As projeções para o desempenho econômico do Brasil em 2024 têm gerado divergências entre as expectativas do governo federal e as do mercado financeiro. O Ministério da Fazenda é otimista, enquanto o Relatório Focus, do Banco Central, aponta cautela em PIB, inflação e taxa Selic.
De acordo com o Boletim Macrofiscal de novembro, o governo federal projeta um crescimento do PIB de 3,3% para 2024, impulsionado pelo desempenho positivo dos setores de serviços e indústria.
Já o mercado financeiro, por meio do Relatório Focus de 14 de novembro, apresenta uma expectativa mais conservadora, com crescimento de 3,10%.
Essa diferença, embora não seja muito expressiva, reflete um otimismo maior por parte do governo em relação à recuperação econômica.
O setor agropecuário, por exemplo, teve sua retração revisada para cima, reduzindo o impacto negativo previsto.
Enquanto isso, a indústria e os serviços mantêm uma trajetória de crescimento moderado.
Para 2025, ambas as previsões convergem para um crescimento mais modesto. O governo, no entanto, estima 2,5% e o mercado aponta para 1,94%.
Esse cenário sugere uma desaceleração, resultado de políticas monetárias mais restritivas e menores estímulos fiscais que deverão ser tomadas devido à alta da inflação.
Inflação e Selic em direções opostas
A inflação também é um ponto de divergência. O governo federal projeta um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,40% para 2024.
Por outro lado, o mercado financeiro, por meio do Focus, elevou suas expectativas para 4,64%.
Esse aumento reflete preocupações com o impacto da desvalorização do real e aumento dos custos de commodities. Esses fatores pressionam os preços de alimentos e energia.
Essas diferenças têm impacto direto no bolso dos brasileiros. Uma inflação mais alta implica em perda de poder de compra e encarecimento dos produtos básicos.
Além disso, o mercado projeta uma taxa de câmbio de R$ 5,60 por dólar, sugerindo uma desvalorização do real. Isso pode elevar os preços de produtos importados, como alimentos e combustíveis, afetando o custo de vida da população.
Em relação à Selic, o governo espera que a taxa de juros se mantenha estável. No entanto, o mercado aponta para uma possível alta, chegando a 12,00% ao ano em 2025.
O aumento da Selic encarece o crédito, dificultando o acesso a financiamentos e empréstimos. Isso prejudica o consumo das famílias e os investimentos das empresas.
Endividamento e déficit fiscal preocupam
Outro ponto de atenção é a dívida bruta do governo. O governo federal estima que a dívida termine 2024 em 78,3% do PIB.
O mercado não faz previsão direta sobre este indicador específico, mas projeta a dívida líquida do setor público em 63,50% do PIB para o mesmo período.
O aumento da dívida pública, combinado com taxas de juros elevadas, torna o custo do financiamento cada vez mais alto. Isso limita os investimentos públicos em áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura.
No quesito resultado primário, o governo projeta um déficit de 0,53% do PIB para 2024. Enquanto isso, o mercado financeiro mantém uma previsão de -0,60% do PIB.
Embora ambos indiquem um cenário deficitário, a previsão do mercado é um pouco mais pessimista. Isso reflete uma possível deterioração das contas públicas.
Essa situação pode significar menos recursos para políticas sociais e investimentos que beneficiem a população. Além disso, mantém o risco de aumento da carga tributária.
Impacto no cotidiano da população
Essas projeções têm implicações práticas para a vida dos brasileiros. Com uma inflação possivelmente mais alta e uma taxa de juros elevada, as famílias enfrentarão um custo de vida maior.
O acesso ao crédito também se tornará mais caro. Itens como alimentos, combustíveis e bens duráveis devem ficar mais caros, enquanto a renda disponível diminui.
Além disso, a perspectiva de menor crescimento em 2025 e o aumento do déficit fiscal podem dificultar a criação de novos empregos, o que acarreta em outros problemas econômicos-sociais.