Os dias de Jiang Zemin estão contados. É apenas uma questão de quando, e não se, o ex-chefe do Partido Comunista Chinês será preso. Jiang governou oficialmente o regime chinês por mais de uma década, e por outra década ele foi o mestre das marionetes nos bastidores que freqüentemente controlava os eventos. Durante essas décadas, Jiang causou danos incalculáveis à China. Neste momento, quando a era de Jiang está prestes a terminar, o Epoch Times republica em forma de série “Tudo pelo poder: a verdadeira história de Jiang Zemin”, publicado pela primeira vez em inglês em 2011. O leitor pode vir a compreender melhor a carreira desta figura central na China de hoje.
Capítulo 1
Adoção por um homem morto: a mentira que enganou o PCC
Quando Jiang Zemin era prefeito de Xangai, corria o boato de que Jiang era a encarnação de um sapo. É muito surpreendente que as pessoas ali se identificassem tão prontamente com essa ideia, visto que não apenas Xangai é uma cidade de alta tecnologia e bem desenvolvida sob a jurisdição direta do governo central mas, além disso, é o lugar onde Jiang subiu na escada política. Mais tarde, a associação seguiu Jiang para Pequim, para onde ele se mudou em 1989. Os residentes de Pequim passaram a chamá-lo de “Grande Sapo Jiang”. Afinal de contas, Jiang lembra um sapo. E a associação é bastante compreensível à luz do contexto cultural da China, uma vez que as fronteiras igualmente confusas entre o animal e o humano remontam à história chinesa; muitos se lembrarão da alma de raposa que reencarnou como uma bela concubina e causou estragos na corte imperial. [1] O fato de que a encarnação de um sapo pudesse se tornar o prefeito de Xangai não era, em certo sentido, um conceito inteiramente novo.
O sapo que inalou o antigo e perverso qi era uma criatura que dependia da água para sobreviver. Após sua morte, o sapo reencarnou em uma família rica de nome Jiang, que vivia em Tianjia Lane, na cidade de Yangzhou, na província de Jiangsu, e recebeu o nome de “Zemin”, que significa literalmente “aquele que sobrevive da água”.
A família na qual Jiang Zemin nasceu consistia em um avô, Jiang Shixi, um pai, Jiang Shijun, uma mãe, Wu Yueqing, uma irmã mais velha, Jiang Zefen, uma irmã mais nova, Jiang Zenan, e um irmão mais novo, Jiang Zekuan.
Em 1915, Jiang Shixi, então com 45 anos e médico em medicina chinesa, aventurou-se nos negócios e tornou-se gerente assistente no escritório de Yangzhou da Dadaneihe Shipping Company. Depois de desfrutar da prosperidade, ele se mudou para Tianjia Lane no distrito de Qiongguan da cidade—uma área residencial suburbana para os ricos.
Jiang Shixi teve sete filhos, dois dos quais morreram jovens. O sexto filho, Jiang Shihou (também chamado de Jiang Shangqing) ingressou no Partido Comunista em 1928 e foi morto na guerra em 1939 aos 28 anos de idade. Ele deixou sua esposa, que tinha a mesma idade, e suas duas filhas, Jiang Zeling e Jiang Zehui. O quinto filho, Jiang Shixiong, morreu de um derrame no final dos anos 1960 durante a Revolução Cultural. O sétimo filho, Jiang Shufeng, um professor universitário em Yangzhou, morreu em Pequim em novembro de 1993. O filho mais velho, Jiang Shijun, se tornou um traidor e vendeu seu país durante a Guerra de Resistência contra o Japão (1937-1945), desonrando o sobrenome Jiang.
Um traidor e colaboracionista é invariavelmente desprezado pelo público, independentemente de quem detém o poder. Jiang Zemin, filho de Jiang Shijun, fez todo o possível para evitar a menção ao pai. Depois de se tornar secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC), Jiang Zemin promoveu suas amantes e confidentes, proporcionando-lhes cargos importantes, enquanto fechava os olhos para seus hábitos corruptos. No entanto, ele nem mesmo levantava um dedo por seus irmãos e irmãs biológicos e evitava todo contato com eles, mesmo a ponto de não reconhecê-los.
Este incrível fato tornou-se conhecido somente após o falecimento de Deng Xiaoping. Depois de ganhar o poder, Jiang rapidamente criou uma equipe de escritores para compor sua biografia. Embora o grupo tenha trabalhado em busca de quaisquer realizações de Jiang, poucas foram encontradas. Em vez disso, muito do que foi desenterrado sobre Jiang era desconhecido e suspeito, incluindo sua tentativa de esconder sua origem real. Furioso com o grupo, Jiang ordenou que ele fosse imediatamente desmontado. Mas Jiang não conseguiu selar cada um dos lábios dos escritores e, com o tempo, a notícia de seu passado vergonhoso começou a se espalhar.
Em novembro de 1940, o pai de Jiang Zemin, Jiang Shijun, ingressou no governo de Wang Jingwei em Nanjing—uma marionete traidora do regime dos japoneses. Com seu nome alterado para Jiang Guanqian, Shijun foi nomeado vice-ministro do Ministério da Propaganda do governo Wang e nomeado membro-chefe do comitê editorial da instituição. Ele também trabalhou com Hu Lancheng, o principal redator do China Daily e ex-marido de Zhang Ailing. Junto com Zhou Zuoren, Hu foi um dos escritores-traidores mais notórios da China. Hu mais tarde escreveu History’s Turmoil após deixar a China e ir para o Japão, uma obra na qual ele menciona especificamente a colaboração com Jiang Shijun.
Para que seu filho mais velho pudesse um dia ofuscar os outros, Jiang Shijun mandou Jiang Zemin para um colégio caro—Yangzhou High School—e depois para a Universidade Central, que era dirigida pelo governo fantoche de Wang Jingwei; desde jovem, Jiang Zemin foi matriculado em aulas de piano. Essa riqueza se acumularia na família Jiang naquela época, e por meio das relações de um traidor, situação nada menos do que extraordinária, pois aqueles foram os anos em que os chineses comuns achavam difícil apenas sobreviver. Jiang Zemin corresponderia às expectativas de seu pai, aprendendo a cantar, dançar, tocar instrumentos musicais e até mesmo saber algo sobre a ópera de Pequim e Zhejiang.
Depois de chegar ao poder, Jiang Zemin voltou para sua cidade natal em Yangzhou para homenagear seus ancestrais, gastando, ao todo, cerca de 1,5 milhão de yuans (aproximadamente US$ 200.000) em dinheiro do Estado para renovar o túmulo ancestral de sua família. Os jornalistas descobriram algo peculiar, no entanto: Jiang continuou falando sobre seu avô, Jiang Shixi, enquanto evitava cuidadosamente qualquer menção a seu pai, o traidor Jiang Shijun, embora este último tivesse se esforçado muito para apoiá-lo.
O Partido Comunista sempre deu importância à origem familiar de uma pessoa e nunca hesitou em definir a “categoria de classe” de uma pessoa. Assim, Jiang Zemin, aspirando a subir a escada do Partido Comunista, desde o primeiro dia escrevia o nome de Jiang Shangqing—o tio que era apenas 15 anos mais velho—ao preencher formulários perguntando o nome de seu pai. Por um lado, Jiang Shangqing participara da revolução, sendo ele, desta forma, um falecido e um mártir, dificilmente ele teria cometido erros políticos. Seu nome era, na opinião de Jiang, a aposta mais segura. Jiang Zemin, assim, audaciosamente transformou-se de filho de um traidor em “filho de um mártir revolucionário”. Desde então, Jiang procurou aprofundar constantemente os laços com sua tia viúva, Wang Zhelan, por meio de visitas frequentes e presentes.
Jiang Zemin não foi admitido na famosa Escola Secundária de Yangzhou depois de terminar o ensino fundamental. Em vez disso, ele foi admitido apenas em uma escola secundária de nível municipal em Jiangdu—um assunto que, na verdade, deixou Jiang deprimido. Foi em seu segundo ano de escolaridade que ele foi transferido para a Yangzhou Middle School, uma mudança possibilitada por seu pai bem relacionado. Foi similarmente por meio das manobras de seu pai que Jiang mais tarde conseguiu estudar na Universidade Central; a escola era, como observado, administrada pelo regime fantoche japonês ao qual o pai de Jiang estava ligado. Foi então que Jiang percebeu que o poder e o dinheiro realizavam as coisas. Logo depois, no entanto, Jiang descobriu, para sua decepção, que o governo nacionalista da China não reconheceu o regime fantoche de Wang Jingwei e sua universidade; isso na verdade anulou a educação de Jiang. Isso se originou do fato de que a prestigiosa Universidade Central de Nanjing da China foi realocada pelo governo nacionalista para sua base de resistência no sudoeste da China. A chamada “Universidade Central” na cidade de Nanjing que Jiang frequentou, apesar do que seu nome sugeria, era uma escola montada pelo governo fantoche de Wang Jingwei, e não a verdadeira Universidade de Nanjing.
Não muito depois de Jiang Zemin se tornar secretário-geral do PCC em 1989, a Universidade de Nanjing na província de Jiangsu descobriu, enquanto examinava arquivos de alunos anteriores, que Jiang Zemin havia estudado em um de seus predecessores – a Universidade Central – de 1943 a 1945. Eles encontraram o histórico escolar e o cartão da biblioteca de Jiang. Encantada com suas descobertas, a associação de ex-alunos da universidade estava ansiosa para enviar a Jiang uma carta amigável de associação. Jiang nunca respondeu, no entanto, para consternação da universidade. Isso sugere que Jiang não apenas preservou atentamente a origem de sua família, tratando-a como segredo, como, além disso, optou por manter silêncio sobre sua educação para que não fosse descoberto.
Durante sua visita de inspeção à província de Jiangsu no início dos anos 1990, Jiang Zemin fez uma visita especial à Universidade de Nanjing. [2] A escola teve um cuidado especial ao colocar no itinerário de Jiang o dormitório onde ele havia ficado em seus anos de faculdade. Ao chegar ao prédio, Jiang parou e olhou para o dormitório, aparentemente perdido em pensamentos. O silêncio encheu o ar enquanto todos os presentes aguardavam, esperando. Os administradores da universidade não se atreveram a se apresentar e lembrar a Jiang: “Este é o lugar onde você ficou quando era estudante aqui. Temos mantido bem”. Jiang faltou sua bravata usual naquele dia, mantendo-se estranhamente quieto.
Índice
Capítulo 1 – Adoção por um homem morto: a mentira que enganou o PCC
Capítulo 2 – Exibindo habilidades literárias, pai e filho ganham um favor especial
Capítulo 3 – Um chefe da seção em busca de promoção: um aproveitador calculista usa mentiras, ostentação e promessas vazias para subir na carreira (1956–1985)
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