Falei de algumas das questões científicas relacionadas com o alarmismo sobre a mudança climática que soou em um comunicado de imprensa emitido pelo Painel Intergovernamental de Especialistas sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), “Resumo para Legisladores do Relatório Especial do IPCC sobre o Aquecimento Global de 1,5ºC Aprovado pelo Governo”, publicado em 8 de outubro de 2018.
O IPCC é o órgão das Nações Unidas encarregado de avaliar a ciência relacionada à mudança climática do planeta.
Agora vamos fazer um experimento mental: imagine por um momento que você nunca tenha ouvido falar em “aquecimento global” ou “mudança climática”.
Em seguida, concentre-se totalmente nas recomendações das políticas do IPCC. O comunicado de imprensa pede mudanças “rápidas e profundas” relativas à terra, energia, indústria, edifícios, transporte e cidades. Entre outras mudanças importantes que as Nações Unidas desejam monitorar, ele aponta que “tudo o que temos a fazer é comer um terço menos de carne, mudar para casas menores, usar transporte público e mudar completamente de combustíveis fósseis para renováveis”, escreveu com a ironia de um enorme eufemismo Brian McNicoll, da Accuracy in Media.
Pergunta: que tipo de agenda política isso nos lembra? O movimento ambientalista de hoje é dominado por uma ideologia que busca poder governamental massivo sobre todas as esferas importantes da atividade humana.
A liberdade individual deve ser restringida. O ambientalismo é simplesmente a mais recente repetição das ideologias anti-liberdade — fascismo, socialismo e comunismo — que compartilham a visão de que o mundo é um desastre crítico que só pode ser salvo se os governos privarem as pessoas dos direitos individuais e as obrigarem a obedecer ao plano central projetado pelo governo.
Sem dúvida, as Nações Unidas estão fortemente inclinadas para o socialismo. O Objetivo n.º 10 da Agenda 2030 das Nações Unidas visa “reduzir a desigualdade dentro e entre os países”, o que “só será possível se a riqueza for compartilhada”. O documento continua a promover “mudanças fundamentais na forma como nossas sociedades produzem e consomem bens e serviços” — típico de um planejamento econômico central imposto de cima para baixo.
A mudança climática tem a ver com a distribuição de riqueza
Ottmar Edenhofer, funcionário de alto cargo do IPCC, disse abertamente: “Devemos nos livrar da ilusão de que a política climática internacional é uma política ambiental. Em vez disso, a política de mudança climática trata sobre como redistribuir […] a riqueza do mundo. Aí vem o especialista em mudança climática: a agenda real é a redistribuição da riqueza. E a mudança climática é apenas um pretexto conveniente.
E quanto aos ambientalistas aqui nos Estados Unidos? Eles têm objetivos políticos semelhantes? Sim. A primeira vez em que notei a orientação esquerdista do movimento verde foi na década de 1970. Como jovem professor, eu periodicamente enviava uma contribuição modesta para vários grupos ambientalista — o Sierra Club, a Fundação Jacques Cousteau e outros.
No entanto, quanto mais eu lia suas publicações, mais claro ficava para mim que esses grupos não estavam apenas fazendo lobby a fim de conseguir água e ar mais limpos — objetivos muito valiosos na época e agora —, mas que também estavam utilizando — e utilizando mal, na minha opinião — o dinheiro das minhas doações para promover uma lista completa de causas esquerdistas/progressistas, incluindo o desarmamento unilateral dos Estados Unidos em face da agressão soviética em todo o mundo, o aborto, os privilégios dos sindicatos, etc.
Passemos para o início dos anos 90, quando a União Soviética entrou em colapso. O socialismo foi desacreditado em todo o mundo, mas o que aconteceu com os intelectuais e ativistas socialistas norte-americanos? Longe de se arrependerem e abandonarem a ideia do controle governamental da atividade econômica, eles ocultaram seu desejo de um governo maior com o traje verde do ambientalismo. Foi daí que surgiu o termo “melancia” — verde por fora, vermelho por dentro.
Em uma conferência em Moscou em 1990, Mikhail Gorbachev, secretário geral do Partido Comunista, disse com franqueza: “… a ameaça de uma crise ambiental será a chave do desastre internacional que irá trazer a nova ordem mundial”. Gorbachev pediu explicitamente a criação de uma organização verde internacional para promover esse plano. O enredo é complicado: Al Gore teria participado dessa conferência.
A falecida Natalie Grant, especialista em desinformação soviética, escreveu em um artigo de 1998 intitulado “Cruz Verde: Gorbachev e o Comunismo Ambiental” que o plano de Gorbachev consistia em que simpatizantes pró-Moscou e acadêmicos ingênuos, as ciências e a imprensa inventassem e divulgassem histórias para instigar o medo do desastre ambiental.
Hoje há abundantes evidências da participação russa em campanhas nacionais contra o fracking e os oleodutos. O objetivo é paralisar a produção norte-americana de combustíveis fósseis para que a Rússia possa ganhar mais participação no mercado. Aqui, os russos e os verdes norte-americanos se unem em torno de uma causa comum.
A conexão russo-ambientalista
Kenneth Stiles, agente aposentado da CIA, descobriu uma trilha de dinheiro que ia dos interesses energéticos russos através das Bermudas até vários grupos ambientalistas dos Estados Unidos. Stiles declarou que “sem dúvida”, “os grupos ambientalistas […] são agentes de influência para Moscou através de [um] sistema de redes de empresas e fundações fictícias”.
Não é coincidência que o IPCC tenha divulgado suas últimas previsões um mês após as eleições bienais nos Estados Unidos. O IPCC adoraria ajudar os democratas a conquistar o Congresso nas eleições de meio de mandato no próximo mês. Eles buscam vingança contra o presidente Trump por ter tido a coragem de se retirar do chamado “Acordo Climático de Paris”, que é um grande artifício para a redistribuição da riqueza. Surpresa! Não são apenas os russos que querem influenciar as eleições nos Estados Unidos.
Há um indicador mais importante de que a histeria em torno da mudança climática não tem primariamente relação com o meio ambiente. Por que “verde” é sinônimo de meio ambiente? É porque acreditamos que um ambiente saudável é exuberante e verde, não estéril e marrom. Sendo assim, o movimento ambientalista deveria agradecer e comemorar com alegria o fato de que o mundo se tornou visivelmente mais verde nas últimas décadas.
Um estudo global conduzido por uma equipe internacional de cientistas e publicado há dois anos na revista Nature Climate Change descobriu que o “re-enverdecimento [da Terra] nos últimos 33 anos […] equivaleu a adicionar um continente verde duas vezes maior que os Estados Unidos continentais”.
A principal causa deste re-enverdecimento global foi o aumento da concentração de CO2 — o elixir da vida vegetal — na atmosfera da Terra.
Então, o que os autoproclamados “verdes” querem? Eles pedem políticas anti-verde. Eles querem reduções drásticas nas emissões de CO2 — algo ruim para as plantas —, o uso reduzido de energia relativamente barata (algo especialmente ruim para os pobres) e procuram impor fortes controles governamentais em nossas vidas diárias — algo ruim para todos aqueles que não fazem parte das elites políticas nacionais e globais e seus capangas.
Não está dentro da capacidade humana decidir qual será a temperatura da Terra nos próximos anos. No entanto, temos o poder de decidir se queremos viver em uma sociedade livre e próspera ou em uma sociedade pobre e altamente regulada. Os verdes anti-verde preferem o último. Eu não. E você, de que lado está?
Dr. Mark Hendrickson é professor associado de Economia na Grove City College. É autor de vários livros, incluindo “O Panorama Completo: A Ciência, A Política e A Economia das Alterações Climáticas”
As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do The Epoch Times.
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