O mercado da pecuária de corte enfrenta um aumento expressivo nos preços, que afeta diretamente os consumidores brasileiros. A arroba do boi alcançou R$ 320 no início deste mês, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
O valor representa um novo recorde no ano, resultado da escassez de bovinos prontos para o abate, o que reduz a oferta para os frigoríficos. Simultaneamente, as exportações de carne bovina continuam a crescer, intensificando a pressão sobre os preços no mercado interno.
Os alimentos, de modo geral, também sentem os efeitos da inflação, que em São Paulo registrou uma taxa de 1,34% em outubro, a maior do ano. Dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) revelam uma inflação média de 0,8% para o período.
As carnes, especialmente a bovina, figuram entre os principais responsáveis por essa pressão.
Em setembro, o preço médio da carne bovina para o consumidor ficou em R$ 37,58, enquanto a carne suína custava R$ 24,37 e a de frango, R$ 25,43. Diante do aumento dos preços, muitos consumidores estão optando por outras fontes de proteína.
As projeções indicam que a tendência de alta nos preços da carne deve persistir no Brasil, pelo menos até dezembro. Esse cenário pode ser agravado pelo aumento do poder de compra, impulsionado pelo décimo terceiro salário e pelas festividades de fim de ano.
Outro fator que pressiona os preços é o crescimento das exportações brasileiras de carne bovina, que em outubro alcançaram uma média de 236,2 mil toneladas, representando um aumento de 40,2% em relação ao mesmo período do ano anterior.
“As escalas de abate seguem encurtadas, com as indústrias, em especial as exportadoras, atuando de maneira agressiva na compra de gado. Ao mesmo tempo, as exportações de carne bovina seguem contundentes, com o país caminhando para um recorde histórico de embarques na atual temporada”, explicou o analista da consultoria Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias, ao Canal Rural.
A arroba do boi, medida de origem árabe, serve para mensurar o peso da carcaça do gado, considerando apenas carne e ossos, excluindo componentes como sangue e couro.
Esse valor corresponde a cerca de metade do peso vivo do animal, com 52% do peso bruto aproveitado nos bois e 50% nas vacas adultas.
O preço da arroba pode variar entre diferentes regiões do Brasil, como Araçatuba, Barretos e Campo Grande, sendo São Paulo a referência para a precificação dos contratos na bolsa de valores.