Pacto Hitler-Stalin: uma obscura aliança na Segunda Guerra Mundial

Por LEO TIMM
25/05/2023 22:15 Atualizado: 25/05/2023 22:15

Em abril de 1945, o Terceiro Reich estava quase perdendo a guerra. Os exércitos triunfantes de vários países avançavam em solo alemão de todas as direções. Entre os mais orgulhosos da guerra, estavam ninguém menos que as tropas da União Soviética (URSS), que capturaram o covil de Adolf Hitler, Berlim.

Quase quatro anos antes, em 1941, o Führer comandou a invasão da URSS na tentativa de exterminar seu povo e saquear seu território. Vinte e seis milhões de russos e vítimas de outras etnias soviéticas não sobreviveram ao ataque.

Mas, além do grande custo humano que muitos ex-Estados soviéticos recordam hoje como sendo a Grande Guerra Patriótica, uma história menos heróica fornece uma abordagem sóbria sobre a campanha militar mais brutal da Segunda Guerra Mundial.

Este épico de sobrevivência nacional comemorado na Rússia e outros países no dia 9 de maio ofusca – mas não apaga – um exercício de base comunista pautado na agressão, atrocidade e traição.

Agressão Esquecida

Nos anos que precederam imediatamente a Segunda Guerra Mundial, a diplomacia coerciva de Hitler absorveu a Áustria no Reich nazista e dividiu a Checoslováquia em um protetorado checo controlado pelos nazistas e um estado de fantoche fascista eslovaco. A Polônia foi a próxima, e o ditador soviético Josef Stalin concordou em participar.

Dias antes dos tanques alemães bombardearam a Polônia pelo oeste, o ministro das Relações Exteriores de Stalin, Vyacheslav Molotov, havia assinado um tratado secreto com seu homólogo nazista, Joachim von Ribbentrop. Em 1 de setembro de 1939, a Alemanha lançou o Case White – nome dado para a invasão da Polônia. Dezessete dias depois, os soviéticos atacaram pelo leste.

Oficiais soviéticos e nazistas socializam durante uma celebração da vitória na Polônia em 22 de setembro de 1939. Um cartaz de Stalin ao fundo. (Bundesarchiv, Bild / CC-BY-SA 3.0)

A URSS não só se juntou à invasão alemã da Polônia, mas também forneceu ao Reich embarcações com vital petróleo e outros materiais, já que os tanques nazistas varreram os Países Baixos e a França – e as divisões da Wehrmacht ocuparam os Balcãs e a África do Norte.

Ao mesmo tempo, as tropas soviéticas ocuparam ou atacaram cinco outros países soberanos: Lituânia, Letônia, Estônia, Finlândia e Romênia.

No momento da invasão nazista da União Soviética em 22 de junho de 1941, a polícia secreta soviética tinha trabalhado arduamente perseguindo milhões de pessoas que viviam em seus novos territórios. Em particular, centenas de milhares de polacos – principalmente militares, clérigos e administradores públicos – foram assassinados pelo regime soviético, somados aos milhões de poloneses que morreram na guerra.

O Comunismo na Segunda Guerra Mundial

Em 1941, a União Soviética foi obrigada a cooperar com as ações dos aliados após o império nazista ter ajudado erroneamente a revelar suas verdadeiras cores. Com recursos generosos do Ocidente, o Exército Vermelho não só suportou o peso da luta contra o exército alemão, mas provou ser capaz de organizar as grandes frotas de tanques que o levaram a Berlim – e permitiu que Stalin subjugasse os povos da Europa Oriental sob regimes de estilo soviético.

Além de centenas de milhares de mortos por razões políticas, milhões de pessoas comuns, da Alemanha à Coréia, foram vítimas de estupros, roubos e doutrinação pelos “libertadores” comunistas.

O próprio povo soviético sofreu muito como resultado direto, em primeiro lugar, do oportunismo de seus governantes e, em seguida, das medidas brutais e sem sentido que fizeram com que o Partido Comunista e o Exército Vermelho obtivessem a vitória.

Recrutas soviéticos deixam Moscou para a frente em 23 de junho de 1941 (Anatoliy Garanin/RIA Novosti)
Recrutas soviéticos deixam Moscou para a frente em 23 de junho de 1941 (Anatoliy Garanin/RIA Novosti)

Muito do sucesso inicial de Hitler veio do próprio Stalin. Ao começar em 1937, quando o exército vermelho soviético foi paralisado por uma punição em massa de oficiais superiores que Stalin suspeitava serem desleais. Dezenas de generais, incluindo aqueles que trabalhavam em posições avançadas da estratégia alemã de blitzkrieg, foram torturados e mortos. Outros, como o famoso marechal Gregory Zhukov, foram utilizados para ocuparem posições inferiores, enquanto os homens de confiança de Stalin ocuparam as melhores posições.

Isso criou um pesadelo para os exércitos soviéticos posicionados em formação maciça na fronteira em 1941 – e para as dezenas de milhões de civis no caminho de Hitler. A Wehrmacht atacou com facilidade o Exército Vermelho mal conduzido e despreparado; As tropas alemãs levaram vários milhões de prisioneiros nas primeiras semanas da Segunda Guerra Mundial. A grande maioria acabou nos campos de extermínio nazistas, onde foram mortos ou metralhados por milhares. Após os judeus, os prisioneiros soviéticos constituem o segundo maior grupo de vítimas do Holocausto.

A brutalidade nazista foi combinada e às vezes superada pelo insensível desprezo dos comandantes soviéticos por seus próprios homens. Em vez de fazer retiros estratégicos para conservar mão de obra, Stalin e seus oficiais deram a infame Ordem 227 – um pequeno decreto que proibiu o retiro, para evitar os ataques.

“Ni shagu nazad” – expressão russa que significa “não dê um passo para trás” – é muitas vezes vista como um testemunho romântico da vontade do ditador de resistir ao inimigo, mas é melhor lembrada como a recusa de Stalin em aceitar a realidade da guerra. A ordem levou ao abate insensível de inúmeros russos.

As divisões secretas da polícia – munidas de seus próprios tanques e artilharia – foram separadas não para lutarem contra os alemães, mas para atacar e destruir as formações soviéticas que recuaram sob o fogo nazista.

Os líderes soviéticos consideravam os prisioneiros capturados pelos alemães como traidores. Aqueles que tiveram o infortúnio de retornarem ao território soviético eram julgados e presos em serviço com batalhões penais – o chamado “strafbattal” soviético, modelado no conceito nazista do mesmo nome.

Oficiais e homens que formaram esses batalhões receberam equipamentos de qualidade inferior e foram destituídos do reforço de apoio, além disso foram usados em missões suicidas. Em um exemplo extremo relatado por um desertor soviético na Guerra Fria, os homens foram utilizados como metralhadoras na posição traseira das aeronaves de combate – estavam amarrados às armas e não tinham pára-quedas. Outros foram enviados em massa para atravessarem os campos de minas para limpá-los no intuito de permitir que os exércitos seguissem.

As Consequências da “Libertação”

Muito foi feito com a cooperação de Stalin com a ameaça nazista, embora o quadro completo só possa ser obtido uma vez que os arquivos do Kremlin sejam totalmente revelados.

Da esquerda para a direita: o primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, o presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, e o ditador soviético, Joseph Stalin, na Conferência de Yalta em 1945 (Domínio público)

Uma interpretação comum dos acontecimentos nos diz que o ditador soviético não ficou impressionado com a indecisão do Ocidente diante da agressão pré-guerra de Hitler e viu pouco ganho em tomar posição sem o apoio das democracias. Os estudiosos da história militar geralmente concordam que o Exército Vermelho foi severamente enfraquecido por punições comunistas e não estava preparado para enfrentar a guerra quando esta chegou.

Outras pesquisas sugerem que, se não fosse pelo momento infeliz da invasão nazista, o Exército Vermelho teria completado rapidamente importantes reformas militares e introduzido novas armas.

Os defensores desta visão, particularmente os estudiosos pós-soviéticos na Rússia, sustentam que a doutrina soviética existente exigia uma invasão total da Europa em um momento de escolha de Stálin – e que foi por isso, operar uma defesa que não era simples, que ele extendeu um braço até Berlim.

Independentemente do que a liderança soviética esperasse alcançar com a diplomacia pró-nazista, o mito da URSS como aliado da liberdade em qualquer ponto da Segunda Guerra Mundial é infundado. Não é preciso pesquisar além do destino do pós-guerra da Europa Oriental e do Norte da Ásia.

As tropas soviéticas saqueadas, inicialmente bem-vindas como libertadoras, foram permitidas e às vezes encorajadas por seus comandantes a saquear suas nações dominadas, assim ganhando uma reputação não exagerada como estupradores prolíficos. Enquanto isso, milhões de soldados e civis soviéticos – 1,5 milhões deles repatriados pelas autoridades britânicas – tornaram-se forragem fresca para os campos de trabalho, enquanto Stalin continuava seu despotismo antes da guerra.

Mas a consequência mais prejudicial e persistente da “libertação” soviética, tanto no Oriente como no Ocidente, era política. Os regimes stalinistas, impostos por Moscou, restringiram os novatos estados-nação da Europa Oriental por mais de 40 anos. Na Ásia, a ofensiva relâmpago soviética contra as colônias japonesas imperiais na China e na Coréia contribuiu diretamente para o improvável triunfo dos comunistas locais.

Hoje, mais de 70 anos depois e com centenas de milhões de vítimas, esses regimes ainda continuam no poder.

Uma menina coreana e seu irmão fotografados durante o avanço das forças comunistas na Guerra da Coreia (Maj. R.V. Spencer / US Navy)

Estima-se que o comunismo tenha matado mais de 100 milhões de pessoas, mas seus crimes não foram totalmente compilados e sua ideologia ainda persiste. O Epoch Times procura expor a história e as crenças desse movimento, que tem sido uma fonte de tirania e destruição desde que surgiu. Leia toda a série em COMUNISMO: BECO SEM SAÍDA

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