O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu na quarta-feira (11) elevar a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual, chegando a 12,25% ao ano. Essa foi a maior alta desde maio de 2022, quando o país ainda se recuperava da pandemia de COVID-19 e dos lockdowns.
A decisão reflete a avaliação do comitê sobre um cenário econômico mais desafiador, tanto no contexto doméstico quanto internacional. Além disso, aponta para possíveis novos ajustes de igual magnitude nas próximas reuniões.
A decisão foi unânime entre os membros do comitê, liderado pelo presidente Roberto Campos Neto.
Cenário internacional desafiador
No âmbito global, o Copom destacou a conjuntura adversa nos Estados Unidos. Isso gera incertezas sobre os ritmos de desaceleração econômica, desinflação e a postura do Federal Reserve (Fed).
Os bancos centrais das principais economias seguem empenhados em atingir suas metas de inflação. Esse contexto é marcado por pressões nos mercados de trabalho, o que mantém a inflação persistente e influencia diretamente o custo global do crédito.
Para economias emergentes como o Brasil, essa conjuntura representa um desafio adicional. Fluxos de capital podem se reduzir, conforme os países desenvolvimento se tornam mais atrativos, elevando a taxa de câmbio e importando inflação para o país, que já vem de medidas fiscais mal recebidas pelo mercado.
Cenário doméstico em foco
No Brasil, a economia e o mercado de trabalho estão crescendo acima do esperado. Um exemplo disso foi o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre, que mostrou que o país está produzindo mais do que o previsto.
Mesmo assim, a inflação continua alta e acima do objetivo definido pelo governo devido à explosão de demanda através de crédito durante todo o ano de 2024. Os últimos dados indicam que os preços, em geral, estão subindo mais rápido do que o desejado, afetando tanto os custos gerais quanto os itens mais básicos.
As expectativas sobre a inflação também pioraram. Segundo a pesquisa Focus, especialistas projetam que a inflação fique em 4,84% para 2024 e 4,59% para 2025, valores ainda distantes da meta (3,5%).
O Banco Central, no entanto, espera que a inflação se estabilize em 4,0% no segundo trimestre de 2026. Essa previsão está alinhada ao esforço de reduzir gradualmente a alta dos preços para níveis mais controlados.
Riscos e desafios
O Copom identificou um cenário que parece menos incerto, mas ainda mais desafiador do que na reunião anterior.
Entre os riscos de alta na inflação, o Banco Central alertou que as expectativas sobre os preços podem ficar descontroladas por mais tempo. Além disso, a inflação dos serviços, como aluguel e transporte, pode permanecer elevada devido ao aquecimento da economia.
Outro ponto de atenção é a influência de fatores internos e externos sobre o câmbio. Se o real continuar desvalorizado, os produtos importados, como combustíveis e eletrônicos, ficarão mais caros, pressionando os preços no Brasil.
Por outro lado, existem riscos de queda na inflação, como uma desaceleração mais forte da economia global do que o esperado. Isso pode reduzir a demanda por produtos e aliviar a pressão sobre os preços.
O Copom também mencionou que o aperto nas políticas monetárias em todo o mundo pode contribuir para reduzir a inflação global de maneira mais rápida que o previsto.