Pior desastre ambiental da China foi uma campanha para erradicar pardais

Mao, que não era nem um ecologista, nem um fazendeiro, pessoalmente identificou mosquitos, moscas, ratos e pardais como pestes a serem eliminadas

23/06/2020 22:03 Atualizado: 24/06/2020 01:46

Por Jack Phillips

Umas das primeiras ações postas em prática durante o desastroso Grande Salto Adiante do líder comunista chinês Mao Tsé-Tung foi um programa para eliminar “quatro pragas”: ratos, moscas, mosquitos e pardais.

A campanha ficou conhecida como a “Grande Campanha dos Pardais” ou a “Campanha Mate um Pardal”, mas era oficialmente chamada de “Campanha das Quatro Pragas”. Historiadores creem que essa tática bizarra de abrangência nacional contribuiu para as milhões de mortes causadas pelo Grande Salto Adiante. Mao acreditava poder forçar aldeões a ir para comunas gigantes, e oficiais comunistas usavam da coerção e da violência para fazê-los trabalhar.

No total, o Grade Salto Adiante – que foi nomeado o “pior assassinato em massa de todos os tempos” – matou 45 milhões de pessoas de acordo com o historiador Frank Dikötter, autor do livro “Mao’s Great Famine” (“A Grande Fome de Mao”, em tradução livre). A maior parte das mortes foram um resultado de fome imposta propositalmente, mas milhões foram também perseguidos e assassinados.

Em 1958, Mao, que não era nem um ecologista, nem um fazendeiro, pessoalmente identificou mosquitos, moscas, ratos e pardais como pestes a serem eliminadas. Ele declarou que o pardal-montês precisava ser trucidado porque eles comiam sementes de grãos, mobilizando multidões de chineses para erradicar as aves. Ninhos de pássaros foram rasgados, ovos foram quebrados e filhotes abatidos.

Um oficial da polícia paramilitar recolhe a bandeira da República Popular da China na frente do retrato de Mao Tsé-Tung pendurado na Praça da Paz Celestial, em Pequim no dia 2 de março. A Televisão Central da China recentemente citou o pronunciamento de Mao de que estava disposto a ver centenas de milhões de chineses assassinados (Feng Li/Getty Images)
Um oficial da polícia paramilitar recolhe a bandeira da República Popular da China na frente do retrato de Mao Tsé-Tung pendurado na Praça da Paz Celestial, em Pequim no dia 2 de março. A Televisão Central da China recentemente citou o pronunciamento de Mao de que estava disposto a ver centenas de milhões de chineses assassinados (Feng Li/Getty Images)

“Mao nada sabia sobre animais. Ele não queria discutir seu plano ou escutar especialistas. Ele simplesmente decidiu que as “quatro pragas” deveriam ser mortas”, disse o ativista ambiental Dai Qing à BBC.

As escolas, unidades de trabalho e agências governamentais que matassem mais pragas receberiam reconhecimento ou prêmios.

Um jornal chinês noticiou a campanha:

“Cedo, na manhã de 13 de dezembro, a batalha municipal para destruir os pardais começou. Em ruas grandes e pequenas, bandeira vermelhas tremulavam. Nos prédios e nos quintais, espaços abertos, estradas e campos rurais, havia vários espantalhos. Sentinelas, alunos da escola primária e do ginásio, funcionários públicos, empregados de fábricas, fazendeiros e soldados do Exército da Libertação Popular exclamavam seus gritos de guerra. No distrito de Xincheng, produziram-se mais de 80.000 espantalhos e mais de 100.000 bandeiras coloridas da noite para o dia. Os moradores da estrada de Xietu, no distrito de Xuhui e da estrada de Yangpu, no distrito de Yulin também fizeram vários espantalhos. Na cidade e na periferia, quase metade da força de trabalho foi mobilizada para o exército anti-pardal. Normalmente, os jovens eram responsáveis por aprisionar, envenenar e atacar os pardais, enquanto os idosos e as crianças mantinham-se vigilantes como sentinelas. As fábricas da cidade se comprometeram ao esforço de guerra, mesmo garantindo que manteriam o nível da produção. Nos parques, cemitérios e estufas, onde não circulam tantas pessoas, 150 áreas de livre disparo foram organizadas para atirar em pardais. A equipe de tiro com rifles da escola elementar feminina de Nanyang recebeu treino em técnicas de tiro em pássaros. Assim, os cidadãos lutaram uma guerra total contra os pardais. Até as 8 horas da noite de hoje, estima-se que total de 194.432 pardais tenham sido mortos.”

Foi descoberto depois que os pardais também comiam uma porção significativa de insetos – não somente grãos. Como resultado, as colheitas de arroz diminuíram substancialmente. Matar os pássaros interferiu com o equilíbrio ecológico do país, permitindo que insetos que se alimentavam da lavoura, como grilos, proliferassem.

Historiadores acreditam que a campanha anti-pardal contribuiu para o montante dos mortos durante a Grande Fome Chinesa, que matou cerca de 30 milhões.

“Está ao lado das gulags e do Holocausto como um dos três maiores eventos do século XX… É como o genocídio de Pol Pol (o ditador comunista cambojano) múltplicado 20 vezes”, disse Dikötter sobre o Grande Salto Adiante.

Em 1960 – dois anos após a campanha começar – Mao substituiu os pardais por percevejos na lista de pragas banidas.

Estima-se que o comunismo tenha provocado a morte de ao menos 100 milhões de pessoas, ainda assim, seus crimes não foram compilados em sua totalidade e sua ideologia ainda persiste. O Epoch Times busca expor a história e os dogmas deste movimento, o qual tem sido uma fonte de tirania e destruição desde a concepção.

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