Por Trevor Loudon
Quando a congressista democrata de Washington, Pramila Jayapal, anunciou o lançamento da resolução H.R.1384, “Medicare for all”, nas escadas do Capitólio em 27 de fevereiro de 2019, isso representou um grande passo dos Estados Unidos rumo ao socialismo.
Jayapal foi cercada por mais de 100 apoiadores, muitos deles de grupos como o Enfermeiras Nacionais Unidas, o Centro para a Democracia Popular, Nossa Revolução, Coalizão de Mulheres Sindicalistas e a Campanha de Trabalho para o Pagador Único.
Logicamente, todas as organizações representadas são controladas, ou pelo menos fortemente influenciadas, pela maior organização marxista dos Estados Unidos, os Socialistas Democráticos dos Estados Unidos (DSA, na sigla em inglês), que podem, com razão, reivindicar o crédito pelo movimento socialista do pagador único, eufemisticamente conhecido como “Medicare for all”, que está chegando agora aos Estados Unidos.
Durante décadas, mesmo a maioria dos parlamentares democratas evitou qualquer menção à cobertura de saúde administrada pelo governo. Mas agora, mais de 100 congressistas democratas assinaram um projeto de lei que elimina a indústria da cobertura médica privada e dá ao governo federal controle quase completo sobre a assistência médica de cada cidadão norte-americano.
O que aconteceu para que houvesse uma mudança tão radical?
Quentin Young
Tudo isso levou muito tempo para se desenvolver. As raízes da resolução H.R.1384 datam da década de 1930 em South Side, Chicago, quando um jovem estudante do Hyde Park High School chamado Quentin Young se reuniu pela primeira vez com a Liga de Jovens Comunistas.
Após a Segunda Guerra Mundial, Young se formou na Northwestern School of Medicine e passou a residir no Hospital do Condado de Cook, em Chicago. Young entrou para a Associação Médica Norte-Americana e foi presidente do Departamento de Medicina Interna do Condado de Cook, onde ajudou a estabelecer o Departamento de Medicina Ocupacional. Mais tarde, Young tornou-se professor clínico de Medicina Preventiva e Saúde Comunitária no Centro Médico da Universidade de Illinois e médico de família no Hospital Michael Reese.
Em 1997, ele foi admitido como autoridade no American College of Physicians, e em 1998, atuou como presidente da American Public Health Association.
Paralelamente à sua carreira médica estelar, Young também foi um proeminente ativista de esquerda. Ele esteve próximo do Partido Comunista por décadas e, em 1968, invocou a Quinta Emenda e se recusou a testemunhar quando o Comitê de Atividades Antiamericanas da Câmara dos Deputados o acusou de pertencer ao Bethune Club, um grupo do Partido Comunista para médicos do Hospital do Condado de Cook.
Em 1968, embora ele provavelmente ainda fosse um membro do Partido Comunista, Young fundou a Comissão Médica para os Direitos Humanos, um dos primeiros grupos norte-americanos a promover a medicina social na era moderna.
No final dos anos 1970, Young ingressou no Novo Movimento Norte-Americano (NAM), uma aliança de ex-estudantes e ex-comunistas radicais. Em 1982, o NAM se juntou ao Comitê Organizador Democrático Socialista para formar o DSA, que permaneceria como o lar ideológico de Young até a sua morte em março de 2016. Em 1987, Young co-fundou o Médicos por um Programa Nacional de Saúde (PNHP, na sigla em inglês), que agora tem mais de 21 mil membros e filiais em todo os Estados Unidos.
Sob a direção de Young, o DSA tornou-se a principal força motriz por trás da campanha pela medicina socializada nos Estados Unidos.
Segundo o site do PNHP:
“Nossos membros e médicos ativistas trabalham para alcançar um programa nacional de saúde de pagador único em suas comunidades. O PNHP realiza pesquisas inovadoras sobre a crise da saúde e a necessidade de reformas fundamentais, coordena palestrantes e fóruns, participa de reuniões em prefeituras e debates, contribui com artigos acadêmicos em revistas médicas revisadas por especialistas e aparece regularmente na televisão e nos noticiários que defendem um sistema de pagador único”.
“O PNHP é a única organização nacional de médicos nos Estados Unidos dedicada exclusivamente à implementação de um programa nacional de saúde de pagador único”.
O médico de Los Angeles, Steve Tarzynski, na época membro do Comitê Político Nacional do DSA e presidente do Grupo Nacional de Trabalho para a Assistência Médica do DSA, escreveu na edição de janeiro/fevereiro de 1994 da revista do DSA Esquerda Democrática:
“Alcançamos alguns dos modestos objetivos que os líderes nacionais estabeleceram quando o DSA decidiu apoiar o sistema de saúde de pagador único no mesmo estilo do canadense, como nosso principal tema.”
“Os membros do DSA serviram na Força-Tarefa de Assistência Médica de Clinton e como líderes e membros das coalizões nacionais e estaduais de pagador único. Talvez o mais importante, em 1991, nós organizamos uma turnê nacional por 22 cidades com mais de 40 especialistas canadenses em saúde (do nosso partido irmão, os Novos Democratas) que ajudaram a empurrar o movimento do pagador único para a ação. Nenhuma outra organização estava em condições de realizar uma tour tão importante. Fizemos um bom trabalho como uma corrente socialista dentro do movimento de pagador único, mas ainda temos oportunidades significativas de melhorar o nível de ativismo da população do DSA local e em nosso recrutamento de ativistas para o DSA através desta questão”.
“O aspecto mais sensível do nosso trabalho é como equilibrar nossos esforços para melhorar a proposta de Clinton e pressionar a favor do pagador único. Este não é um dilema novo para a esquerda. A tensão entre reforma e revolução existiu em todos os movimentos socialistas das democracias industrializadas ocidentais. Ela sempre estará conosco. A solução está em colocar em prática a noção de “gradualismo visionário” de Michael Harrington.”
As reformas na área de saúde de Hillary Clinton acabaram fracassando, mas o DSA se recusou a se render. Os camaradas pressionaram por mais iniciativas por meio de aliados no Congresso, como o deputado democrata de Michigan, John Conyers, e o senador independente de Vermont, Bernie Sanders.
De acordo com a edição de verão de 2009 da revista Esquerda Democrática:
“O DSA reafirma seu apoio à assistência médica de pagador único como o método mais justo, econômico e racional de criar um sistema de saúde universal nos Estados Unidos.”
Na Câmara dos Deputados, John Conyers introduziu o H.R.676, a lei do Medicare for All ampliada e melhorada. Esse projeto de lei tem 77 co-patrocinadores. No Senado, Bernie Sanders apresentou o S.703, a Lei Norte-Americana de Assistência Médica de 2009. Seu projeto de lei ainda não atraiu copatrocinadores.”
“Essas duas legislações adotam abordagens diferentes para a cobertura universal de saúde, mas ambas eliminam as empresas de cobertura médica com fins lucrativos”.
“O DSA pede aos nossos vizinhos para entrar em contato com seus senadores e deputados e os encorajem a co-patrocinar esses projetos de lei se ainda não o fizeram.”
Enquanto isso, Young usou relacionamentos pessoais para promover a causa.
Young foi um amigo de longa data e mentor político do ex-presidente Barack Obama, fato confirmado em uma entrevista com Amy Goodman do Democracy Now! em março de 2009:
Amy Goodman: “Você é amigo de Barack Obama há muito tempo.”
Quentin Young: “Sim”
Amy Goodman: “Como isso mudou ao longo dos anos?”
Sr. Young: “Bem, Barack Obama, como sabemos, ele era um organizador comunitário, e ele tomou a decisão, quando a oportunidade se apresentou, que poderia fazer mais coisas politicamente, e aceitou a indicação para o assento no Senado estadual. Não foi há muito tempo, realmente. Foi cerca de seis ou oito anos atrás”.
“Barack Obama, naqueles primeiros dias — influenciado, espero, por mim e por outros — disse categoricamente que o pagador único era o melhor caminho, e que o implantaria se pudesse obter apoio, isto é, maiorias em ambas as câmaras, que ele tem, e a presidência, que ele também tem. E ele disse isso em mais de uma ocasião, e isso mostrou a inteligência de alto nível que todos nós sabemos que Barack tem.”
O Obama Affordable Care Act (Obamacare) não era um sistema de pagador único. Foi uma medida progressiva, na metade do caminho, que satisfez os poucos à esquerda e disparou os custos da cobertura médica.
Conclusão inevitável
Gerald Friedman é um economista de Massachusetts e membro do DSA. Escrevendo para a revista “Esquerda Democrática” em outubro de 2013, Friedman explicou que quando o Obamacare fracassou, a cobertura médica completamente socializada seria a próxima etapa:
“Depois de um século de luta, a ACA (Affordable Care Act) torna os Estados Unidos comprometido a fornecer acesso universal à assistência médica. Esta é uma grande conquista, que deve ser valorizada e nutrida”.
“Agora começa a verdadeira luta para transformar este compromisso em uma realidade que a própria ACA não consegue concretizar. Barack Obama estava certo na primeira vez: só um programa de pagador único pode oferecer cobertura universal, e só um programa de pagador único pode controlar os custos. A ACA pode ser a última má ideia que os norte-americanos tiveram; depois que ele falhar, finalmente faremos a coisa certa: um programa de assistência médica de pagador único.”
Aí está os Estados Unidos agora. O DSA e seus amigos no Congresso massacraram o melhor sistema de saúde do mundo de tal maneira, trouxeram cuidados de saúde acessíveis para além do alcance de milhões de norte-americanos, que a assistência médica gerida pelo governo é agora uma opção viável para muitos.
Se os Estados Unidos não mudarem de curso em direção a um sistema de saúde de mercado livre mais humano, acessível e inovador, em breve poderá ser tarde demais.
Mais de 320 milhões de norte-americanos estão prestes a perder seus convênios médicos e a liberdade por causa de um projeto idealizado por um punhado de marxistas em Chicago.
Não se pode permitir que uma fraude tão grande contra o povo norte-americano seja bem-sucedida.
Trevor Loudon é escritor, cineasta e professor da Nova Zelândia. Por mais de 30 anos, dedicou-se a estudar os movimentos da esquerda radical, marxista e terrorista e sua influência oculta na política dominante
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