O Brasil apresentou um déficit nas transações comerciais externas em junho de 2024 de US$ 4 bilhões (aproximadamente R$ 22 bilhões), conforme divulgado na quinta-feira (25) pelo Banco Central. Esse valor é maior em comparação ao déficit de US$ 182 milhões registrado em junho de 2023.
O déficit indicado é composto por várias categorias, incluindo o comércio de bens, serviços e rendas, que juntas determinam se o país está gastando mais no exterior do que ganha.
Balança comercial e conta corrente
A balança comercial mede a diferença entre exportações e importações. Um déficit na balança comercial pode causar desvalorização da moeda, que pode tornar produtos importados mais caros. Além disso, pode pressionar o poder público a tomar medidas para equilibrar as contas, como aumentar os juros, o que afeta os empréstimos e financiamentos.
O relatório registrou um superávit de US$ 6 bilhões, uma redução em relação ao superávit de US$ 9,3 bilhões no mesmo período do ano anterior. As exportações somaram US$ 29,3 bilhões, uma queda de 1,8%, enquanto as importações aumentaram 13,2%, totalizando US$ 23,3 bilhões.
Na balança de serviços houve um aumento de 10,7% no déficit, que atingiu US$ 4,1 bilhões. Esse aumento foi impulsionado por maiores despesas com serviços de propriedade intelectual e transportes. Em contraste, as despesas com viagens internacionais diminuíram 18,5%, refletindo uma redução nos gastos de brasileiros no exterior e uma ligeira queda nas receitas de turistas estrangeiros.
O aumento nos custos de serviços como transporte e propriedade intelectual pode ser repassado aos consumidores através de preços mais altos em produtos e serviços. Já a queda nas despesas com viagens pode indicar uma retração econômica, onde menos pessoas estão viajando para o exterior, possivelmente por contenção de gastos.
Investimentos e dívida
O aumento de investimentos diretos pode se traduzir em mais empregos, já que empresas estrangeiras podem abrir novas fábricas, lojas ou escritórios. Isso também pode levar a um aumento da concorrência, melhorando a qualidade e reduzindo os preços dos produtos e serviços.
No caso do Brasil, o aumento nos investimentos diretos de US$ 6,3 bilhões em junho de 2024, um aumento em relação aos US$ 2 bilhões de junho de 2023, sugere que o país está conseguindo atrair capital, o que é positivo. No entanto, se o déficit for financiado majoritariamente por empréstimos, isso pode indicar um aumento da dívida externa, o que não é sustentável a longo prazo.
Reservas internacionais
As reservas internacionais funcionam como um colchão financeiro para o país — uma segurança em momentos de crise. Essas reservas significam uma maior estabilidade econômica, reduzindo o risco de crises cambiais que poderiam levar à inflação e à perda de poder de compra.
As reservas internacionais do Brasil totalizaram US$ 357,8 bilhões em junho de 2024, um aumento de US$ 2,3 bilhões em relação ao mês anterior. Esse crescimento se deve a contribuições positivas de variações nos preços de ativos e receitas de juros, que foram parcialmente compensadas por variações negativas por paridade.