se envolver com o setor de embalagem e processamento que atacam, chegando ao ponto de realizar uma mesa redonda sobre embalagem de carne sem um único embalador de carne bovina ou suína presente”, continuou Potts.
O governo Biden tem concentrado grande parte de seus esforços em portos lotados na Costa Oeste, a fim de desobstruir as redes de fornecimento dos EUA.
Autoridades afirmaram que a situação está melhorando, mas o Porto de Long Beach ainda está lidando com um acúmulo de navios de carga ociosos.
A Associated Press contribuiu para esta reportagem.
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