Por Dorothy Li
A Tesla tem sido criticada pela abertura de um novo showroom na região de Xinjiang, no extremo oeste da China, onde o regime comunista deteve mais de um milhão de uigures e outras minorias muçulmanas.
O primeiro showroom da Tesla em Xinjiang começou a operar na capital da região, Urumqi, anunciou a empresa em um publicação em sua conta oficial da Weibo, no dia 31 de dezembro.
“No último dia de 2021, nos encontramos em Xinjiang”, escreveu a fabricante americana de carros elétricos em uma plataforma chinesa semelhante ao Twitter. “Em 2022, vamos começar uma jornada totalmente elétrica em Xinjiang!” A postagem é acompanhada por imagens da cerimônia de abertura, onde as pessoas seguram faixas como “Tesla [coração] Xinjiang”.
No entanto, o Conselho de Relações Americano-Islâmicas, no dia 3 de janeiro, instou a Tesla e seu presidente, Elon Musk, a fechar o showroom e “cessar o que equivale a apoio financeiro para o genocídio”.
A Tesla, que abriu sua primeira fábrica fora dos Estados Unidos em Xangai em 2019, é a mais recente empresa ocidental sob pressão para assumir uma posição sobre Xinjiang. O dominante Partido Comunista Chinês (PCC) tem atacado marcas de roupas e outras marcas que expressaram preocupação com o trabalho forçado em Xinjiang, com os mais recentes alvos incluindo Walmart e Intel.
Os investigadores descobriram que mais de um milhão de uigures e outras minorias muçulmanas foram presas em campos de concentração em Xinjiang, onde são submetidos a esterilização forçada, tortura, doutrinação política e trabalho forçado. Os Estados Unidos e outras democracias ocidentais classificaram as ações de Pequim como genocídio.
O regime comunista na China rejeitou as críticas, afirmando que a campanha em Xinjiang é para “combater o terrorismo”. Ele também pressiona as empresas ocidentais a retratar suas posições, à medida que Washington e seus aliados aumentam a pressão sobre Pequim devido às violações aos direitos humanos em Xinjiang.
“Nenhuma corporação dos EUA deve fazer negócios em uma região que é o ponto focal de uma campanha de genocídio que visa uma minoria religiosa e étnica”, declarou Ibrahim Hooper, diretor de comunicações do grupo com sede em Washington, em um comunicado na segunda-feira.
A operação da Tesla também atraiu críticas do órgão da indústria, a Alliance of American Manufacturing, e do senador Marco Rubio (Republicano da Flórida) dos Estados Unidos.
“Corporações sem pátria estão ajudando o Partido Comunista Chinês a encobrir o genocídio e o trabalho escravo na região”, escreveu Rubio no Twitter.
A Tesla não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Washington impôs sanções contra indivíduos e entidades chinesas envolvidas na opressão do regime em Xinjiang. No dia 23 de dezembro, o presidente Joe Biden assinou o projeto de lei que proíbe as importações de Xinjiang por motivos de trabalho forçado.
Dias depois, o principal regulador disciplinar do PCC ameaçou o Walmart Inc. com um boicote após alguns compradores chineses reclamarem online que não conseguiam encontrar produtos de Xinjiang em suas lojas Walmart e Sam’s Club na China.
A gigante americana de chips Intel Corp. pediu desculpas aos consumidores chineses após as repercussões sobre uma declaração pedindo aos fornecedores que não comprem produtos ou mão de obra de Xinjiang.
A mídia estatal atacou a empresa e os nacionalistas pediram um boicote nas plataformas de mídia social do país. Para a ira de Pequim, a Intel afirmou que a carta está em conformidade com a lei dos EUA e que não reflete a posição da empresa em relação a Xinjiang.
O Walmart e a Intel não são as únicas empresas lutando em um de seus maiores mercados. No ano passado, marcas de roupas como H&M e Adidas atraíram a ira do PCC após levantarem preocupações sobre o uso de trabalho forçado no algodão produzido em Xinjiang. Após o pedido de boicote apoiado pela Liga da Juventude Comunista, as principais plataformas chinesas de compras online retiraram seus produtos e lojas.
Embora essas empresas procurem evitar redes de fornecimento expostas na região, muitas marcas de automóveis estrangeiras, como Volkswagen, General Motors e Nissan Motor Co., têm showrooms em Xinjiang, operados por empresas chinesas associadas às montadoras. A VW também opera uma fábrica em Urumqi.
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