Por Eva Fu
Legisladores e defensores repreenderam a condenação dos 11 cidadãos chineses presos por autoridades chinesas após fornecerem materiais ao Epoch Times esclarecendo o número de vítimas da pandemia na China.
Os 11, que são todos adeptos do grupo espiritual perseguido Falun Gong, tiraram fotos para documentar a vida nos primeiros meses da pandemia da COVID-19 na capital da China, Pequim, e as compartilharam com a mídia. Oito deles são millennials.
Eles estão detidos desde julho de 2020. Um tribunal de Pequim no dia 14 de janeiro proferiu penas de prisão que variam de dois a oito anos, além de pesadas multas.
A sentença, que ocorreu semanas antes da abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, no dia 4 de fevereiro, ressalta a pouca liberdade que os cidadãos e críticos do regime chinês possuem para fazer suas vozes serem ouvidas, afirmaram legisladores dos EUA e observadores da China.
“Esta ditadura comunista tem um histórico alarmante de intolerância abusiva a qualquer coisa que não esteja de acordo com as diretrizes do governo”, relatou o deputado Ralph Norman ao Epoch Times.
‘Crueldade e Tirania’
Documentos judiciais obtidos pelo Epoch Times enfatizaram consideravelmente a publicidade que as fotos geraram. Algumas das fotos mostravam shoppings fechados e lojas locais, as rigorosas medidas de bloqueio que as autoridades haviam imposto e a intervenção policial a jornalistas estrangeiros.
“Esses materiais mencionados acima distorcem os fatos e difamam intencionalmente o Partido e o governo”, afirmou o veredicto do tribunal. As fotos trouxeram dezenas de milhares de visualizações online e causaram “impacto social adverso”, continuou.
Os promotores de Pequim alegaram que o tráfego era “suficiente para provar que os réus estavam ‘fornecendo’ informações ao Epoch Times”.
“Este é outro lembrete importante na preparação para as Olimpíadas de como o PCC menospreza as liberdades de expressão, associação e crença”, declarou o deputado Michael McCaul (Republicano do Texas) ao Epoch Times, sobre a prisão dos 11. “A crueldade e a tirania do PCC são uma ameaça genuína, especialmente para aqueles que querem exercer suas liberdades na China”.
Quando o vírus eclodiu pela primeira vez na China, o regime iniciou uma campanha agressiva para suprimir informações sobre a gravidade do surto. A polícia convocou médicos e prendeu jornalistas cidadãos que tentaram compartilhar informações em primeira mão sobre a COVID-19; um vasto exército de trolls foi contratado para eliminar opiniões críticas online; e um professor de escola primária perdeu sua licença de professor por questionar o número oficial de mortos divulgado pela mídia chinesa.
Centenas de policiais foram mobilizados na prisão dos 11 praticantes, de acordo com o Minghui, um site com sede nos EUA que acompanha a perseguição desde seu início, em 1999.
As autoridades provavelmente começaram a monitorar os 11 após visualizar as fotos da pandemia no site da edição chinesa do Epoch Times e identificá-los em imagens de câmeras de vigilância, declarou o relatório do Minghui.
“Essas fontes da mídia nunca deveriam ter sido detidas em primeiro lugar, muito menos condenadas à prisão pesada”, afirmou Cédric Alviani, que supervisiona o escritório do grupo de liberdade de imprensa do Leste Asiático, Repórteres Sem Fronteiras, ao Epoch Times. Ele requisitou a libertação imediata do grupo, ao lado de “todos os jornalistas e defensores da liberdade de imprensa detidos na China”.
As duras sentenças para aqueles “cujo único crime parece ter sido fornecer fotografias a um jornal” exigem forte condenação, afirmou Steven Butler, coordenador do programa para a Ásia do Comitê para a Proteção dos Jornalistas, um grupo de advocacia com sede em Nova Iorque.
Ambos os grupos classificaram a China comunista como o pior carcereiro de jornalistas do mundo em seus relatórios.
Ocorrendo apenas algumas semanas antes das Olimpíadas, isso lembra “o ambiente difícil enfrentado pelos jornalistas que trabalham na China e o histórico abismal da China em liberdade de imprensa e direitos humanos de forma mais ampla”, declarou Butler ao Epoch Times.
‘Desolador’
Xu Na, uma pintora de 53 anos, enfrentou a pena mais pesada. Além de uma pena de prisão de oito anos, ela também foi multada em 20.000 yuans (US $3.160).
Xu foi testemunha de duas repressões consecutivas de Pequim. Ela participou do protesto liderado por estudantes na Praça da Paz Celestial requisitando maiores liberdades democráticas, em 1989. Após as autoridades declararem os protestos um motim e lançarem uma sangrenta repressão militar – um assunto tabu até hoje na China – ela desistiu de seus planos de se tornar uma jornalista, declarando que não gostaria de ajudar a divulgar a propaganda do regime.
Desde 1999, Xu passou um total de mais de oito anos na prisão por sua crença no Falun Gong. Seu marido, o cantor folk e músico Yu Zhou, também foi vítima da perseguição.
No início de 2008, meses antes dos Jogos Olímpicos de Pequim, o casal foi preso durante uma “verificação olímpica” após a polícia encontrar um livro do Falun Gong em seu carro. Yu morreu 11 dias depois.
“Toda injustiça no mundo, por mais distante que pareça, está intimamente ligada a você”, ela escreveu em um editorial publicado no ano passado na edição em chinês do Epoch Times. “Porque a cada momento, está questionando sua consciência”.
O momento da sentença de Xu é “especialmente comovente”, já que ela já havia perdido o marido para a perseguição, relatou Sarah Cook, analista sênior da Freedom House para a China.
“Que sua viúva agora seja sentenciada a oito anos de prisão por simplesmente compartilhar informações sobre o estado da pandemia em Pequim com uma agência de notícias no exterior é mais do que trágico”, afirmou ela ao Epoch Times.
“Sua sentença pesada, juntamente com outras, destaca o medo do governo chinês de que informações não oficiais sobre a COVID-19 cheguem ao público internacional”, declarou ela. “É também um triste lembrete do tratamento severo dos moradores de Pequim, incluindo aqueles que praticam o Falun Gong, e a uma curta distância das instalações olímpicas”.
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