Os dias de Jiang Zemin estão contados. É apenas uma questão de quando, e não se, o ex-chefe do Partido Comunista Chinês será preso. Jiang governou oficialmente o regime chinês por mais de uma década, e por outra década ele foi o mestre das marionetes nos bastidores que freqüentemente controlava os eventos. Durante essas décadas, Jiang causou danos incalculáveis à China. Neste momento, quando a era de Jiang está prestes a terminar, o Epoch Times aqui republica em forma de série “Qualquer coisa pelo poder: A verdadeira história de Jiang Zemin”, publicado pela primeira vez em inglês em 2011. O leitor pode vir a compreender melhor a carreira desta figura central na China de hoje.
Capítulo 14: O canalha que traiu sua própria nação (final de 1999)
Vladivostok, Chabarovsk, Nerchinsk, Sakhalin Obl, as montanhas Xing’an externas, Ilha Sakhalin, as 64 aldeias a leste do rio Heilongjiang—esses nomes nunca poderāo ser apagados da mente do povo da China. Essas vastas e férteis terras no nordeste da China, herdadas dos ancestrais da nação chinesa, agora representam uma fonte de dor e humilhação para quase todos os cidadãos chineses.
Os dias 9 e 10 de dezembro de 1999 são dois dias de desgraça que o povo chinês não esquecerá tão cedo. Durante aqueles dois dias, Jiang Zemin e o presidente da Rússia, Boris Yeltsin, assinaram em Pequim o Protocolo Narrativo sobre as Seções Oriental e Ocidental da Fronteira China-Rússia entre o Governo da República Popular da China e o Governo da Federação Russa. As terras cobertas pelo Protocolo, que poderiam ter sido devolvidas à China da mesma forma que Hong Kong e Macau, foram doadas à Rússia por Jiang. A ação, feita nas costas do povo chinês para os próprios propósitos de Jiang, encerrou as perspectivas de desenvolvimento futuro.
Como é bem conhecido, por quase um século as disputas sobre a fronteira sino-russa têm sido constantes, com a guerra estourando de fato na década de 1960. Se o tratado tivesse trazido um acordo pacífico para as disputas centenárias, teria sido um evento monumental, algo que teria colocado Jiang—um auto-engrandecedor que desta vez supostamente queria formar uma parceria estratégica—no centro das atenções da mídia.
A cobertura da assinatura do tratado no Diário do Povo (publicado em sua edição de 11 de dezembro de 1999) foi apenas um breve esboço de não mais do que algumas dezenas de palavras. O livro de Robert Kuhn, por sua vez, nem mesmo mencionou o evento. Estranho é isso, é claro, para um evento que deveria ter tido grande impacto na nação. Não há sequer um vestígio no livro de Kuhn sobre o encontro de Pequim entre Jiang e Yeltsin. Então podemos perguntar: por que Jiang desejaria que seu biógrafo e a imprensa estatal evitassem uma reunião tão importante como esta, até mesmo reescrevendo a história?
A resposta está no fato de que o traiçoeiro tratado que Jiang assinou mascara vários acordos alarmantes que ocorreram nos bastidores. O Protocolo que Jiang assinou cedeu mais de 1 milhão de quilômetros quadrados de terras preciosas—uma área igual em tamanho àquela de três províncias do nordeste da China juntas ou dezenas de Taiwans. Jiang também concordou em dar à Rússia o ponto de saída do rio Tumen, separando o nordeste da China do Mar do Japão.
Vários pedaços de terra no norte da China foram perdidos no negócio, entre os quais estão a região de Waixing, uma área de mais de 600.000 quilômetros quadrados ao sul das montanhas Xing’an e ao sul do rio Heilongjiang; a região de Wudong, uma área de mais de 400.000 quilômetros quadrados a leste do rio Ussuri; a região de Tuva, de 170.000 quilômetros quadrados; e a Ilha Sakhalin, com seus 76.400 quilômetros quadrados.
O novo Protocolo refutou o Tratado de Nerchinsk, um tratado de fronteira igualitário assinado pela China e pela Rússia depois que os soldados chineses venceram uma guerra sangrenta nos anos do Imperador Kangxi (governou de 1661 a 1722). Além disso, a assinatura de Jiang teve o efeito de reconhecer todos os tratados injustos que foram feitos entre a China e a Rússia, incluindo o Tratado de Aigun (1858), o Tratado de Pequim (1860) e outros; os governos chineses anteriores—incluindo o governo nacionalista (KMT) e as administrações comunistas anteriores—recusaram-se a reconhecê-los. O novo protocolo foi além, dando permanentemente à Rússia terras controversas que a Rússia ocupou pela força. Essas terras incluíam a região de Tuva, uma área de cerca de 170.000 quilômetros quadrados (igual à província de Guizhou) que foi transformada em território chinês por votação da Assembleia Geral da ONU em 1953; as 64 aldeias a leste do rio Heilongjiang, uma área de 3.600 quilômetros quadrados (três vezes o tamanho de Hong Kong) e uma que até mesmo o injusto Tratado de Aigun (1858) havia postulado como território chinês; e a Ilha Sakhalin, um território de 76.400 quilômetros quadrados (duas vezes o tamanho de Taiwan) que estava sob jurisdição da China na Dinastia Jin e oficialmente incorporada à China pelo Tratado de Nerchinsk.
Sucessivos governos chineses no passado lutaram muito para resistir às invasões da Rússia, e nenhum governo anterior, desde o estabelecimento da República da China, reconheceu os tratados injustos. Além disso, os governantes comunistas da China declararam e insistiram que “todos os governos anteriores da China nunca reconheceram as fronteiras impostas pelas forças imperialistas, e nem a República Popular da China”.
A base jurídica para essa postura é a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, cujo artigo 52 determina que qualquer tratado “concluído sob ameaça ou uso da força” é inválido. Uma série de tratados que cederam territórios e o pagamento de reparações assinados pela China com a Rússia czarista e a ex-União Soviética—como o Tratado de Aigun, o Tratado de Pequim e o Tratado Sino-Russo sobre a Fronteira Noroeste—eram tratados tipicamente injustos, cada um assinado sob ameaça de força e, portanto, não é legalmente válido. Outro acordo ilegal foi o Tratado de Shimonoseki (1895), que foi assinado depois que o governo Qing perdeu a Guerra Sino-Japonesa de 1894-1895 e cedeu definitivamente Taiwan e as Ilhas Pescadores ao Japão. Como o Tratado de Shimonoseki (1895) foi um tratado injusto, o Governo da República da China recuperou a soberania sobre Taiwan depois que o Japão foi derrotado na Segunda Guerra Mundial.
Se o Tratado de Shimonoseki (1895) serve de precedente, então o governo chinês tem amplos motivos para pedir a devolução das terras cedidas à Rússia czarista e à ex-União Soviética. O próprio governo de Lenin da ex-União Soviética reconheceu oficialmente que esses territórios pertenciam à China e pretendia devolvê-los, afirmando uma base legal para que a China reclamasse as terras posteriormente.
Quanto aos territórios chineses como a região de Tuva, as 64 aldeias a leste do rio Heilongjiang e a ilha Sakhalin para os quais os dois lados não assinaram tratados, injustos ou não, a China tem bases legais ainda mais sólidas para sua reclamação. Mas, em vez de tentar recuperá-los, Jiang—incrivelmente—optou por entregá-los. É por essa razão que os chineses familiarizados com os fatos chamam Jiang de “o maior traidor da história chinesa moderna”.
Para piorar as coisas, os traiçoeiros tratados que Jiang assinou praticamente acabaram com o potencial de crescimento da China como nação. As vastas e férteis terras legadas pelas gerações anteriores, abundantes em florestas e ricas em minerais e petróleo, constituíram recursos importantes no potencial de crescimento e desenvolvimento da China. Dos 9.600.000 quilômetros quadrados de terra na China, desertos e áreas desertificadas constituem cerca de 33 por cento de todas as terras, enquanto terras seriamente erodidas respondem por cerca de 38 por cento. Menos de um terço de toda a terra é, portanto, habitável. A população na China mudou do vale do rio Amarelo para o rio Yangtze no sul e as linhas costeiras no sudeste da China, sem nenhum lugar para ir além dos oceanos. Enquanto isso, como a população da China continua a crescer, a terra arável continua a diminuir e a ecologia do país continua a se deteriorar. As terras da China estão se aproximando rapidamente dos limites da sustentabilidade. As extensas e ricas terras que Jiang deu foi, em muitos aspectos, a esperança para o desenvolvimento futuro da China. Diante disso, Jiang não fez nada menos que cortar o caminho da China para o futuro.
Poucas pessoas entendem por que Jiang assinaria um tratado tão traiçoeiro como este. No Capítulo Dois deste livro, a resposta foi, de fato, fornecida. Se a identidade de Jiang como um agente especial no Extremo Oriente—um agente recrutado pela KGB, isto é—algum dia fosse revelada, ele e o PCC provavelmente cairiam do poder durante a noite. E, de fato, é exatamente por isso que o PCC não procurou responsabilizar Jiang pelo erro, mesmo depois de descobrir suas negociações nos bastidores.
As questões territoriais sino-russas, envolvendo uma mistura de antipatia complexa enraizada no passado e sentimentos de nacionalismo, sempre foram apontadas. Em vista do fato de que a traição da qual Jiang é culpado não é uma questão menor, um capítulo completo (como este) é necessário para fornecer um relato detalhado da bizarra decisão de Jiang. A questão é aqui discutida em termos de seus antecedentes históricos, o que a lei internacional tem a dizer, o impacto da cessão na China e as razões não reveladas em ação. As possíveis soluções para o problema e outras questões também serão consideradas. O que ficará claro é que Jiang, por interesse próprio, ofereceu terras virtualmente gratuitas à Rússia que a China poderia ter recuperado. Ou seja, terras que a ex-União Soviética outrora pretendia devolver e que são de importância estratégica vital para a China em termos de desenvolvimento. O que a ação de Jiang trouxe para a China vai além da desgraça para as questões de bem-estar futuro da nação.
1 – Soberania Territorial
A Rússia, uma nação que historicamente não compartilhava fronteiras com a China, começou sua agressão e expansão durante sua era czarista. Os agressores russos que invadiram o nordeste da China e ocuparam Yaksa e seus arredores no vale do rio Heilongjiang cometeram assassinato, incêndio criminoso, estupro, saque e quase todos os crimes imagináveis. Em 1685, o imperador Kangxi da China enviou tropas para recuperar os territórios perdidos, conquistando Yaksa duas vezes e forçando o exército russo atormentado por baixas a se render. Em 7 de setembro de 1689, a Rússia czarista e o governo da Dinastia Qing assinaram o Tratado Sino-Russo de Nerchinsk após negociações em Nerchinsk. De acordo com o tratado, a China e a Rússia foram divididas pelo rio Gorbitsa—um trecho que vai do rio Gorbitsa ao longo da área externa das montanhas Xing’an até o mar—e o rio Erguna, com a Rússia ao norte e a China ao sul. O tratado foi concluído pela China e pela Rússia com base na igualdade e pode ser usado como uma estrutura legal nas negociações de fronteira sino-russas. No entanto, o tratado foi totalmente anulado nas mãos de Jiang Zemin.
Os governos Qing depois de 1840 eram corruptos e fracos, e a Rússia czarista aproveitou a oportunidade para se introduzir na China. Uma revisão de todos os tratados injustos que a China assinou com potências ocidentais após as Guerras do Ópio (1840-1842) aponta para o fato de que, embora disposições de cessão de territórios e pagamento de indenizações não fossem raras, nenhum outro país anexou tantas terras chinesas quanto a Rússia. Pior ainda, como a maioria das terras chinesas ocupadas por outros países foram devolvidas à China no rescaldo da Segunda Guerra Mundial, a ex-União Soviética foi a única exceção: não só falhou em devolver um centímetro de terra, mas até continuou a anexar e mordiscar no território da China.
Ao longo de suas invasões, a Rússia czarista assinou 17 tratados injustos com a China, três dos quais tiraram a maior parte das terras da China—um total de mais de 1 milhão de quilômetros quadrados. Estes foram o Tratado de Aigun (1858), o Tratado de Pequim (1860) e o Tratado Sino-Russo na Fronteira Noroeste.
O Tratado de Aigun (1858)
A Segunda Guerra do Ópio estourou em outubro de 1856 (o sexto ano do Período Xianfeng). Em maio de 1858, a aliança franco-britânica tomou Dagu, ameaçando Tianjin e chocando Pequim. O exército cossaco russo, liderado por Muravyov, governador do leste da Sibéria, aproveitou a oportunidade para avançar para os arredores de Aigun. Com o pretexto de ajudar a China contra os ataques britânicos, Muravyov, escoltado por duas canhoneiras, entrou na cidade de Aigun para negociar com Yishan, o general da dinastia Qing que estava sediado em Heilongjiang. Ele exigiu a invalidação do Tratado Sino-Russo de Nerchinsk e o direito de ocupar a área ao norte do rio Heilongjiang e a leste do rio Ussuri. O general Yishan cedeu sob a ameaça da força da Rússia czarista e foi forçado a assinar o Tratado de Aigun com Muravyov em 28 de maio de 1858.
Os três artigos do Tratado de Aigun estipulam que mais de 600.000 quilômetros quadrados de território chinês ao norte do rio Heilongjiang e ao sul da área externa da Montanha Xing’an sejam cedidos à Rússia, enquanto a China foi autorizada a manter residência e jurisdição em uma pequena área no sudeste do curso superior do rio Zeya perto de Aigun. O território chinês a leste do rio Ussuri seria administrado pela China e pela Rússia em conjunto, e apenas os navios chineses e russos teriam permissão para navegar nos rios Heilongjiang e Ussuri—águas originalmente chinesas.
Deve-se notar que o governo Qing não deu sua aprovação ao Tratado de Aigun, e depois disciplinou o General Yishan junto com outros.
O Tratado de Pequim (1860)
Em outubro de 1860 (o décimo ano do período Xianfeng), a aliança franco-britânica invadiu e ocupou os subúrbios ocidentais de Pequim. O imperador Xianfeng fugiu com sua imperatriz, concubinas, parentes e altos funcionários para o palácio em Rehe. O príncipe Yi Xin, irmão do imperador, ficou para negociar a paz. Ansioso por ter paz, Yi Xin pediu ao ministro russo na China, Igonadiev, para ser o mediador. Igonadiev aproveitou a oportunidade para pressionar o governo Qing a concordar com suas reivindicações territoriais. Em 14 de novembro, Yi Xin assinou o Tratado Sino-Russo de Pequim sob coerção. Além de reconhecer o Tratado de Aigun, o Tratado de Pequim converteu a administração conjunta do território chinês a leste do rio Ussuri à propriedade exclusiva da Rússia e estipulou que a fronteira ocidental sino-russa fosse redesenhada. Dessa forma, a China perdeu cerca de 1 milhão de quilômetros quadrados de suas terras no Nordeste. Com cerca de 400.000 quilômetros quadrados da área costeira do rio Heilongjiang ao rio Tumen, agora propriedade da Rússia, a China havia perdido o acesso ao mar do Japão.
O Tratado Sino-Russo na Fronteira Noroeste
A Rússia czarista começou a cobiçar as partes ocidentais da China no início do século XIX. Durante os anos do reinado do imperador Daoguang (1782-1850), a Rússia czarista ocupou a região de sete rios a sudeste do Lago Balkhash, incluindo o rio Kelatale e o rio Yili. No quarto ano do período do imperador Xianfeng (1854), os russos tomaram Alma-ata à força e tomaram a área no curso inferior do rio Yili. Em setembro de 1864 (o terceiro ano do período do Imperador Tongzhi), o governo Qing, confrontado com o exército russo avançando sobre a fronteira e uma rebelião doméstica de muçulmanos na região de Xinjiang, iniciou negociações com os russos em Tacheng. Sob a ameaça de força e chantagem política da Rússia, o governo Qing foi forçado a assinar o Tratado Sino-Russo sobre a Fronteira Noroeste em 7 de outubro. Por meio do Tratado Sino-Russo de Pequim e do Tratado Sino-Russo na Fronteira Noroeste, a Rússia apreendeu três grandes lagos no oeste da China—Lago Balkhash, Lago Zhaisang e Lago Issy Kui—e suas áreas vizinhas em um total de 440.000 quilômetros quadrados. [1]
Outros tratados desiguais
A Rússia czarista forçou o governo Qing a assinar o Tratado Sino-Russo de Yili no 10º ano do reinado do Imperador Tongzhi (1861-1875) e, mais tarde, entre o oitavo e o 11º ano do reinado do Imperador Guangxu (1887-1908), novamente coagiu o governo Qing a concluir cinco protocolos sobre pesquisas de fronteira com o objetivo de redesenhar as fronteiras ocidentais sino-russas. Por meio do Tratado Sino-Russo de Yili, a Rússia czarista anexou as terras chinesas a nordeste de Tacheng e a oeste de Yili e Kashiger, um total de mais de 70.000 quilômetros quadrados.
Terras tomadas à força
Além de tomar terras chinesas por meio de tratados que forçavam acordos sobre governos Qing corruptos e fracos, a Rússia czarista também usou a força para anexar áreas que foram designadas em tratados como territórios chineses.
Em 24 de julho de 1900, a Rússia czarista, sob o pretexto da eclosão do Movimento Yihetuan anti-imperialista, sitiou 64 aldeias a leste do rio Heilongjiang—um território chinês de acordo com o Tratado de Aigun—com 170.000 soldados. Ao todo, cerca de 160.000 chineses foram mortos, com muitas mulheres sendo estupradas antes de serem mortas. A maioria das vítimas morreu queimada e menos da metade da população conseguiu escapar. Soldados russos perseguiram e mataram aqueles que tentaram correr em direção à margem do rio Heilongjiang; eles foram finalmente baleados ou afogados, as águas ficaram avermelhadas com seu sangue. As 64 aldeias a leste do rio Heilongjiang foram a partir de então ocupadas pela Rússia czarista.
O principal culpado do massacre sangrento nas 64 aldeias foi o czar Nicolau II. No funeral de Nicolau II realizado por Boris Yeltsin, Jiang Zemin, em vez de apresentar uma reclamação e protesto como seria de se esperar, tentou se insinuar com Yeltsin. Um ansioso Jiang chegou ao ponto de saudar Yeltsin com um grande e íntimo abraço, para constrangimento do líder russo. A exibição de Jiang, filmada por um jornalista ocidental, não poderia ter sido mais sórdida. Além disso, Jiang foi pessoalmente à Rússia para assistir a uma cerimônia em memória dos assassinos cossacos que haviam matado vários cidadãos chineses. E foi ele quem cedeu pessoalmente as 64 aldeias a leste do rio Heilongjiang para a Rússia no Protocolo.
A ilha Sakhalin, a maior ilha da China, está localizada a leste do rio Heilongjiang. Faz fronteira com o Mar de Okhotsk em seu leste e norte, tem vista para o continente através do Estreito de Tatarskiy em seu oeste e se junta com o Japão através do Estreito de Perouse ao sul. A ilha, com uma área de 76.400 quilômetros quadrados—o dobro do tamanho de Taiwan—está sob jurisdição chinesa desde a dinastia Jin. O Tratado Sino-Russo de Nerchinsk de 1689 também afirmou a propriedade da ilha pela China. Em 1789, uma força expedicionária russa invadiu a ilha e expulsou seus habitantes nativos—o povo Hezhe (de nacionalidade Xianbei)—assumindo o controle exclusivo dos depósitos de carvão e petróleo na ilha.
A região de Tuva, uma faixa estreita a noroeste da Mongólia e imprensada entre a cordilheira Sayan ao norte e a montanha Tangnu ao sul, tem uma área total de 170.000 quilômetros quadrados—o tamanho da província de Guizhou, no sudoeste da China. A Rússia planejou sua independência na década de 1920 e, em 1944, incluiu a ilha dentro de seus próprios limites. Dos governos chineses da dinastia Qing até o governo KMT e o governo comunista de Mao Tsé-Tung, nenhum reconheceu a independência da região de Tuva, cuja população era predominantemente chinesa. Em 1953, a Assembleia Geral da ONU decidiu por votação que a região de Tuva era território chinês.
Posições de vários regimes do PCC
O território é uma questão extremamente delicada na China e, portanto, nenhum líder na história moderna da China ousou agir precipitadamente e reconhecer oficialmente os tratados injustos assinados no passado.
De acordo com a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, os tratados assinados sob ameaça de força não têm validade. Os governos chineses anteriores, portanto, sob esta luz, nunca reconheceram os tratados injustos discutidos acima. Em 1972, Mao Tsé-Tung informou oficialmente à União Soviética, por meio de sua embaixada em Pequim, a decisão da China de que Pequim rejeitou categoricamente nove dos 17 tratados injustos que a Rússia czarista impôs à China. Depois que a China continental recuperou seu assento nas Nações Unidas, Mao disse à ONU que a China não aceitava os nove tratados injustos. “A União Soviética—tanto seu império czarista quanto a vermelha União Soviética—tomou muito de nossas terras”, disse Mao a Nixon quando os dois se encontraram em 1972. “Essas terras ocupadas são numerosas demais para contar. Alguns governos chineses, como o governo KMT e os governos da Dinastia Qing, fizeram mais declarações do que eu a esse respeito. O que estou reivindicando agora são as partes menos reivindicadas pelo direito internacional e aquelas que claramente pertencem à China com base em fatos históricos”, disse Mao.
Em outubro de 1978, um porta-voz de Pequim apontou que, entre 1960 e 1969, a Rússia Soviética tomou 185 milhas quadradas de território chinês; outros 1.080 quilômetros quadrados foram tomados de Yili, na região de Xinjiang, nos anos entre 1972 e 1977. Ele acrescentou que, além das áreas disputadas, a Rússia ocupou à força 3.475 milhas quadradas de terras chinesas. A China revelou em 29 de setembro de 1979 que as áreas contestadas pela Rússia e pela China em 20 distritos da região de Xinjiang tinham entre 11.600 e 29.696 milhas quadradas de tamanho. Em 8 de janeiro de 1982, Li Xiannian afirmou que a Rússia detinha todas as áreas disputadas ao longo da fronteira sino-russa, que totalizava 90.000 quilômetros quadrados.
Uma breve revisão da história revela que, desde os anos da Rússia czarista até a URSS, a Rússia adotou a prática regular de tomar terras chinesas, tanto por meio de intrigas quanto pela força. Nem o governo KMT nem o governo comunista sob Mao jamais ousaram reconhecer os tratados associados a essas perdas ou a legitimidade da ocupação russa.
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