Por Jim Liao
O Grande Expurgo, um período de perseguição política na Rússia iniciado pelo ditador soviético Joseph Stalin entre 1936 e 1938, é tido como uma das maiores execuções em massa da história humana.
Durante o expurgo, qualquer um que suspeitasse-se ser um elemento anti-soviético era abatido ou enviado a um campo de trabalho, onde muitos faleciam por fome, exaustão ou doenças. Stalin não se importava se estava matando aqueles alinhados à sua causa ou outras vidas inocentes. Ao invés, mantinha o sacrifício de inocentes como necessário para assegurar que verdadeiros inimigos fossem eliminados. “Todo comunista é um inimigo disfarçado em potencial. E porque não é simples reconhecer o inimigo, o objetivo é atingido mesmo que somente 5% dos executados sejam realmente oponentes,” proclamou Stalin.
Portanto, os principais alvos a serem expurgados incluíam aqueles que nasceram em países estrangeiros, que já haviam sido afiliados anteriormente a partidos políticos não-comunistas, e fazendeiros abastados que tiveram sua propriedade confiscada pela revolução.
A paranoia extrema de Stalin somada à exigência comunista por pureza ideológica o levaram a matar incontáveis membros de seu próprio partido.
O homicídio de Sergey Kirov, um líder do Partido Comunista e fiel apoiador de Stalin, frequentemente é lembrado como o início do expurgo. Alguns historiadores suspeitam que Stalin tenha ordenado a morte de Kirov por medo de sua crescente popularidade nos quadros internos do partido.
Enquanto propagava conspirações de que anti-stalinistas dentro do partido estavam planejando assassinar a ele e outros líderes soviéticos, Stalin acusou centenas de oponentes políticos no governo soviético e suas agências de inteligência de organizar o homicídio de Kirov.
Os réus foram julgados em sete julgamentos diferentes que tornar-se-iam os primeiros dos “julgamentos-show”, julgamentos públicos onde os réus eram coagidos, frequentemente com emprego de tortura física e psicológica, a fazer confissões falsas de culpa.
Os julgamentos por sua vez serviam ao duplo propósito de fabricar evidências para as acusações de anti-stalinismo feitas por Stalin e de servir como aviso a outros dissidentes em potencial.
Stalin então voltou sua atenção ao exército vermelho após convencer-se de que seus generais estavam secretamente orquestrando para ele um golpe de Estado. Consequentemente, 30000 membros do exército (7%) foi executado, inclusive três dos cinco marechais, 13 dos 15 comandantes, 8 dos 9 almirantes, e 154 dos 186 comandantes de brigada.
Na última etapa do expurgo interno, Stalin considerou que integrantes sênior da NKVD – a organização da Polícia Secreta Soviética responsável por levar adiante os expurgos anteriores – sabiam demais, e que esta informação poderia ser usada contra ele no futuro. Stalin indicou Lavrenti Beria como o novo encarregado pela Polícia Secreta, que, por sua vez, deu início à execução de membros da NKVD sob o pretexto de serem fascistas que haviam causado a morte de diversos civis inocentes.
Muitos dos detentores de posições privilegiadas na NKVD foram executados ou enviados à campos de trabalho, inclusive três ex-diretores. Ao fim do expurgo, cerca de um terço dos três milhões de membros do Partido Comunista haviam sido eliminados.
É difícil estimar a contagem integral das vítimas dos expurgos de Stalin.
Arquivos da NKVD, recuperados anos após, apontam que 681,692 pessoas foram executadas durante o período de 1937 a 1938, apesar de estes números poderem ser considerados subestimados, devido à natureza esguia da NKVD.
Robert Conquest cita a estatística de 1,750,000 execuções dada tanto pelo Diretor do Russian Archives quanto por um orador do Ministério de Segurança.
A maioria dos historiadores estima o número de mortes não-naturais decorrentes do expurgo entre 1 e 2 milhões. Seja qual for o caso, o expurgo demonstra claramente a obsessão extremada de governos comunistas com a manutenção do poder, e as amplamente difundidas táticas de genocídio, fraude e fabricação de terror empregadas para forjar uma falsa impressão de estabilidade.
Os pontos de vista expressados neste artigo são a opinião do autor e não necessariamente correspondem aos posicionamentos do Epoch Times.