Carnes atingem maior inflação em quatro anos — contrafilé lidera alta

Por Redação Epoch Times Brasil
10/10/2024 17:13 Atualizado: 10/10/2024 17:13

Os preços das carnes no Brasil registraram em setembro uma inflação de 2,97%, a maior variação em quase quatro anos, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entre os cortes mais afetados, o contrafilé liderou a alta, com um aumento de 3,79%. Outros cortes que também apresentaram elevações significativas foram a costela (3,1%), o patinho (3,15%) e a alcatra (3,02%). Por outro lado, a carne de carneiro e a capa de filé apresentaram pequenas quedas nos preços.

Além disso, o preço da arroba do boi gordo atingiu o maior valor em mais de um ano, cotado a US$ 53,18 (R$ 294,2), conforme dados de referência do mercado.

Razões do aumento

Motivada pela diminuição da disponibilidade no mercado, a alta marca a primeira variação positiva no acumulado em 12 meses desde janeiro de 2023.

Com essa elevação, a inflação anual das carnes voltou ao campo positivo após 19 meses de queda. No acumulado dos últimos 12 meses até setembro, o preço das proteínas apresentou aumento de 2,92%, contrastando com uma baixa de 11,06% no mesmo período do ano anterior.

Os problemas climáticos, especialmente a forte estiagem e o clima seco, foram determinantes para a alta dos preços. O gerente responsável pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), André Almeida, observa que a oferta de carnes diminuiu, enquanto a demanda permaneceu estável, resultando em aumento dos preços.

Segundo Almeida, ocorreram quedas no primeiro semestre, mas a entressafra se intensificou devido às condições climáticas adversas. A dinâmica de mercado também influencia a variação dos preços das carnes.

O professor de economia do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC) do Rio de Janeiro, Caio Ferrari, destaca que os produtores de gado ajustam a quantidade de animais disponíveis com base nas expectativas de preços futuros.

Esse ciclo produtivo mais longo implica que as variações nos preços das carnes reagem de maneira mais lenta, se comparados a outros alimentos. Para Ferrari, se a carne fica cara, a tendência é que esse cenário se repita por mais tempo.

Frango e ovos

Diante do aumento dos preços das carnes, muitos consumidores estão buscando alternativas como ovos e frango.

Apesar do aumento no preço do frango (4,57% e 8,6% para cortes) e a deflação nos preços dos ovos (-7,82%), as carnes de substituição apresentam aumento menor, sugerindo uma mudança no comportamento do consumidor em resposta à inflação das carnes.

Ferrari prevê que a alta na demanda por substitutos pode inicialmente influenciar seus preços, mas a facilidade de estimular a produção pode resultar numa rápida queda nas variações. Para o economista, a produção de substitutos tende a responder rapidamente ao aumento da demanda e o preço também tende a subir.