O superávit comercial brasileiro caiu em 2024 devido ao aumento das importações e ao desempenho fraco das exportações. A queda do superávit comercial em 2024 reflete desafios econômicos, como menor competitividade externa e maior dependência de produtos importados.
Segundo o relatório ICOMEX da FGV, o saldo acumulado até agosto recuou de US$ 62,4 bilhões em 2023 para US$ 54,1 bilhões em 2024, uma queda de 13,3%.
Em agosto de 2024, o superávit mensal foi de US$ 4,8 bilhões, comparado aos US$ 9,6 bilhões no mesmo mês de 2023. A queda foi impulsionada pelo aumento de 13% nas importações e pela retração de 6,5% nas exportações. O relatório indica que essa tendência começou em maio de 2024.
Setores em destaque
O setor de “Petróleo e Derivados” acumulou superávit de US$ 20,3 bilhões até agosto de 2024, representando 37,5% do total. Outros setores, como agropecuária e indústria de transformação, tiveram quedas, desacelerando o superávit geral.
As exportações de petróleo bruto cresceram 17,9% em volume, ajudando a compensar as perdas. A China recebeu 20% dessas exportações, e a União Europeia, 25,6% em agosto.
Queda nas exportações agropecuárias
O setor agropecuário teve queda de 11,3% nas exportações em agosto de 2024, com destaque para a soja (-16,4% em valor, -4,1% em volume) e o milho (-35,2% em volume).
No acumulado até agosto, houve leve alta de 3,8% no volume, mas com queda nos preços, impactada pela menor demanda e recuperação de estoques na China e União Europeia.
Indústria de transformação
A indústria de transformação enfrentou dificuldades em 2024, com queda de 2,1% nas exportações em agosto. Produtos como açúcar e carne bovina registraram retração, embora os óleos combustíveis e a carne bovina tenham crescido em volume, com aumentos de 31,5% e 17,4%, respectivamente.
O ICOMEX destaca que o aumento das importações de bens de capital pela indústria de transformação pode sinalizar otimismo dos empresários, sugerindo possíveis novos investimentos nos próximos meses.
Aumento das importações
Enquanto as exportações enfrentaram dificuldades, as importações cresceram significativamente em 2024. No acumulado até agosto, as importações aumentaram 6,6%, com destaque para bens de capital, que subiram 14,2%, refletindo investimentos em infraestrutura e modernização de maquinários, especialmente na indústria de transformação.
As importações agropecuárias também cresceram 36,3% no período, impulsionadas por produtos como trigo (+96,2%) e soja (+646%). A demanda interna por soja, apesar de o Brasil ser um grande produtor, foi um dos fatores que aumentou as compras do grão.