Regime chinês está cometendo ‘pelo menos 3 genocídios’, afirma ex Oficial Sênior do Departamento de Estado

'Genocídio é mais do que matar ... é a destruição sistemática de uma comunidade'

14/12/2021 10:25 Atualizado: 15/12/2021 01:17

Por Danella Pérez Schmieloz e Jan Jekielek

O Partido Comunista Chinês (PCC) está cometendo pelo menos três genocídios, com o objetivo de erradicar adeptos do Falun Gong, uigures e tibetanos, de acordo com ex-oficial do departamento de estado.

“As pessoas com quem você está lidando na China são traficantes de seres humanos. … Eles estão cometendo genocídio contra seu próprio povo”, Robert Destro, ex-secretário de Estado adjunto para Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, declarou ao programa da EpochTV “American Thoughts Leaders”, no dia 8 de dezembro.

“Genocídio é mais do que matar … é a destruição sistemática de uma comunidade.”

Falun Gong

Destro afirmou que embora o grupo espiritual do Falun Gong não seja uma comunidade étnica, o PCC tem como alvo seus adeptos devido à suas crenças, provocando “tentativas sistemáticas de eliminá-los, dispersá-los e forçá-los à clandestinidade”, o que é categorizado como genocídio.

Falun Gong, também conhecido como Falun Dafa, é uma disciplina espiritual que envolve exercícios de meditação e ensino moral com base em três princípios fundamentais: Verdade, Compaixão e Tolerância. Os praticantes têm sido brutalmente perseguidos pelo regime comunista da China desde 1999. 

A meditação do Falun Gong foi considerada como uma prática que aproximou as pessoas da autêntica cultura chinesa, relatou Destro. Mas em 1996 ou 1997, o Ministério de Segurança do Estado chinês percebeu que o número de praticantes do Falun Gong na China provavelmente havia ultrapassado o de membros do Partido Comunista, o que gerou a perseguição. Segundo estimativas da época, a prática atraiu cerca de 70 a 100 milhões de adeptos na China, no final da década de 1990.

“Em uma sociedade totalitária como essa, você não pode ter uma organização contrária com uma visão contrária do que a China constitui-se… [é uma] ameaça existencial”, declarou ele.

Praticantes do Falun Gong participam de um desfile que marca o 22º aniversário do início da perseguição ao Falun Gong pelo regime chinês, em Washington, no dia 16 de julho de 2021 (Samira Bouaou / Epoch Times)
Praticantes do Falun Gong participam de um desfile que marca o 22º aniversário do início da perseguição ao Falun Gong pelo regime chinês, em Washington, no dia 16 de julho de 2021 (Samira Bouaou / Epoch Times)

Destro, agora professor de direito na Universidade Católica da América, argumentou que “não há dúvidas” de que o Falun Gong atende à definição de uma comunidade religiosa segundo a lei americana, e que se os adeptos fossem perseguidos nos Estados Unidos, como na China, “todos estariam em pé de guerra”.

A campanha sistêmica do PCC em repressão aos praticantes do Falun Gong foi rotulada de “genocídio frio” por especialistas, devido aos esforços graduais e persistentes do regime para aniquilar o grupo religioso nas últimas duas décadas. Este termo é usado em contraste com um “genocídio quente” que visa eliminar um grupo em um curto período.

Em 2006, surgiram alegações de que o PCC matou praticantes do Falun Gong para vender seus órgãos para transplante. Desde então, inúmeras investigações confirmaram detalhes terríveis desta atrocidade.

Destro afirma que a extração de órgãos é uma forma de tráfico humano, de crime organizado, mas se feita com o objetivo de erradicar uma determinada comunidade, torna-se genocídio.

O Tribunal da China– um tribunal popular independente presidido pelo Sir Geoffrey Nice – concluiu, em 2019, (pdf) que o regime chinês tem cometido a extração forçada de órgãos de prisioneiros de consciência por anos e em escala substancial. O relatório afirmou que era “certo” que os órgãos são provenientes de adeptos do Falun Gong encarcerados e que eles são “provavelmente a fonte principal”.

Apoiadores do Movimento Nacional de Despertar do Turquestão Oriental manifestam-se em frente à Embaixada Britânica, em Washington, no dia 16 de abril de 2021. O grupo pede que uigures e outros turcos que fogem de Xinjiang recebam o status de refugiados e pede um boicote internacional aos Jogos Olímpicos de inverno de 2022 em Pequim, na China (Drew Angerer / Getty Images)
Apoiadores do Movimento Nacional de Despertar do Turquestão Oriental manifestam-se em frente à Embaixada Britânica, em Washington, no dia 16 de abril de 2021. O grupo pede que uigures e outros turcos que fogem de Xinjiang recebam o status de refugiados e pede um boicote internacional aos Jogos Olímpicos de inverno de 2022 em Pequim, na China (Drew Angerer / Getty Images)

Uigures

As violações aos direitos humanos sofridas pelos uigures em Xinjiang “vão desde sequestrar pessoas na rua e colocá-las em um campo e posteriormente fazê-las trabalhar até arrancá-las da rua e colocá-las em um campo e extrair seus órgãos”, relatou Destro.

Em 9 de dezembro, um tribunal popular independente, chamado Tribunal Uigur, decidiu que o regime chinês cometeu genocídio contra os uigures e outras minorias muçulmanas na região oeste de Xinjiang.

O Tribunal Uigur descobriu que o PCC implementou uma “política deliberada, sistemática e concertada” para reduzir a população uigur na região, mediante uma série de atos repressivos, incluindo internação em massa, separação familiar, esterilizações e trabalho forçado.

“É impressionante quando você olha para o escopo e a profundidade da depravação aos direitos humanos que temos ocorrendo lá”, declarou Destro sobre a campanha do PCC em Xinjiang.

De acordo com Destro, os uigures terão um destino semelhante ao dos tibetanos, cuja cultura tem sido constantemente alvo de eliminação pelo regime chinês. Isso é “parte da definição de genocídio”, afirmou.

Manifestantes pró-tibetanos oram pelos direitos humanos no Tibete durante um protesto em frente ao consulado chinês, em Sydney, na Austrália, no dia 18 de março de 2008 (Anoek De Groot / AFP via Getty Images)
Manifestantes pró-tibetanos oram pelos direitos humanos no Tibete durante um protesto em frente ao consulado chinês, em Sydney, na Austrália, no dia 18 de março de 2008 (Anoek De Groot / AFP via Getty Images)

Tibetanos

Em 1950, o PCC assumiu o controle do Tibete – lar histórico pertencente ao grupo étnico tibetano, com tradições budistas únicas – e desde então iniciou uma campanha para retirar da região e de seus povos, sua herança cultural e religiosa única.

Em um esforço para eliminar a cultura tibetana, o PCC utilizou o controle populacional, proibiu o ensino da língua tibetana às crianças e tentou assumir o controle perante o treinamento de monges budistas, bem como a sucessão e reencarnação do Dalai Lama, de acordo com Destro.

Ele afirma que a imprensa ocidental não cobre as violações aos direitos humanos no Tibete de maneira contínua, razão pela qual as pessoas, muitas vezes, não ouvem sobre esse problema.

Por fim, Destro argumentou que, ao lidar com a China, o mundo ocidental não deve considerar os negócios separadamente dos direitos humanos e as nações devem evitar comprar produtos feitos com trabalho forçado.

“A lei americana atualmente proíbe a importação de qualquer coisa produzida com trabalho escravo. Vamos aplicar essa regra ou não? Se não vamos aplicá-la, não me fale sobre a pressão diplomática quanto à China. É uma decoração de vitrine completa nesse ponto.”

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