Por Rita Li
A China foi acusada de violar os direitos humanos de um jogador de hóquei no gelo finlandês que foi mantido em quarentena em um hotel em Pequim.
A acusação decorre das reclamações que se acumulam sobre as más condições dos atletas olímpicos de inverno durante o isolamento da COVID-19. Essas queixas incluem problemas com alimentação, higiene e equipamentos para treinamento.
“Por alguma razão, [a China] não respeitará seus direitos humanos, e essa não é uma boa situação”, afirmou Jukka Jalonen, técnico do time de hóquei no gelo masculino finlandês, em uma coletiva de imprensa no dia 6 de fevereiro via Zoom.
Marko Anttila, uma escolha de nona rodada do Chicago Blackhawks no draft de 2004 da NHL, “não estava recebendo boa comida” e estava sob um tremendo estresse mental, de acordo com Jalonen.
“Falei com ele ontem”, relatou o treinador. “Marko é um cara forte, mentalmente. Ele não está deprimido, mas está bem para baixo. Algumas vezes por dia, ele ganha um espaguete a bolonhesa frio e sem gosto”.
Anttila permaneceu ausente enquanto seus companheiros de equipe treinavam no Estádio Nacional Indoor em Pequim. O primeiro jogo do país nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim está marcado para 10 de fevereiro contra a Eslováquia, mas Anttila deve mostrar dois testes PCR negativos com 24 horas de intervalo antes de ser liberado da quarentena.
O atleta testou positivo há 18 dias, quando chegou à China, após vários testes negativos antes de sua partida para Pequim, segundo o médico da equipe Maarit Valtonen.
“Estamos muito desamparados e queremos Marko fora do isolamento”, afirmou Valtonen.
Anttila não é mais infeccioso e o isolamento contínuo “não é medicamente justificado”, segundo o médico.
“Agora, parece que é mais uma cultura e uma política”, declarou ele. “A atitude em relação ao vírus é diferente aqui”.
Mais de 350 participantes dos Jogos Olímpicos de Inverno, incluindo dezenas de atletas, testaram positivo em Pequim desde 23 de janeiro.
História de ‘horror’
A patinadora de velocidade polonesa Natalia Maliszewska postou no Twitter que sua jornada olímpica se transformou em uma história de “horror” após ela testar positivo, no dia 30 de janeiro.
“Às 3h da manhã [de 5 de fevereiro], as pessoas me tiram da solitária”, escreveu Maliszewska, relembrando seus dias em um quarto de hotel isolado. “Aquela noite foi um horror”.
Ela finalmente foi liberada para competir no dia 7 de fevereiro.
“Eu estava chorando como uma louca porque não sabia o que estava acontecendo. Eu não me senti segura”, afirmou ela após ser liberada.
Maliszewska afirma que posteriormente dormiu vestida, com medo de que alguém de repente a levasse para a solitária novamente.
A patinadora foi excluída das corridas de 500 metros no dia 5 de fevereiro. Maliszewska relata que foi excluída dos Jogos várias vezes por causa de resultados conflitantes nos testes para a COVID-19.
“Eu não acredito em todos esses testes agora”, declarou ela.
O diretor de esportes do Comitê Olímpico Internacional (COI), Kit McConnell, afirmou em uma entrevista coletiva no dia 7 de fevereiro que o comitê fez uma ligação com autoridades olímpicas de países representados nos Jogos para entender os problemas que os atletas estão enfrentando.
Além dos dois casos recentes, membros da equipe de outros países também expressaram frustração com as condições de quarentena.
O chefe da equipe da Alemanha, Dirk Schimmelpfennig, relatou a repórteres no dia 5 de fevereiro que a limpeza, a qualidade dos alimentos e as condições do Wi-Fi precisavam de melhorias imediatas. Ele então confirmou um dia depois que os organizadores agiram e melhoraram as condições para os atletas isolados.
A competidora russa de biatlo, Valeria Vasnetsova, declarou de um dos hotéis que seu estômago doía.
“Estou muito pálida e tenho enormes círculos pretos ao redor dos olhos. Eu quero que tudo isso acabe. Eu choro todos os dias. Estou muito cansada”, relatou ela no Instagram.
O jornalista sueco Philip Gadd foi levado para o isolamento em uma ambulância quando chegou a Pequim no dia 2 de fevereiro.
“Foi uma experiência realmente aterrorizante e parecia… não parecia real. Parecia que eu estava em um filme, um filme de ficção científica ou algo assim”, afirmou Gadd em uma entrevista ao Zoom de seu hotel de quarentena.
A Reuters contribuiu para esta reportagem.
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