Os dias de Jiang Zemin estão contados. É apenas uma questão de quando, e não se, o ex-chefe do Partido Comunista Chinês será preso. Jiang governou oficialmente o regime chinês por mais de uma década, e por outra década ele foi o mestre das marionetes nos bastidores que freqüentemente controlava os eventos. Durante essas décadas, Jiang causou danos incalculáveis à China. Neste momento, quando a era de Jiang está prestes a terminar, o Epoch Times aqui republica em forma de série “Qualquer coisa pelo poder: A verdadeira história de Jiang Zemin”, publicado pela primeira vez em inglês em 2011. O leitor pode vir a compreender melhor a carreira desta figura central na China de hoje.
Capítulo 13 – Perseguindo o Falun Gong descaradamente, o principal criminoso segue seu próprio caminho (2º semestre de 1999)
Uma série de eventos importantes ocorreram durante os 15 anos do governo de Jiang Zemin (incluindo os últimos dois anos, pós-aposentadoria, em que ele controlou os assuntos de Estado nos bastidores), entre os quais se contam o retorno de Hong Kong e Macau à China, a entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC) e a supressão do Falun Gong. Dos eventos, apenas a supressão do Falun Gong foi incentivada por Jiang, enquanto os outros aconteceram devido à sorte ou como resultado do trabalho árduo de outras pessoas.
Quando Jiang baniu o Falun Gong, sua queda se iniciou. Pode-se dizer que, depois que Jiang se tornou uma das elites de poder de Pequim após o Massacre do Tiananmen, ele consolidou metodicamente seu poder por meio de uma série de lutas políticas brutais. Mas a repressão ao Falun Gong rapidamente se tornou um albatroz para Jiang. Jiang não esperava por isso, antecipando, em vez disso, que o Falun Gong poderia ser rapidamente esmagado. O destino político de Jiang estava ligado à campanha contra o Falun Gong a partir do momento em que ele seguiu seu próprio caminho para lançá-la. Todas as suas decisões giraram em torno do assunto.
É difícil para aqueles que residem em um mundo mundano compreender o poder das crenças espirituais mais elevadas. Considere esse poder como manifesto nos primeiros cristãos, que nunca pegaram em armas e sobreviveram a 300 anos de perseguição pelo outrora poderoso Império Romano. Jiang, até a morte, nunca admitirá que cometeu um erro ao perseguir os seguidores do Falun Gong; no entanto, sua luta pacífica e composta nos últimos anos o deixou sem saída. Para entender o pensamento e o comportamento de Jiang após 1999 (o ano em que ele começou a proibição do Falun Gong), é necessário primeiro entender a perseguição de uma forma abrangente.
1.Inventando acusações
Depois da aglomeração de 25 de abril de 1999 em Zhongnanhai, houve uma atividade constante das autoridades chinesas envolvendo o Falun Gong, como investigações nacionais por parte do governo, preparativos para a propaganda a ser feita contra o grupo, mobilização do sistema de Segurança Pública para buscar e coletar informações sobre o Falun Gong e “preparação ideológica” das pessoas nas várias organizações locais do Partido. Jiang tratou a questão do Falun Gong como prioridade máxima.
Li Hongzhi, o fundador do Falun Gong, havia se mudado para os Estados Unidos alguns anos antes, mas Jiang chegou a tentar extraditar Li de volta para a China por meio de uma redução de $ 500 milhões no superávit comercial com os EUA. Em um artigo chamado “Alguns pensamentos meus”, publicado em 2 de junho de 1999, Li disse:
O que eu faço é simplesmente ensinar às pessoas a serem boas. Ao mesmo tempo, eu ajudo-as incondicionalmente a se livrarem de suas doenças e seus problemas de saúde; também, capacito-as a alcançarem reinos mentais mais elevados. Eu não peço dinheiro ou coisas materiais em troca. Isso tem tido um impacto positivo na sociedade e nas pessoas, e tem, em grande escala, direcionado o coração das pessoas para o bem e elevado o nível moral delas. Pergunto-me: É por causa disso que eles pedem a minha extradição? […] Entretanto, eu ouvi dizer que, normalmente, as pessoas que são extraditadas são criminosos de guerra, inimigos públicos ou criminosos delinquentes. Sendo assim, eu me pergunto em qual das categorias acima eu me enquadraria. [1]
Li também disse:
De fato, eu tenho ensinado às pessoas a se conduzirem de acordo com os princípios: Verdade, Benevolência e Tolerância. Sendo assim, naturalmente, eu também venho dado o exemplo. Quando os discípulos do Falun Gong e eu somos criticados sem nenhuma razão e tratados de forma injusta, nós temos sempre uma atitude de grande benevolência e de grande tolerância, e suportamos tudo silenciosamente para dar ao governo tempo suficiente para que ele perceba quem nós somos. […] Na realidade, eu sei exatamente por que algumas pessoas insistem em se opor ao Falun Gong. Conforme noticiado pela mídia, muitas pessoas estão praticando Falun Gong. Cem milhões de pessoas certamente não é um número pequeno. Ainda assim, por que temer um grande número de pessoas boas? Não é verdade que quanto mais pessoas boas houver, tanto melhor será, e que, quanto menos pessoas más houver, tanto melhor será? [2]
Mesmo que Jiang pudesse ler todas as palavras bem-intencionadas de Li, ele ainda não conseguia deixar de presumir que os outros agiam como ele, sendo motivado apenas por motivos básicos e insignificantes. Jiang pensa que é impossível para uma pessoa não temer a morte e que qualquer um pode ser comprado. Ele pensava que poderia realizar qualquer coisa, já que os mecanismos de todo o estado estavam sob seu controle.
Em 7 de junho de 1999, Jiang fez um discurso na reunião do Politburo do Comitê Central do PCC a respeito de acelerar o esforço para lidar com e resolver o “problema do Falun Gong”. No discurso, ele descreveu a formação do Falun Gong e sua rápida disseminação, dizendo: “Esta é uma luta política entre o Partido e seus inimigos, tanto em casa quanto no exterior, pela [lealdade das] massas e pela posição dominante”.
Jiang nunca forneceu qualquer base para seu argumento ou qualquer relato de como ele chegou à sua conclusão. E apesar do fato de que o Falun Gong sempre agiu de forma não violenta e razoável, e melhorou mais de 100 milhões de pessoas fisicamente e mentalmente, ele exigiu com o peso de um ditador que todos os membros do PCC e da Liga da Juventude Comunista (CYL), quadros na força de trabalho, funcionários aposentados, líderes de unidades de trabalho do PCC e das organizações CYL parassem de praticar o Falun Gong e “traçasse uma linha clara em suas mentes”.
Com base na reação do Politburo à sua carta escrita na noite de 25 de abril, Jiang sentiu que sobre a questão de suprimir o Falun Gong, a maioria dos membros do Politburo e até mesmo os membros do Comitê Permanente estavam indiferentes. Os líderes do governo, incluindo Zhu Rongji, consideraram desnecessário tratar a questão do Falun Gong como um conflito entre eles e algum inimigo. Jiang, portanto, decidiu estabelecer um grupo de liderança interministerial diretamente sob seu comando, um grupo que estaria acima de todas as outras instituições governamentais. Ele não estaria sujeito a restrições do governo, do sistema jurídico ou do sistema fiscal, podendo, em vez disso, dar ordens para perseguir o Falun Gong. Foi nesse sentido que Jiang pensou em Li Lanqing.
Naquela época, dos sete membros do Comitê Permanente do Politburo, exceto Jiang, todos eram contra a campanha de perseguição. Foi então que Bo Yibo, um oficial de alto escalão do PCC com uma péssima reputação, soube da desaprovação dos membros e, assim, sentindo uma oportunidade, saiu fortemente a favor da decisão de Jiang.
Na mesma época, Jiang decidiu persuadir Li Lanqing a se juntar a ele, pois tinha um bom relacionamento pessoal com Li. Jiang ameaçou rotulá-lo como alguém que não faz as coisas do “jeito do Partido” e que está “arruinando e traindo o Partido e o país”. No final, Li foi influenciado e concordou com a decisão de Jiang.
E foi então que Jiang formou um grupo de liderança para lidar com o Falun Gong da maneira que quisesse. Li Lanqing tornou-se o diretor do grupo. E para aproveitar tanto o poder da espada quanto o poder da caneta, Luo Gan e Ding Guangen foram escolhidos como vice-diretores. Jiang também nomeou o secretário adjunto do Ministério de Segurança Pública, Liu Jing, e outros chefes de departamentos relevantes como membros-chave do grupo para combinar inteligência e resolver o “problema do Falun Gong” sistematicamente. Jiang ordenou que o Comitê Central do PCC e cada ministério e comissão, de cada província, região autônoma e município que estava diretamente sob o governo central, cooperasse totalmente. O grupo, ou organização, foi formado em 10 de junho de 1999, ganhando assim o nome de “Agência 6-10”.
Quanto à sua natureza, a Agência 6-10 é, em todos os sentidos do termo, uma organização ilegal. Não existe base jurídica para a sua constituição ou existência. É o mesmo que o Grupo de Liderança do Comitê Central do PCC, como foi chamado, que surgiu durante a Revolução Cultural. O único propósito da Agência 6-10 é contornar a lei, contornar o exame normal e a aprovação de fundos e pessoal e mobilizar os meios de repressão de todo o país para perseguir o Falun Gong. O chefe da organização ilegal não é outro senão Jiang Zemin. Todas as suas ordens são dadas em segredo por Jiang, que teme deixar evidências de suas ações. Quando manda ordens pela agência, nunca assina seu nome. Sempre que as pessoas da Agência 6-10 veem as ordens especiais, no entanto, eles agem imediatamente, sabendo sua origem.
Foi por meio de seus poderes autocráticos que Jiang conseguiu contornar o sistema legal e criar a Agência 6-10—um órgão que preside até mesmo os órgãos judiciais em diferentes níveis. Jiang também pressionou a Agência 6-10 para coagir os encarregados da aplicação da lei do Governo Central até o nível local a infringir a lei, significando uma parada no progresso feito pelo sistema jurídico da China nos últimos 20 anos. O dano à sociedade chinesa é incomensurável.
Embora Jiang tenha feito muito barulho por causa do Falun Gong, quando se tratava de ideias concretas sobre o que fazer, ele ficava perdido. Jiang, portanto, fez com que Zeng Qinghong elaborasse um esquema secreto para publicar em 14 de junho de 1999, um “Discurso dos Chefes dos Escritórios de Cartas e Reclamações sob o Escritório Geral do Comitê Central do PCC e o Escritório Geral do Conselho de Estado após Reunião com Alguns Peticionários do Falun Gong ”através do Escritório Geral do Comitê Central do PCC e do Conselho de Estado. As observações enganosas declararam:
Primeiro, nos últimos dias, alguns praticantes do Falun Gong espalharam boatos como “o Escritório de Segurança Pública vai começar a perseguir o Falun Gong” e “Membros e quadros do partido comunista serão demitidos de seus empregos se praticarem o Falun Gong” […] estes são apenas rumores perversos, que são fabricados e que envenenam a mente das pessoas. […] Em segundo lugar, a atitude do Partido e do governo sobre as atividades normais para exercitar o corpo e para a boa forma é muito explícita. […] Quero enfatizar novamente: nenhum exercício normal do corpo para preparação física foi jamais proibido por qualquer nível do governo; as pessoas têm o direito de acreditar e praticar uma prática e também o direito de não acreditar em uma prática.
Olhando para trás, para os discursos—discursos compartilhados com a nação por membros-chave do governo chinês—não é difícil ver que o PCC, liderado por Jiang, poderia dar uma reviravolta em qualquer momento. Nada do que o Partido diz pode ser confiável.
Como as atividades do Falun Gong eram, e são, todas abertas ao público, seus seguidores—que acreditam nos valores, verdade, compaixão e tolerância—não estavam na defensiva contra a mídia do PCC. As coisas ficaram complicadas pela presença de muitos policiais e agentes especiais se passando por adeptos do Falun Gong, com o objetivo de coletar informações em inúmeros locais de prática do grupo. Os espiões tiravam fotos e gravavam vídeos, obtendo informações pessoais sobre o coordenador de cada local de prática.
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