Crédito do BNDES para indústria supera agronegócio pela primeira vez desde 2016

Apesar do aumento do crédito para a indústria, produção segue abaixo do esperado, enquanto agronegócio mostra alta produtividade.

Por Redação Epoch Times Brasil
05/11/2024 13:45 Atualizado: 05/11/2024 13:45

Pela primeira vez desde 2016, o volume de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) destinado à indústria superou o destinado ao agronegócio.

De acordo com dados divulgados, até setembro de 2024, os financiamentos aprovados para o setor industrial representaram 27% do total, enquanto o agronegócio ficou com 26%.

Esse movimento reflete uma estratégia renovada do governo e do BNDES em fomentar a produção industrial e fortalecer a indústria nacional em busca de um crescimento mais sustentável e diversificado.

No período, o BNDES aprovou R$ 154 bilhões em financiamentos para o programa Nova Indústria Brasil. Desse total, R$ 9 bilhões — o maior montante já registrado pela instituição nessa área — foram destinados exclusivamente para projetos de inovação.

A inovação inclui tanto a modernização de processos industriais quanto o desenvolvimento de uma indústria mais digital, sustentável e competitiva no mercado internacional.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, atribuiu a maior participação da indústria no crédito ao aumento dos investimentos.

“Houve uma mudança na qualidade do crescimento do Brasil, liderado pela indústria e pelos investimentos. Temos um grande desafio coletivo de dar prosseguimento a esses indicadores tão promissores, que revelam a confiança no investimento e na expansão de capacidade produtiva”, afirmou Mercadante.

Produtividade da Indústria e do Agro

Contudo, o crescimento do volume de crédito destinado à indústria não tem refletido diretamente no aumento da produção.

Dados recentes mostram que a produção industrial brasileira não tem conseguido acompanhar o aumento da demanda interna, mantendo-se aquém do ideal.

Em agosto deste ano, por exemplo, a demanda por bens industriais cresceu 0,6%, enquanto a produção nacional destinada ao mercado interno recuou 0,4%.

Além disso, há relatos de quedas na produção em diversos setores, mesmo com o aumento de empregos. Isso indica que a expansão da mão de obra não tem se traduzido em maior produtividade.

Em contraste, o agronegócio brasileiro tem mostrado maior produtividade, mesmo enfrentando desafios no mercado internacional, como a queda nos valores das exportações.

Em 2023, o Brasil registrou recordes na produção pecuária, atingindo o maior rebanho bovino da história e também avanços significativos na produção de leite, ovos e mel.

Além disso, para a safra 2024/2025, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta um aumento de 8,3% na produção de grãos, totalizando 322,47 milhões de toneladas — um novo recorde.

O desempenho do agronegócio reflete a capacidade do setor em lidar com variáveis adversas e ainda assim garantir altos níveis de produtividade. A indústria, por sua vez, apesar do aumento de crédito e dos esforços para inovação, enfrenta desafios que demandam soluções estruturais para aumentar a eficiência e produção.

Apesar desse contraste, os dois setores econômicos se cruzam já que, cada vez mais, os setores industriais e agrícolas estão mais conectados entre si.