A Confiança Empresarial no Brasil sofreu um recuo em novembro de 2024, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE). A medição do índice ocorreu antes mesmo do pacote fiscal de Haddad, mostrando uma visão pessimista durante o mês que piorou após o anúncio.
O Índice de Confiança Empresarial (ICE), que mede a percepção geral dos empresários sobre o ambiente econômico, caiu 0,5 ponto, situando-se em 97,4 pontos. Embora o nível de atividade atual da economia se mantenha estável, as expectativas para o futuro não são otimistas, apontando para um cenário desafiador para os próximos meses.
De acordo com a FGV IBRE, a queda do índice reflete movimentos opostos dos seus dois principais componentes. Enquanto o Índice de Situação Atual Empresarial (ISA-E), que mede a percepção dos empresários sobre a situação atual dos negócios, registrou alta de 0,1 ponto, chegando a 98,7 pontos — o maior nível desde setembro de 2022 — o Índice de Expectativas Empresariais (IE-E), que mede as expectativas dos empresários em relação aos próximos meses, caiu 1,0 ponto, atingindo 96,2 pontos.
A incerteza fiscal e a pressão por aumento nos juros internos estão entre os fatores que impactaram negativamente as expectativas dos empresários.
Preocupação com o futuro
O Superintendente de Estatísticas do FGV IBRE, Aloisio Campelo Jr., destacou que as sondagens empresariais mostram uma economia ainda resiliente, mas com um pessimismo crescente em relação aos próximos meses. Outro ponto destacado foi que a coleta dos dados atuais foram feitos antes do anúncio do pacote fiscal de Haddad.
O Índice de Expectativas Empresariais (IE-E), que mede as expectativas dos negócios para os próximos seis meses, registrou a terceira queda consecutiva, caindo 1,8 ponto para 97,4 pontos.
Apesar desse pessimismo, o indicador de ímpeto de contratação se manteve estável. Isso sugere que, pelo menos no curto prazo, as empresas ainda estão dispostas a manter ou até mesmo expandir seus quadros de funcionários.
Esse dado é um dos poucos sinais positivos no relatório, demonstrando que, apesar da cautela, as empresas não planejam cortes expressivos.
Desempenho dos setores
A queda do ICE também refletiu a piora nos índices de confiança da Indústria, de Serviços e de Construção, que registraram recuos de 1,3, 0,3 e 1,5 ponto, respectivamente.
O setor industrial, por exemplo, viu seu índice de confiança recuar para 98,6 pontos, indicando uma perda de ritmo no otimismo em relação à atividade econômica.
No setor de serviços, o recuo levou o índice para 94,9 pontos.
Um destaque positivo foi o setor de Comércio, cujo índice de confiança cresceu 3,7 pontos, alcançando 92,7 pontos.
Ainda que se mantenha como o setor menos confiante da economia, essa alta representa uma reação ao longo dos últimos meses e reflete a expectativa de um aumento de vendas com as festas de fim de ano.
No entanto, o índice de confiança do comércio segue abaixo da média geral dos setores.
Indícios de recuperação e incertezas fiscais
O Índice da Situação Atual Empresarial (ISA-E), que mede a percepção da situação corrente dos negócios, mostrou um pequeno avanço, resultado do aumento na percepção sobre a situação atual.
Houve um crescimento de 0,3 ponto na percepção sobre a demanda atual, enquanto o indicador que avalia a demanda corrente recuou ligeiramente 0,1 ponto.
Assim, a incerteza em relação à política fiscal e os rumos do ajuste nas contas públicas impactaram fortemente as expectativas dos empresários.
A falta de clareza sobre medidas para conter o déficit fiscal contribui para a cautela nos planos de investimento e expansão dos negócios.
Difusão da confiança
A difusão do índice de confiança também sofreu um enfraquecimento em novembro.
Apenas 31% dos 49 segmentos empresariais monitorados pela FGV IBRE apresentaram aumento na confiança. Esse percentual é significativamente menor em relação ao mês anterior, quando mais da metade dos segmentos estava em alta.
O setor de Comércio foi o único a registrar um aumento na difusão da confiança, passando de 50% para 83% dos segmentos em alta.
Em contrapartida, os setores de Indústria, Serviços e Construção apresentaram quedas acentuadas na disseminação de confiança. Apenas 21%, 23% e 27% dos segmentos, respectivamente, registraram melhora.