Déficit acumulado em 2024 atinge R$ 100 bilhões, apesar de aumento nos impostos

Receitas impulsionadas por impostos sobre importação e indústria crescem, mas despesas obrigatórias continuam pressionando as contas públicas.

Por Matheus de Andrade
13/09/2024 16:19 Atualizado: 13/09/2024 16:19

O governo central registrou um déficit primário de R$ 22,8 bilhões em agosto de 2024, segundo dados preliminares do  Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A arrecadação, no entanto, vem crescendo, principalmente por impostos sobre importação e produtos industriais.

O relatório, com base no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), apontou despesas de R$ 171,2 bilhões, um aumento real de 1,9% em relação a agosto de 2023. As receitas líquidas foram de R$ 148,4 bilhões, com crescimento real de 5,8% no período

Crescimento das receitas

O aumento das receitas foi impulsionado pela Receita Federal, que registrou um crescimento real de 10,8% em agosto de 2024, somando R$ 118,5 bilhões. Entre os tributos, o Imposto de Importação teve alta de 38,4%, enquanto o Imposto sobre Produtos Industrializados cresceu 41,2%.

O Imposto de Renda também teve um desempenho positivo, com aumento de 14,6%. As contribuições sociais, como a Cofins e o PIS/Pasep, registraram avanços de 16,8% e 10,1%, respectivamente.

As receitas da Previdência Social cresceram 8,1%, alcançando R$ 53,5 bilhões, impulsionadas pelo aumento do emprego formal e da massa salarial.

No acumulado do ano, as receitas líquidas somaram R$ 1,396 trilhão, um aumento real de 8,4% em relação ao mesmo período de 2023. Em 12 meses, o governo central arrecadou R$ 2,094 trilhões, um crescimento de 7,1% comparado ao período anterior.

Despesas impulsionadas por gastos obrigatórios

As despesas do governo central totalizaram R$ 171,2 bilhões em agosto, impulsionadas principalmente por gastos obrigatórios. Houve um aumento de 45,2% nas “outras despesas obrigatórias”, que somaram R$ 30,9 bilhões, incluindo o Benefício de Prestação Continuada (BPC), a Renda Mensal Vitalícia (RMV), precatórios, sentenças judiciais e repasses ao Fundeb.

As despesas com benefícios previdenciários, como aposentadorias e pensões, cresceram 3,7%, totalizando R$ 72,6 bilhões. Os gastos com pessoal e encargos sociais, que envolvem servidores públicos, caíram 2,1%, somando R$ 27,9 bilhões.

No acumulado do ano até agosto, as despesas chegaram a R$ 1,496 trilhão, um aumento real de 7,0% em relação a 2023, impulsionado também por despesas obrigatórias.

Nos últimos 12 meses, o total foi de R$ 2,322 trilhões, crescimento de 14,0% em comparação ao período anterior.

Déficit acumulado no ano e em 12 meses

No acumulado de 2024 até agosto, o déficit primário do governo central foi de R$ 100,1 bilhões, uma melhora em relação ao déficit de R$ 109,3 bilhões registrado no mesmo período de 2023. Esse resultado se deve ao aumento das receitas, que cresceram 8,7%, enquanto as despesas continuaram subindo, mas em ritmo menor.

Por outro lado, nos últimos 12 meses, o déficit primário chegou a R$ 228,2 bilhões até agosto de 2024, um aumento significativo em comparação aos R$ 81,5 bilhões registrados no período anterior. Esse crescimento de 179,9% é explicado pelo aumento contínuo das despesas, especialmente em áreas obrigatórias, como benefícios previdenciários e pagamento de precatórios, que pressionam as contas públicas.