Um podcast revelador novamente trouxe à luz o problema do trabalho escravo nas minas de cobalto em posse do Partido Comunista Chinês (PCCh) no Congo e a hipocrisia de defensores da “energia verde”.
Siddharth Kara, autor de Cobalt Red: How The Blood of The Congo Powers Our Lives (“Vermelho de cobalto: como o sangue do Congo dá energia para nossas vidas”, em tradução livre) e professor visitante de Harvard, contou ao influenciador Joe Rogan sobre suas pesquisas e descobertas depois de visitar minas na República Democrática do Congo (RDC).
Ele explicou a Rogan a conexão brutal entre dispositivos movidos a baterias de lítio e a fonte de sua matéria prima nas minas de cobalto controladas pelo PCCh.
O cobalto é um mineral de terras raras usado na fabricação de quase qualquer bateria recarregável, incluindo as usadas em telefones, iPads, laptops e veículos elétricos.
Kara, que é autor e especialista em escravidão moderna, tráfico humano e trabalho infantil, afirmou que aproximadamente 72% do cobalto extraído em todo o mundo vem da RDC.
O acadêmico escreveu sobre como o trabalho escravo e o trabalho infantil são usados para operar as minas de cobalto do PCCh na África em condições terríveis.
“As coisas que vi lá eram tão terríveis e comoventes, e urgentes, que mudei minha abordagem”, explicou Kara a Rogan, referindo-se às experiências que levaram a seu novo livro.
Intelectual anti-escravidão questiona ambientalistas e Big Tech
Kara criticou em termos gerais a militância ambientalista. O autor diz que enquanto defensores do meio ambiente alegam estar lutando para “salvar o planeta” ao impor veículos elétricos, há amplas violações de direitos humanos associadas à sua produção. Ele citou a situação como “hipocrisia”.
“Ao longo de toda a história da escravidão… nunca na história da humanidade houve tanto sofrimento, gerando tanto lucro, com tantas pessoas no mundo ligadas a isso… quanto há agora com a situação do Congo”, disse Kara.
Acrescentou: “O cobalto está em cada bateria recarregável de lítio fabricada no mundo hoje. Cada smartphone, cada tablet, cada laptop e, fundamentalmente, cada veículo elétrico”.
Ele disse que a maioria dos consumidores desconhece os terríveis abusos associados à indústria de mineração de cobalto, que é a principal fonte dos dispositivos usados em suas vidas cotidianas.
O professor citou Big Techs como Tesla, Apple e Samsung como casos que continuam a fazer negócios com o PCCh, apesar de conhecerem plenamente as origens prejudiciais de sua cadeia industrial de baterias de lítio.
A Tesla e a Apple já haviam prometido agir contra violações de direitos humanos e escravidão na cadeia de fornecimento de cobalto. Elon Musk, da Tesla, prometeu adotar baterias sem cobalto nos veículos elétricos da empresa.
Trabalhadores africanos em minas de cobalto pertencentes ao PCCh trabalham em condições “sub-humanas”, semelhantes às de escravos
Kara também criticou o PCCh por explorar populações africanas, fazendo-as trabalhar em condições desumanas e “de revirar o estômago”, e por ser totalmente indiferente à situação dos trabalhadores.
“Antes que qualquer pessoa soubesse o que estava acontecendo, [o] governo chinês [e] as empresas de mineração chinesas assumiram o controle de quase todas as grandes minas e a população local foi desalojada”, o autor disse a Rogan.
“Eles cavam em condições absolutamente sub-humanas e de revirar o estômago por um dólar por dia, injetando o cobalto na cadeia de suprimentos de todos os telefones, tablets e especialmente carros elétricos.”
“De modo geral, o mundo não sabe o que está acontecendo… Não acho que as pessoas saibam como isso é horrível”, acrescentou Kara.
Os chineses estão muito investidos nas minas de cobalto da RDC, que fornecem 60% do cobalto de Pequim e 70% da oferta global, informou o portal Breitbart.
Cerca de 80% do processamento mundial de cobalto ocorre na China antes de o mineral ser usado para fabricar baterias de íon de lítio.
O Breitbart também pontua que agentes do Ministério de Segurança Pública do PCCh estiveram presentes na nação africana para garantir os interesses do PCCh na África e proteger cidadãos chineses de moradores locais.
Empresas pertencentes ao PCCh gastaram bilhões de dólares comprando mineradoras americanas e europeias para adquirir o controle das minas de cobalto da RDC ao longo última década, assumindo o controle de 15 das 19 principais minas do país.
No entanto, a relação entre a RDC e a China comunista tem sido cada vez mais tensa ultimamente, com a oposição local aos chineses começando a aumentar.
Governadores regionais na nação africana fecharam minas controladas pela China devido a disputas contratuais e de pagamento entre autoridades locais.
EUA voltam a investir na mineração de terras raras após década de desatenção
Após anos de negligência, os Estados Unidos agora procuram voltar a garantir a aquisição de minerais de terras raras na região central da África, fazendo do continente um campo de batalha econômico entre duas potências.
O governo Biden está tentando reduzir a influência de Pequim na região, melhorando laços com os líderes locais.
O secretário de Estado dos EUA, Tony Blinken, assinou um memorando de entendimento entre os Estados Unidos, a RDC e a Zâmbia para fortalecer os laços entre as nações visando desenvolver ainda mais a cadeia de fornecimento de baterias elétricas. O assunto está intimamente ligado à agenda ambientalista da atual liderança de Washington.
“A demanda global por minerais críticos vai disparar nas próximas décadas”, disse Blinken. “O plano para desenvolver uma cadeia de fornecimento de baterias elétricas abre as portas para investimentos dos EUA e parceiros para manter mais valor agregado na África.”
O diplomara acrescentou: “Os veículos elétricos ajudam a reduzir as emissões de gás carbônico; eles apóiam a resposta global à crise climática”.
Os Estados Unidos também chegaram a um acordo com as duas nações africanas para enfrentar os vários abusos ambientais em curso.
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