Cruz Vermelha na China está atrasada com programa voluntário de doação de órgãos, apesar de afirmar o contrário

Evidências cada vez mais numerosas sugerem que os órgãos para transplantes são provenientes de prisioneiros de consciência

01/11/2018 15:37 Atualizado: 01/11/2018 15:37

Por Sunny Chao, Epoch Times

Pequim afirma que não extrai mais órgãos de criminosos executados, mencionando uma lei de 2015 que proíbe essa prática, e nega categoricamente as alegações de que dissidentes são assassinados para a retirada de seus órgãos.

No entanto, nas últimas duas décadas, pacientes do mundo todo que precisavam urgentemente de um transplante de órgão viajaram para a China para se submeter à cirurgia, onde foram informados de que poderiam obter órgãos compatíveis em poucas semanas ou meses — tempo muito mais curto que o período normal de espera nos países ocidentais.

Uma investigação realizada recentemente por defensores de direitos humanos revelou que a Cruz Vermelha Chinesa (CRC) está demorando muito para estabelecer um sistema de doação de órgãos, contrariamente às alegações de Pequim de que todos os transplantes na China agora incluem doadores voluntários.

De acordo com a Organização Mundial para Investigação da Perseguição ao Falun Dafa (WOIPFG, na sigla em inglês), a CRC planejava estabelecer uma infra-estrutura para doação voluntária de órgãos desde 2012, mas praticamente nenhum progresso ainda foi feito, além de sua promoção e dos serviços básicos de registro online. A WOIPFG foi fundada nos Estados Unidos para investigar e publicar informações sobre a perseguição contra o Falun Dafa, uma disciplina espiritual chinesa que desde 1999 está sendo perseguida pelo Partido Comunista Chinês (PCC).

O último relatório da WOIPFG, publicado em 21 de outubro, revisou o sistema de doação de órgãos da CRC em seus seis principais distritos administrativos em Pequim. A pesquisa realizada em agosto e setembro deste ano concluiu que o sistema da CRC encontra-se inativo.

Os pesquisadores conseguiram entrar em contato com Wang Chaohui, diretor de assuntos relacionados à doação de órgãos na CRC em Pequim. Em uma conversa por telefone, ele informou que a CRC de Pequim ainda não começou a campanha de doação de órgãos e que nem mesmo um escritório para facilitar as doações de órgãos foi estabelecido.

Os hospitais, ele acrescentou, não cooperam com a CRC para realizar os transplantes, mas procuram órgãos de forma independente. Os hospitais militares realizam a maioria dos transplantes de órgãos em Pequim, acrescentou ele.

As seis áreas administrativas da CRC que a WOIPFG investigou ficam nos distritos de Haidian, Xicheng, Dongcheng, Chaoyang, Shijingshan e Fengtai, onde estão localizados os 23 postos de transplantes de órgãos em Pequim, e onde a maioria dos transplantes é realizada.

A WOIPFG também investigou dois postos de doação, a Faculdade de Medicina da União de Pequim e a Universidade de Medicina da Capital, bem como o Escritório de Coordenação de Doação de Órgãos da CRC em Pequim. A investigação confirmou que a CRC em Pequim não realizou nenhum trabalho de doação de órgãos.

A pesquisa da WOIPFG mostra que desde o ano 2000, um ano após o início da perseguição ao Falun Dafa, a indústria de transplante de órgãos na China cresceu exponencialmente. Segundo a organização, pelo menos 891 hospitais estavam realizando transplantes de órgãos em todo o país. Ao longo dos anos, os hospitais chineses realizaram uma média de milhares de transplantes por ano.

O relatório indica que, apesar da falta de doações de órgãos através da CRC, o Hospital do Povo da Universidade de Pequim realizou mais de 4.000 transplantes de fígado e rim por ano, de acordo com registros hospitalares.

Segundo dados publicados pelas autoridades chinesas, o número de transplantes de órgãos na China aumentou desde 2015, informou a WOIPFG.

Em 2006, a primeira evidência de que o regime chinês extrai órgãos de prisioneiros de consciência foi divulgada através do trabalho de dois canadenses, o advogado de direitos humanos David Matas e o ex-secretário de Estado canadense para a Ásia e o Pacífico, David Kilgour.

Suas pesquisas mostraram que a maioria dos prisioneiros que foram mortos durante o processo eram praticantes do Falun Dafa.