O Brasil encerrou 2024 com um fluxo parcial cambial negativo de US$ 15,918 bilhões. Esse montante representa a terceira maior saída líquida anual de dólares registrada na série histórica do Banco Central (BC), iniciada em 2008.
Os números só foram superados em 2019 e 2020. Durante esses anos, as saídas líquidas alcançaram US$ 44,768 bilhões e US$ 27,923 bilhões, respectivamente.
Os dados preliminares, divulgados na quinta-feira (2), consideram o período entre 1º de janeiro e 27 de dezembro de 2024. Informações referentes aos dois últimos dias úteis do ano ainda serão incluídas.
Componentes do fluxo cambial
O fluxo cambial é composto por dois principais canais: o comercial e o financeiro.
O canal comercial reflete a entrada e saída de dólares provenientes de exportações e importações. Em 2024, esse segmento apresentou um saldo positivo de US$ 68,478 bilhões.
As exportações totalizaram US$ 298,456 bilhões, enquanto as importações somaram US$ 229,978 bilhões. Entre as exportações, destacam-se US$ 191,561 bilhões em outras entradas.
Por outro lado, o canal financeiro teve um saldo negativo de US$ 84,396 bilhões. Esse é o maior déficit já registrado nessa categoria.
O desequilíbrio foi causado por um volume de vendas de US$ 674,385 bilhões, superando as compras de US$ 589,989 bilhões. Esse segmento inclui investimentos estrangeiros, remessas de lucro e pagamentos de juros.
Impactos econômicos e sociais
A saída acentuada de dólares teve impactos significativos na economia brasileira. Em 2024, o dólar acumulou uma alta de 27%, encerrando o ano cotado a R$ 6,18.
Essa desvalorização do real encareceu produtos importados, como combustíveis e eletrônicos. O aumento nos preços desses itens pode pressionar a inflação e reduzir o poder de compra dos brasileiros.
Parte desse cenário é atribuído ao desequilíbrio fiscal do país. O acúmulo de déficits e a falta de medidas consistentes para conter os gastos afastaram investidores internacionais.
O cenário externo também teve peso. O Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos manteve taxas de juros elevadas, tornando o mercado norte-americano mais atrativo para investidores.