A confiança dos empresários industriais brasileiros está em queda livre. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) registrou nova retração em dezembro de 2024, caindo 2,5 pontos e alcançando 50,1 pontos, o menor valor desde junho de 2022.
Esse resultado marca a terceira queda consecutiva do índice, acumulando uma perda de 3,2 pontos desde setembro. Os números mostram que o setor está saindo de um estado de confiança para um patamar neutro, onde não há otimismo, mas também não há pessimismo generalizado.
“Nos últimos meses, a retomada da elevação dos juros vem afetando a confiança dos empresários sobre os seus negócios e, principalmente, sobre a economia. Em dezembro, a taxa de câmbio se tornou bastante volátil, trazendo incerteza e impactando a avaliação deles”, afirmou Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI.
Indicadores refletem neutralidade
A média histórica do ICEI é de 53,9 pontos. O dado de dezembro, abaixo dessa média, preocupa especialistas, pois indica que o otimismo do setor industrial está enfraquecendo em plena festas de fim de ano.
Apesar de o índice ainda estar próximo da linha divisória de 50 pontos, ele já não demonstra a confiança necessária para impulsionar investimentos e decisões estratégicas no setor.
Condições atuais e expectativas recuam
Os componentes do ICEI — Índice de Condições Atuais e Índice de Expectativas — também registraram quedas importantes. O Índice de Condições Atuais caiu para 46,5 pontos. Esse resultado reflete uma percepção mais negativa sobre a situação econômica em relação aos últimos seis meses.
A avaliação das condições da economia brasileira despencou para 39,4 pontos. Por outro lado, as condições das empresas ficaram em 50 pontos, um limite que reflete neutralidade.
Já o Índice de Expectativas, que projeta o cenário para os próximos seis meses, recuou 2,8 pontos, atingindo 51,9 pontos. Apesar de ainda indicar otimismo, a queda acende um alerta sobre a redução do entusiasmo para o futuro.
Dentro desse indicador, as expectativas para a economia brasileira caíram de 46,7 para 43,3 pontos, demonstrando maior pessimismo. As perspectivas para as empresas, embora em queda, permaneceram positivas, com 56,2 pontos.
Impacto no setor industrial
O recuo no ICEI preocupa porque pode influenciar diretamente as decisões de investimento e produção no setor industrial.
A desaceleração das expectativas sugere que os empresários estão mais cautelosos em relação ao ambiente econômico. Fatores como instabilidade fiscal, dificuldades no crédito e incertezas políticas podem estar pesando na confiança.
Além disso, a neutralidade das condições atuais dificulta iniciativas de expansão ou inovação, essenciais para a retomada econômica.
Os dados muito negativos foram coletados entre os dias 2 e 6 de dezembro de 2024, quando a taxa básica de juros (Selic) não havia subido 1% atingindo 12,25% ao ano.